O Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado nesta quinta-feira (12/8), indica um deslocamento da curva da pandemia e a interrupção na tendência de queda. De acordo com o estudo, existe a possiblidade de uma retomada do crescimento do número de casos e de óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
A pesquisa também aponta, que Rio de Janeiro é o estado com o maior número de casos da variante Delta no Brasil. A preocupação com o avanço da variante no estado, levou o Coordenador de vacinas do Fórum dos Governadores, Wellington Dias (PT) a pedir no último dia 04/08, ao Ministro da Saúde Marcelo Queiroga, que fossem enviados mais imunizantes para o estado.
O Boletim da Fiocruz revela, ainda, que o Rio de Janeiro é uma das três cidades que apresentaram sinal forte crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) de SRAG, junto com Porto Alegre e Rio Branco. Quando analisado o cenário em curto prazo, o sinal na capital fluminense passa a ser considerado como moderado.
Marcelo Gomes, coordenador do Boletim InfoGripe da Fiocruz, explica que o cenário do Rio de Janeiro chama muita atenção e merece ser observado com cautela, pois o sinal de crescimento é bem claro tanto nos dados do estado como nos dados associados aos residentes da capital.
“Quando a gente olha os registros das últimas seis semanas e das últimas três semanas, há uma clara tendência de retormada do crescimento do número de casos semanais. Então é uma situação que chama muita atenção, que requer novamente um cuidado e uma mobilização muito grande, tanto por parte das autoridades como por parte da população, para que a gente consigo interromper o mais rápido possível essa tendência de crescimento.”, observa o pesquisador.
A tendência de crescimento não acontecia desde Semana Epidemiológica (SE) 12, compreendida entre 21 e 27 de março. De acordo com o Boletim InfoGripe, este cenário representa um revés nos índices de melhora da pandemia. A análise é referente à SE 30, de 25 a 31 de julho.
“A gente tem hoje um volume menor de internações na população mais idosa, que já está com a cobertura vacinal completa. Porém, como a transmissão continua muita alta, a gente já tem de novo um aumento de casos nessa população que já está com a segunda dose. Isso não quer dizer que a vacina não está funcionando. Ela conseguiu e tem consigo diminuir significativamente o número de casos graves nessa população que já está com a segunda dose. Porém, elas não 100% eficaz. Não é uma barreira completamente intransponível. Então, se a gente ainda tem uma transmissibilidade muito alta, infelizmente essa tendência acaba se refletindo mesmo na população que já está com a cobertura vacinal completa”, frisa Marcelo Gomes.
No entanto, o coordenador do Boletim InfoGripe da Fiocruz ressalta que o fato da transmissão continuar alta não quer dizer que vacina não esteja funcionando.