Inferno astral

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Rio de Janeiro por Elias FrancioniTem dias no Rio que nada conforta. Não adianta ver o mar, as montanhas não impressionam, a felicidade sempre presente nos rostos dos cariocas desaparece e sobra simplesmente aquele mau humor que nós mesmos não gostaríamos de carregar. Tem que esperar as horas irem andando pelo dia pra ver se finalmente ele desgruda.

O Rio é maravilhoso, mas tem lá seus problemas, que todos nós conhecemos, mas negamos a qualquer um que queira conhecer a cidade. Se o dia  estiver feio então é que parece que todos combinaram de odiarem-se mutuamente, se entreolhando como se estivéssemos numa guerra, prontos para discutir por qualquer motivo. Olhamos uma fila e já lembramos de todos os xingamentos conhecidos, paramos no sinal apertando o acelerador, como se isso fizesse o tempo passar mais rápido.

Talvez não seja pelo tempo feio, ou pela massa de ar cinza que paira sobre a cidade, os dias abafados, sufocantes, ou pela chuva, mas pelos transtornos que esses dias trazem. Se o céu muda de cor, já estamos com casacos que ao meio dia serão insuportáveis de carregar, mas que as três da tarde podem ser extremamente necessários. Os casacos não são um problema quando comparados aos carros, nesses dias o trânsito vira um inferno, ou uma maravilha: ou todos saíram de casa de carro, ou muitos desmarcaram seus compromissos com medo de um possível temporal.

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Muitas vezes fico teorizando sobre a relação entre o clima e os habitantes de nossa cidade, e mesmo evitando os determinismos, chego a sempre a conclusão de que é uma relação estreitamente forte, assim como o sol do verão.

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