Hospital psiquiátrico Nise da Silveira é desativado

O local está sendo transformado em um Parque, que abrigará o Espaço Dona Ivone Lara e irá possibilitar a ampliação de uma escola municipal

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Foto: Reprodução

O Hospital Nise da Silveira, localizado no bairro do Engenho de Dentro, na Zona Norte da cidade foi desativado na última semana. O local, que é considerado o maior e mais antigo hospital psiquiátrico do Brasil, completa 110 anos, neste ano, desde a sua fundação como Colônia de Alienadas do Engenho de Dentro.

A Instituição já teve mais de mil internos, mas o número de pacientes foi diminuindo quando o hospital começou a se preparar para ser desativado. Os dois últimos internos do Instituto foram transferidos para uma residência terapêutica, que oferece tratamento psiquiátrico mais humano e individualizado. Com isso, a instituição oficializa o fim do manicômio marcado pela desinstitucionalização do último paciente internado em longa permanência.

De acordo com superintendente de Saúde Mental do Rio, o médico psiquiatra Hugo Fagundes, a diferença das residências terapêuticas para os manicômios é que estes lugares abrigam poucos moradores e tem como principal característica possibilitar um atendimento humanizado ao paciente psiquiátrico.

As residências terapêuticas conseguem realizar um cuidado individualizado com assistência psicológica e cuidadores, dia e noite aos pacientes, pois atendem um numero bem menor de pacientes por local. A mudança marca a transição do modelo hospitalar para o comunitário, embora ainda exista correntes na medicina que defendam a permanência dos manicômios.

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A desativação do hospital acontece em consonância com a lei nº 10.216/2001, de autoria do sociólogo e ex-deputado federal Paulo Delgado, que estabeleceu a reforma psiquiátrica e determinou a desativação dos manicômios. A medida legal interrompeu o modelo de internação forçada, contra a vontade do paciente, de internação permanente.

Segundo o especialista Hugo Fagundes, que trabalha há anos como gestor de saúde no SUS, o Rio está avançando na mudança para o modelo comunitário.

“Eu faço parte das pessoas que ajudou a construir a legislação da reforma psiquiatria. A intenção oferecer um SUS com mais cidadania para essas pessoas. Precisamos ter formas de proteger a população mais vulnerável. Objeto maior é humanizar o cuidado das pessoas com transtorno mental”, esclarece o médico.

O nome do antigo hospital psiquiátrico faz referência a médica Nise da Silveira, psiquiatra, que revolucionou os métodos de atendimento aos pacientes portadores de transtornos mentais no Brasil. A psiquiatra foi responsável por humanizar o tratamento psiquiátrico, pois era contrária às formas agressivas usadas em sua época, como o eletrochoque, a partir da década de 1940.

No local onde funcionava o hospital, irá funcionar, agora, o Parque Nise da Silveira. Alguns prédios serão retirados para aumentar o espaço para o parque, que será construído aos poucos. A primeira etapa está sendo reformada e será um espaço para shows, roda de samba, que será chamado Espaço Dona Ivone Lara. Também está sendo construído um museu que será um centro de memória da loucura, que contém prontuários do século passado sobre o tema.

No local já funciona um centro comunitário e também o Museu Imagens do Inconsciente e um outro centro de cultura de arte contemporânea, o Espaço travessia. Há também uma no lugar, a escola Municipal Ulisses Pernambucano, que será ampliada.

Além disso, o Instituto Nise da Silveira é um cento de formação acadêmica para profissionais de saúde mental, onde são feitas especializações na área, com formação multifuncional e residência em psiquiatria. Esse espaço também deverá ser ampliado. De acordo com o superintendente de Saúde Mental do Rio há ainda o objetivo da instituição passar a formar profissionais de ensino médio, com foco na formação técnica na área de saúde mental.

Atualmente há ainda 92 pessoas internadas em hospitais psiquiátricos no município do Rio, que ainda não foram transferidos para as residências terapêuticas. A cidade possui , atualmente, 94 residências terapêuticas e o objetivo é terminar o ano de 2021 com 97 unidades.

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Costa do mar, do Rio, Carioca, da Zona Sul à Oeste, litorânea e pisciana. Como peixe nos meandros da cidade, circulante, aspirante à justiça - advogada, engajada, jornalista aspirante. Do tantã das avenidas, dos blocos de carnaval à força de transformação da política acreditando na informação como salvaguarda de um novo tempo: sonhadora ansiosa por fazer-valer!
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