Human Rights Watch pede investigação da cúpula da Polícia Civil por ação no Jacarezinho

Relatório da organização internacional de direitos humanos diz que há evidências de destruição de provas e violações graves cometidas pelos policiais na operação

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Foto: Reginaldo Pimenta/Agência O Dia

A organização internacional de direitos humanos Human Rights Watch, divulgou um relatório sobre a operação policial no Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, que terminou com 28 mortes, entre elas de um oficial. Ela pede que o Ministério Público do RJ investigue não só os policiais envolvidos, mas também a cúpula da Polícia Civil. A ação na favela da Zona Norte do Rio foi a mais letal da história do Rio de Janeiro.

O documento da Human Rights Watch que analisou a operação do dia 6 de maio tem dez páginas. A entidade examinou registros de ocorrência, documentos dos hospitais, depoimentos de testemunhas, além de fotos e vídeos de cadáveres. A conclusão da pesquisa é de que há evidências graves de violação de direitos humanos.

Existem múltiplas evidências críveis de dilações muito graves de direitos humanos na operação. Inclusive, por exemplo, pessoas que relataram perante um juiz que elas viram como a polícia executou pessoas. Também tem relatos de pessoas que foram agredidas pela polícia gravemente e a evidência de que a polícia destruiu provas. Ela removeu corpos do lugar dos tiroteios com o objetivo de dificultar a investigação. Isso é extremamente grave“, disse César Muñoz, pesquisador do Human Rights Watch.

No documento enviado à Procuradoria-Geral da República pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, o objetivo da operação era cumprir 21 mandados de prisão.

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Segundo o relatório da HRW, o cumprimento desses mandados de prisão não justifica uma operação de alto risco e letalidade.

Uma operação que tem como objetivo prender membros de baixo escalão de uma facção criminosa não pode ser considerada como um caso excepcional. Não é uma operação excepcional e de fato vamos ver o resultado. Primeiro, 28 mortes . E segundo, o grupo criminoso que estava lá, supostamente já não está? Foi desmantelado? Não foi. O resultado foi a prisão de três pessoas desses mandados de prisão que supostamente são membros de baixo escalão do tráfico e que já devem ter outras três pessoas ocupando o lugar“, disse Muñoz.

A pesquisa conclui que o Ministério Público do RJ deveria fazer uma investigação ampla. Além dos policiais envolvidos na operação, apurar também a responsabilidade de quem comandou, planejou e ordenou a ação. Para a entidade, houve destruição de provas, entre outros crimes.

O documento destaca que dos 200 policiais envolvidos na operação, apenas 29 foram ouvidos e em grupos de dois ou mais, com declarações superficiais, em muitos casos, com apenas cinco linhas.

Somente 26 armas foram recolhidas para análise balística. E a perícia foi feita em só três locais dos 27 homicídios cometidos pela polícia.

A Polícia Civil não deveria investigar supostos abusos cometidos pela Polícia Civil. Isso não é uma investigação imparcial e independente. Tem que ser feita pelo Ministério Público Estadual. Se você quer uma polícia em que as pessoas confiem, você precisa punir os abusos. Isso prejudica o bom policial que quer fazer as coisas direito“, disse o pesquisador.

A força-tarefa do Ministério Público Estadual disse que todos os policiais envolvidos na operação serão ouvidos.

A Polícia Civil informou que a retirada de corpos e feridos serão esclarecidas durante a investigação policial, que está em andamento e sendo acompanhada pelo Ministério Público. A polícia disse ainda que a Human Rights Watch deveria esperar o fim das investigações para se manifestar.

ONU solicita investigação aprofundada sobre operação no Jacarezinho, a mais letal do RJ

Organização das Nações Unidas (ONU), por meio de seu escritório de Direitos Humanos, solicitou, no início de maio, que fosse realizada por parte do Ministério Público (MP) uma investigação aprofundada em relação à operação policial na favela do Jacarezinho, na Zona Norte, ocorrida na manhã da última quinta (06/05), que resultou na morte de 25 pessoas, sendo 24 suspeitos e 1 policial. Trata-se do confronto mais letal da história do Rio de Janeiro.

Em entrevista coletiva em Genebra, na Suíça, Rubert Colville, porta-voz dos Direitos Humanos da ONU, ressaltou que a polícia faz uso de sua força de maneira desproporcional e desnecessária há tempos. 

Pedimos que o promotor conduza uma investigação independente e completa do caso seguindo os padrões internacionais, disse.

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3 COMENTÁRIOS

  1. Essa cúpula está mancomunada.
    Aquele discurso… Ora. E a reunião, na véspera, do Presidente Genocida com o DesGovernador de exceção Claudio Castro???

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