Entre a Central do Brasil e a Região Portuária, áreas historicamente negligenciadas pelos investidores, surge uma nova aposta de uma empresa paulista que acredita no projeto de revitalização do Centro. Se tudo ocorrer como o programado, em breve, será lançado um novo empreendimento residencial na Rua Senador Pompeu, um antigo reduto industrial do Centro do Rio, que há muito tempo desperta polêmicas e desafios. A região, que era tomada por indústrias, depósitos, e comércios tão queridos pelo carioca quanto o velho Restaurante Sentaí (que não resistiu à pandemia), tem bons terrenos e prédios históricos que no momento estão subutilizados. O projeto é visto como mais uma vitória do Reviver Centro, que teve recentemente como grande sucesso de vendas um retrofit na rua Sacadura Cabral, que transforma em apartamentos um prédio que foi sede dos Diários Associados na badalada região da Pedra do Sal.
A via, que segue paralela à Presidente Vargas, sempre foi vista com certo desprezo pelos cariocas, especialmente na região próxima à Central, onde o comércio informal e popular transformou a área em um local, digamos, caótico. No final da rua, aos pés do bucólico Morro da Conceição e após o cruzamento com a Rua Camerino, a paisagem já muda. Ali, a rua se torna mais tranquila, com prédios fechados e antigos edifícios industriais que carregam a história da cidade. É uma região que tem proximidade com o Campo de Santana, estações de VLT e que ainda guarda muito do charme dos sobrados que permearam a cidade no passado, apesar de andar um pouco esquecida, em que pese sua proximidade com a nova locomotiva de desenvolvimento do Rio, a área do Porto Maravilha.

A nova empreitada, que já está com o projeto finalizado pelo escritório carioca AC Arquitetura, será diferente dos retrofits e empreendimentos típicos lançados na região central. A proposta é voltada para um público de classe média baixa, similar ao modelo “Minha Casa, Minha Vida”, com a intenção de oferecer moradias acessíveis em uma área estratégica e em pleno processo de revitalização. O edifício, localizado no número 60 da Senador Pompeu, passará por uma revitalização completa, um “banho de loja”, com foco na modernização do espaço, sem grandes intervenções externas. Embora o prédio não seja tombado por nenhum órgão de patrimônio, ele está situado em uma área de ambiência do Iphan — algo semelhantes às APACs do município do Rio — , o que exige cuidados na preservação da área como um todo. Seus janelões são cheios de charme.
O projeto está atualmente na fase de legalização junto ao município, e as expectativas são altas para o lançamento. O edifício, que será revitalizado sem grandes alterações externas, terá 105 apartamentos de diferentes tamanhos: de estúdios e unidades de dois quartos até apartamentos de três quartos. O imóvel, por anos, foi utilizado como sede de uma empresa de telemarketing, que desocupou o espaço há algum tempo. O aproveitamento da antiga construção é a concretização verdadeira do processo de transformação do Centro, de exclusivamente comercial para uso misto; considerada uma iniciativa verde, por conta de se partir de algo que já existe, através de um processo de ressignificação alinhado com o melhor da arquitetura mundial.
Segundo informações do mercado, um outro projeto, de retrofit, está para ser anunciado num edifício na rua do Acre.