Papo de Talarico: O hospital veterinário público dos sonhos

Projeto para 2023 pelos animais instiga o cronista

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Hospital público veterinário no Rio de Janeiro
Foto: arquivo pessoal/Alvaro Tallarico)

Qual não foi minha surpresa quando vi no Diário do Rio que o Rio de Janeiro poderá ter o maior hospital público veterinário da América Latina? Chegou a dar uma emoção gostosa. Quem me conhece e lê meus textos já deve ter sentido o quanto admiro os animais e toda essa natureza que nos rodeia. No momento tenho ao meu lado dois gatos e uma cachorra. São companheiros que me ajudam a manter a sanidade nas situações difíceis e me oferecem um amor incondicional único.

Há pessoas que se perguntam sobre Deus ou divindades. Outros dizem que Deus é amor. E aí quem teve ou tem um cão indo em sua direção para encher de lambidas com um rabo enlouquecidamente balançando pode compreender melhor o que é amor incondicional. E refletir sobre o Criador, Grande Espírito, Mãe Terra. Ou talvez se você sentiu alguma vez um bichano passando entre suas pernas para cumprimentar e deixar seu cheiro.

Outro dia, percebi o sofrimento de um amigo nas redes sociais ao postar uma foto de sua cadela internada. Seu curto texto exalava melancolia genuína. Entendi sua dor. Lembrei do nobre gato que me acompanhou durante anos e faleceu em 2021. Ficou alguns dias internado por causa dos rins. O estado estava avançado quando descobri. Mesmo assim, tentei de tudo.

Em certo momento, percebi que aquela clínica particular onde ele estava sabia que não tinha jeito e estava aproveitando para levar meu dinheiro. Diziam que tinham conseguido baixar a tal da creatina, e sempre queriam que ele ficasse mais. Afinal, pedi que lhe dessem alta. A doutora não era mais tão simpática quanto no dia em que cheguei. Explicou tudo que eu teria que fazer como comida especial o resto da vida e diversas coisas que pareciam bem difíceis. Na hora da conta, vi tudo que havia sido cobrado, e, aí sim, entendi a malandragem. Aproveitaram-se da vulnerabilidade do amor.

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Tchau, amigo

Finalmente, levei meu amigo para casa. Na seringa tentava lhe dar comida, mas ele não estava muito interessado. Parecia sentir dor, não andava direito. No dia seguinte, a mesma coisa. Acariciava sua cabeça com tristeza, ainda com esperança de lhe ver melhor. Fui ao banheiro e, quando retornei, seu corpo jazia inerte. Coloquei a mão para sentir sua respiração. Nada.

Meu amigo morrera. O felino que tinha estado ao meu lado em tantas jornadas, que me alegrava nas horas complicadas e dormia como um guardião. Fui tomar água, voltei e sentei no computador para trabalhar. De repente, meus olhos choviam. As gotas caíam no teclado tecnológico, minha tristeza era lógica. Não consegui lembrar dos ensinamentos de Buda sobre desapego. Pelo menos agora meu amigo tinha sossego.

Disse para mim mesmo que ficaria um tempo sem animais. Entretanto, a alegria de tantos anos é superior a dor da partida. Fiquei feliz pelo tempo que tive aquele cara comigo. Cumprira sua missão com louvor. Um mês depois, adotei dois irmãos felinos. Um ano depois, uma cachorra. E, ainda por cima, escreveria uma crônica louvando o projeto do maior hospital veterinário público da América Latina na minha cidade natal. Que seja lindo e cheio de pessoas que amem animais verdadeiramente. Aparentemente, terá caráter universitário. Sendo assim, que seja uma escola de amor incondicional.

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