Em uma ação inédita, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) realizou nesta sexta-feira (30/8) a soltura de 19 pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) a 84 km da costa do Rio de Janeiro. Os animais, que foram resgatados debilitados após encalharem no litoral norte fluminense, passaram por cuidados médicos antes de serem devolvidos à natureza. A operação contou com a parceria da Marinha do Brasil, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Instituto BW, mobilizando 42 profissionais entre civis e militares.
Os pinguins haviam encalhado entre julho e agosto na costa norte fluminense e foram levados ao Centro de Recuperação de Animais Silvestres do Instituto BW, em Araruama, autorizado pelo Inea. Lá, receberam tratamento intensivo para diversas condições, incluindo desidratação, hipotermia, parasitas e problemas pulmonares. Infelizmente, alguns não sobreviveram, mas os 19 pinguins recuperados foram considerados aptos para retornar ao seu habitat.
A reintrodução dos pinguins ao mar ocorreu em uma corrente oceânica quente do Atlântico Sul, que os ajudará a seguir sua rota migratória em direção às colônias reprodutivas na Patagônia Chilena e Argentina. O transporte dos animais foi feito pelo Navio de Pesquisa Hidroceanográfico Aspirante Moura (U-14) da Marinha do Brasil, e a localização exata para a soltura foi determinada com o auxílio do Inpe.
“Esta é a primeira vez que o Governo do Estado realiza a soltura dessa espécie. O Inea articula o apoio a projetos responsáveis pelo manejo de fauna silvestre no Rio de Janeiro, uma atividade essencial para a manutenção da nossa biodiversidade. A devolução desses 19 pinguins foi feita com muito orgulho e senso de dever cumprido“, afirmou Bernardo Rossi, secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade.
A maioria dos pinguins soltos eram fêmeas jovens, nascidas neste ano, e foram resgatados pelo Projeto de Monitoramento de Praias, da Petrobras. Com expectativa de vida de 20 anos, os pinguins-de-Magalhães migram anualmente para as costas do sul e sudeste do Brasil durante o inverno, em um fenômeno natural registrado há séculos.
Os pinguins são aves oceânicas adaptadas à vida aquática, utilizando suas asas como nadadeiras que lhes permitem atingir velocidades de até 10 metros por segundo debaixo d’água. Em caso de encontro com um pinguim encalhado, os cidadãos devem colocá-lo em uma caixa de papelão e acionar os órgãos ambientais.
“Nós acompanhamos todo o processo de reabilitação, desde o recebimento até a soltura desses animais tão preciosos para a biodiversidade marinha. Com o apoio do Instituto BW e da Marinha do Brasil, garantimos que a operação fosse um sucesso e que esses pinguins tenham uma chance maior de um futuro seguro“, declarou Cleber Ferreira, gerente de Fauna do Inea.
A presença de pinguins nas praias brasileiras durante o inverno é um evento migratório natural. Estudos arqueológicos revelam que esses animais visitam a costa brasileira há muito tempo, desde antes da colonização portuguesa.