Império da Tijuca homenageia José Wilker

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IMPÉRIO DA TIJUCA

Queridos leitores do Diário do Rio!

Como todo bom carioca, “jogo nas 11”!

Além de gramático e filólogo, professor adjunto de língua portuguesa e filologia românica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), pianista clássico (estudo desde os 5 anos, no Brasil e na Europa), eu simplesmente AMO o carnaval, porque “quem não gosta de samba bom sujeito não é”.

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Quantos poetas maravilhosos na nossa genealogia se dedicaram à arte do samba, do carnaval! Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Noel Rosa, Chico Buarque, Paulo César Pinheiro, João Nogueira, Caetano Veloso, Vinícius de Moraes, Toquinho… etc., etc., etc.

A propósito, havemos de mencionar que até os nossos grandes compositores “eruditos” mais reconhecidos e aclamados internacionalmente contribuíram enormemente para a difusão dos chamados ritmos “populares”. Podemos citar o carioquíssima Heitor Villa-Lobos, talvez o nosso mais significativo expoente da música clássica, como um dos pais do chorinho e até do samba, que, naturalmente tendo suas origens africanas trazidas pelos negros escravos, ganhou, por meio da música clássica, parte do ritmo de síncopas, quiálteras e cadências que muitas vezes era disfarçado com os nomes de “maxixe” e até de “tango brasileiro”.

Francisco Mignone, outro de nossos gigantes, compôs suas “Valsas de esquina” e suas “Valsas suburbanas” inspiradas nas músicas que nasciam das manifestações mais legítimas do povo carioca. Fora do Rio-Guanabara, podemos falar de Fructuoso Vianna, com suas “danças de negros”, do atualíssimo e premiadíssimo Marlos Nobre, de Camargo Guarnieri, de Guerra Peixe…

Os nosso “eruditos” sempre amaram ser “populares”; para nossa sorte!

Apresento-lhes, portanto, minha paixão genética, que canta bem alto: “Não deixe o samba morrer!”

Aqui, o enredo que desenvolvi e escrevi com o cineasta Marcelo Martins, que será levado à avenida pelo carnavalesco campeão Júnior Pernambucano, para a Escola de Samba Império da Tijuca, do Rio de Janeiro.

Homenagearemos um dos maiores astros do Brasil, conhecido no mundo todo, que completaria 70 anos em 2016: José Wilker.

Um forte abraço a todos e até a próxima semana, com novas colunas de questões de gramática e redação!

Marcelo Moraes Caetano

JO´SE WILKER

APRESENTAÇÃO

Sob os holofotes do grande palco do carnaval, o Império da Tijuca, orgulhosamente, vem homenagear um brilhante artista!

Ator de teatro, de cinema e de televisão, diretor, narrador, apresentador e crítico de cinema, JOSÉ WILKER é uma referência artística. Difícil não se encantar com o trabalho desse astro e seu talento ímpar, que fez história, deixando um majestoso legado no cenário cultural brasileiro, e dando muitos motivos de orgulho para o nosso povo.

Era uma vez um menino de Juazeiro do Norte, que brincava com o pé no chão como os outros meninos do sertão. Um dia, com a passagem da caravana Rolidei por aquela cidadezinha abençoada, o menino Zé se encanta com o universo de artistas e embarca pelas estradas da arte, que se embrenham pelo mundo e alçam voo até o céu dos passarinhos. Lá foi ele: o mundo é seu palco e o ser humano é sua fonte de inspiração.

Sonhar é poder!

No trajeto da viagem, o menino conhece cidades e muitos personagens que marcarão sua trajetória. Seu talento lhe permitirá dar vida à imaginação de grandes escritores e historiadores, encarnando tipos inesquecíveis que fazem parte do imaginário do povo brasileiro, engrandecendo-nos.

Venha, Zé! Vamos todos com você! Procurem seus assentos, a caravana do Império da Tijuca já vai partir!

Sinopse

O TEMPO RUGE, A SAPUCAÍ É GRANDE E O IMPÉRIO APLAUDE O FELOMENAL

Pesquisa e texto: Marcelo Martins e Marcelo Moraes Caetano
Carnavalesco: Júnior Pernambucano

O céu se transforma em lona verde e branca
onde o juazeiro derrama seu doce juá;
o sol acende seu holofote que agiganta
a luz do amor de uma arte que evoluirá!

Assim que mirou as rodas de artistas itinerantes,
com a chegada da caravana Rolidei em Juazeiro do Norte,
o menino Zé se encanta e se torna um dos tripulantes,
misturando sua alma às cores: está lançada a sorte!

