Jackson: Cláudio Castro navega em mar calmo

Para Jackson Vasconcelos, Claudio Castro pode navegar com tranquilidade até o dia da eleição mesmo com seus comandados dedicados aos próprios projetos

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Cláudio Castro no Jacarezinho (Foto: Divulgação)

O Governo do Estado do RJ é um grande navio e o seu comandante é o governador. Esse grande navio já naufragou algumas vezes por imperícia dos comandantes. Morreram quase todos os tripulantes, porque nenhum deles ou poucos entre eles acreditaram na chance do naufrágio e ficaram a bordo até a hora do desastre. 

O Titanic é um bom exemplo. Foi um navio construído contra naufrágios, uma potência! Algo magnífico. Contudo, um iceberg derrubou o gigante como uma pedra derrubou Golias. Mas, um iceberg? Não foi só ele. 

A história do Titanic conta que dois outros fatores contribuíram para a soma perfeita, que resultou no desastre. O primeiro deles, a arrogância do construtor, Joseph Bruce Ismay, Presidente da White Star Line. Ele exigiu que o chefe das máquinas, Joseph Bell, navegasse em velocidade máxima. 

O outro fator foi o pouco caso com os avisos dos navios que estavam no mar. Vinte mensagens foram enviadas ao Titanic com alertas para os riscos de iceberg, pelo descongelamento dos campos de gelo. Só um foi correspondido tarde demais. 

O mar calmo e o céu limpo deste ano anunciam que o governador pode navegar com tranquilidade até o dia da eleição. Ele está no comando, mas com tripulantes e marujos ocupados com uma grande festa. Todos dedicados aos seus próprios projetos. 

A turma da cabine de comando sabe que há problemas, mas para quê incomodar o comandante se o navio segue viagem com céu limpo e mar calmo. Os sonares apontam ruídos na Secretaria de Esportes? Isso não importa. Passará logo, porque é próprio das campanhas. 

Ocorre que a viagem de um governo não termina no dia da reeleição. Ali se tem uma escala, porque a viagem continuará pelo tempo todo do próximo mandato e, quando não, a depender dos problemas na sala de máquina, as dores de cabeça vão para além do dia da chegada ao último porto. 

Cláudio Castro é um político com boas intenções. Vi isso nele quando o conheci ainda como vereador. As minhas impressões positivas se fortaleceram quando ele chegou à posição de Vice-Governador. Mas, sinto-o, no momento, deslumbrado e com a vaidade à flor da pele. 

A vaidade caminha junto com a arrogância? Não precisa caminhar. O vaidoso pode ser humilde e Cláudio Castro é, mas será sempre um vaidoso e dos vaidosos os amigos não criticam o terno nem os sapatos. Deixam que eles sigam certos de estarem agradando. 

Menino ainda, numa visita à família da minha mãe em Bom Jardim, eu ouvia do Zé Zaiório, um simplório proprietário de uma chácara:  “Para sujar a bainha da calça com lama, meu filho, não é necessário pisar nela, basta que o companheiro de viagem faça isso com mais força“. 

O Estado do Rio de Janeiro precisa que tudo por aqui caminhe bem de uma vez por todas. É um estado com potencial para, com o trabalho de seu próprio povo, encontrar solução para uma agenda de problemas que vem de muito tempo. Basta que quem obtenha o voto desse povo corresponda às expectativas dele e não as dos amigos de ocasião. 

Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.

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Formado em Ciências Econômicas na Universidade Católica de Brasília e Ciência Política na UNB, fez carreira com dezenas de cases de campanhas eleitorais majoritárias e proporcionais. É autor de, entre outros, “Que raios de eleição é essa”, Bíblia do marketing político.

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