Nos últimos dias, publicamos no DIÁRIO DO RIO uma matéria que noticia as péssimas condições que se encontram a Fazenda Capão do Bispo, um dos imóveis coloniais do Rio de Janeiro. Contudo, além do presente ruim, existe um passado.
Capão do Bispo é o que sobrou da sesmaria doada por Estácio de Sá aos Jesuítas, que, posteriormente, passou a ser da Corte de Lisboa, precisamente em 10 de julho de 1565.
Abrangia as freguesias de Inhaúma, Engenho Velho, Engenho Novo e São Cristóvão. Era uma importante sede com plantações de cana-de-açúcar. A Fazenda era um exemplar típico da arquitetura colonial brasileira, tendo, inclusive, uma capela.
A Fazenda ficava na planície suburbana com diversos vales ligeiramente acidentados por baixas colinas, próximos ao Rio Jacaré, Faria e Timbó,
Em 1759 foi confiscada dos Padres Jesuítas, passando à Coroa e leiloada a partir de 1761, quando um dos compradores foi o Bispo D. José Joaquim Justiniano Mascarenhas de Castelo Branco, que ergueu a uma casa em um capão (monte de mato isolado no meio do campo) sobre um outeiro de 20m de altura. A casa foi do Bispo até sua morte, em 1805.
“Assim surgiu o nome. Em pouco tempo passou a ser chamada de ‘Capão do Bispo'”, disse o historiador Maurício Santos.
Além de ser uma das mais importantes terras da Freguesia de Inhaúma, foi um dos primeiros núcleos disseminadores de mudas de café rumo ao interior, para as plantações que iriam representar a maior riqueza da província fluminense e do país no Segundo Reinado.
A Capão do Bispo é tombada pelo IPHAN. Foi desapropriada em 1961, passando ao governo do Estado da Guanabara, sendo a emissão de posse dada em 1969. Entre os anos 1950 e 1960, a Fazenda foi ocupada por cerca de 30 famílias. Neste período, o patrimônio foi bastante danificado.
Nos anos 1970, de 1973 a 1975, o IPHAN fez um trabalho de restauração na sede e instalou um Museu Rural e um Centro de Estudos Arqueológicos (CEA).
Em um evento público realizado na fazenda do Capão do Bispo no mês de agosto, o Diretor Geral do INEPAC, Claudio Prado de Mello, declarou que a Secretaria de Cultura e Economia Criativa estava elaborando um edital de chamamento público para fazer o termo de cessão de forma que grupos interessados na sua ocupação pudessem se candidatar. Existe um grupo de moradores do local que está sendo formalizado e vai se chamar Associação de Amigos do Capão do Bispo e eles têm interesse nesse uso. Outro interessado foi o Instituto Cravo Albim.
Ficamos na torcida. Um local dessa importância não pode acabar como está.
Cheguei a ver e admirar esse belo monumento histórico ao viajar no metrô. Depois li a notícia de seu tombamento pelo Patrimônio Histórico. Porém, isso jamais foi concretizado. De repente, passei a perceber que o mesmo havia sido demolido e sua área invadida por favelas. Confesso que fiquei muito triste. Infelizemente, é o que vem acontecendo com muitos monumentos, resultado do descaso de nossos governantes inescrupulosos e dominados pelo poder do “capitalismo selvagem e devorador”.
João, creio que esteja se equivocando. A Fazenda do Capão do Bispo permanece de pé, não se encontra invadida por favelas nem nada assim. Passo pelo edifício regularmente e, inclusive, tirei algumas fotos dele no dia 3 de outubro deste ano. Acho que está se confundindo com alguma outra casa. Além disso, o prédio é sim tombado.
Passo quase diariamente em frente ao que restou da fazenda. Parece abandonada. Foi saqueada algumas vezes e teve peças do acervo roubadas.
Olá, Boa noite!
Gostei muito do seu artigo, como posso obter mais informações sobre o Capão do Bispo? Onde posso ter acesso à documentos históricos referente ao bispo? Me interessou muito.