Ilhas de calor no Rio: temperaturas variam até 7°C entre regiões da cidade

Levantamento do COR Rio revela que a temperatura máxima na cidade pode variar até 7°C entre bairros. Fatores como urbanização e ventilação influenciam no calor percebido.

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Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A onda de calor que atinge o Rio de Janeiro tem sido intensa, mas sua percepção varia significativamente de acordo com o bairro. Um levantamento do Centro de Operações Rio (COR), realizado a pedido do Globo, analisou as máximas diárias registradas entre 1º de janeiro e 20 de fevereiro nas sete estações meteorológicas da capital. Os dados mostram que, em um mesmo dia, a diferença de temperatura entre regiões pode ultrapassar 7°C.

O maior contraste foi registrado em 17 de janeiro: enquanto Irajá atingiu 39,2°C, no Jardim Botânico, área mais arborizada, a máxima foi de 31,6°C, uma variação de 7,6 graus. No dia seguinte, Irajá bateu 41,5°C, enquanto no Jardim Botânico a temperatura ficou em 34,3°C. A média da diferença entre a maior e a menor temperatura máxima medida no período foi de 4,8°C.

O recorde de temperatura máxima do ano foi registrado em Guaratiba, no dia 17 de fevereiro, com impressionantes 44°C. Já a temperatura máxima mais baixa do período foi 26,5°C, em Irajá, no dia 9 de janeiro.

O impacto da urbanização no calor

A coordenadora do Observatório do Calor da UFRJ, Núbia Beray, explica que o calor na cidade é influenciado por fatores como o tipo de material das construções, a presença de vegetação e a circulação de ventos.

“Fizemos uma análise episódica, percorrendo 19 rotas em diferentes zonas da cidade. Nosso objetivo era identificar como o calor se dissipa no corpo humano, no pedestre, em áreas urbanas. O material construtivo, o fluxo de veículos e a densidade das edificações influenciam diretamente no aumento da temperatura”, analisa Núbia Beray.

O estudo mostrou que, em alguns pontos de Irajá e Penha, a variação térmica dentro do próprio bairro pode chegar a 12°C em um dia típico de verão. A ausência da brisa marinha, bloqueada pelo Maciço da Tijuca, mantém grande parte da Zona Norte sem alívio térmico, enquanto a Zona Sul recebe ventos refrescantes.

Além disso, a estrutura urbana contribui para o aumento da sensação térmica em áreas específicas. “Na Rocinha e no Vidigal, a verticalização e os padrões construtivos agravaram o calor. Já na Avenida Presidente Vargas, pela manhã, o fluxo intenso de veículos cria um verdadeiro cânion térmico, que pode registrar diferenças de 7 graus em relação ao ponto mais fresco da cidade, o Alto da Boa Vista, explica a especialista.

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