Entre máscaras de drama e comédia, alegria e fado,
nasce e cresce um artista sem igual,
fazendo do seu papel um ato sincero, cada cena imortal:
mentira e verdade no caminho, lado a lado.

Desde menino, já sarapantava na arte, ofício de brasileiro:
um pouco Macunaíma, um pouco Iracema.
Abençoado por José de Alencar e “Padim” Cícero Romão do Juazeiro,
se tornou uma pessoa, mas com alma de poema.

A caravana Rolidei vai onde o povo estiver
e o menino Zé embarca na viagem encantada,
onde tudo é possível, seja homem ou mulher,
enchendo sua mala de sonhos nessa estrada.

No brilho da fantasia dos palcos da vida,
surgem personagens especiais, sem chegada nem partida;
seja herói, seja vilão, conde, presidente ou profeta louco,
homem debaixo de um santo do pau oco;
malandro sem patente,
ou até mesmo um marquês muito imponente.

Percorrendo a trilha onde sonhos são realidade,
surge um tal Lorde, Cigano cheio de ardil,
que transita com destemor de cidade em cidade,
mas acaba se despedindo: “Bye bye, Brasil!”

Retorna ao Arraial do Tijuco, terras da Diamantina,
e conhece Xica da Silva, ex-escrava e poderosa rainha.
Dizem que se tornou ali homem de grandes ares,
chegando a governador, o Conde de Valadares.

Descendo pela baixada fluminense, com sua luneta,
Zé encontra Tenório Cavalcanti, uma espécie de “Lampião”,
vestindo sua capa preta,
fazendo justiça com as próprias mãos.

No mar de Antônio Conselheiro,
o Nordestino mostrou que é antes de tudo um forte;
que ajoelha diante de Deus
mas não ajoelha diante da morte.

Na luta do bem (sempre amado) contra o mal,
costurando o mundo de cabo a rabo,
onde situar certas figuras, afinal,
como a do religioso, devoto e pistoleiro Zeca Diabo?

Nas escadarias de São Salvador,
se deparou com uma alma penada no caminho.
Mas não teve medo nem se assustou,
porque ela pode lhe tratar com todo amor e carinho;
assim foi com Dona Flor,
recebendo do além-mundo o seu amado, Vadinho.

E não é que a saga continua, minha gente?
Em Asa branca eis que surge um santo milagreiro
que dizem que converte até o mais duro descrente!
É o que todos dizem de Roque Santeiro.

Seguindo viagem foi parar em Brasília
onde foi recebido por Juscelino.
Ali, sonhou com os traços de um Brasil-Maravilha,
arquitetura da alma de um eterno menino.

Nas terras de Gabriela
Jesuíno, cabra macho, Zé vai encontrar.
E Dona Sinhazinha, pobre dela!
Só ouvia: “Vá se arrumar, hoje vou lhe usar!”

Chegando no carnaval do Rio de Janeiro, afinal,
conheceu uma figura “felomenal”:
Giovanni Improtta surge! Venha, gente, ande!
Como todos sabem, “O tempo ruge, e a Sapucaí é grande”!

E assim é que se funde o homem e o mito,
que mora na Terra, no coração do infinito…
Valeu, menino grande Zé!
O Império da Tijuca te aplaude de pé!

Texto: Marcelo Martins e Marcelo Moraes Caetano

Referências:

  • Arquivo família – Mariana Vielmond
  • Memória Cine Br – www.memoriacinebr.com.br
  • Memória Globo – memoriaglobo.globo.com
  • Macunaíma, Mario de Andrade
  • Iracema, José de Alencar
  • O bem-amado, Dias Gomes
  • Dona Flor e seus dois maridos, Jorge Amado
  • Gabriela, cravo e canela, Jorge Amado,
  • Os sertões, Euclides da Cunha
  • História do Brasil Nação (5 volumes), Lilia Moritz Schwarcz (dir.)

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PhD em Língua Portuguesa pela UERJ. É professor adjunto de língua portuguesa e filologia românica da UERJ e author and content developer da California State University. Tradutor de inglês, francês, alemão, espanhol, italiano, latim e grego, pesquisador das filologias russa e mandarim. Escritor com mais de 40 livros publicados e premiados no Brasil e no mundo. Membro efetivo da Academia Brasileira de Filologia, do PEN Club Rio-Londres, da Académie des Arts, Sciences et Lettres de Paris e da Academía de Letras y Artes de Chile. Em 2011, recebeu a Comenda e a Médaille de Vermeil do Governo francês.
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