Jackson Vasconcelos: Lacerda? Quem sabe existirá alguém parecido?

'Carlos Lacerda tem a melhor imagem do partido a que pertenceu, a UDN'

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O título que usei no artigo da semana passada: “Carlos Lacerda nunca mais”, soou para alguém como crítica. Também pudera! No mundo moderno da tecnologia que facilita e estimula leituras apressadas, muita gente conclui antes de chegar ao final. Decide pelos títulos, manchetes, contracapas e resenhas.

Ler é começo, meio e fim. Mas, quem não chega ao final responde à dificuldade do comunicador de se fazer agradável e útil. Então, me penitencio. Certa vez, assisti a uma reunião do Ministro Mário Henrique Simonsen com seus assessores. Um deles, prolixo, mal tinha iniciado a conversa, ouviu do ministro: “Vá pro final, porque o começo e o meio eu já conheço”. É isso!

Bem, continuemos com a prosa sobre a política carioca. Eu falava sobre Carlos Lacerda. O que eu conheço dele vem dos livros, das notícias, dos estudos sobre estratégias e das conversas que tive com Abraão Medina e seus filhos, Rubem – principalmente – e Roberto. Seu Medina me dizia que o verdadeiro slogan do Lacerda era: “Faça”. Todas as vezes que seu Medina ia a ele com uma proposta de eventos, a resposta era essa: “Vá e Faça”.  E seu Medina fazia e o que fez está marcado na vida do carioca. São famosos os natais daquele tempo.

Carlos Lacerda tem a melhor imagem do partido a que pertenceu, a UDN: uma pessoa insatisfeita e rancorosa. O rancor, contudo, não o impediu de trabalhar e a insatisfação foi o motor de realizações dele na Guanabara.

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Lacerda não bajulou o governo federal, nem saiu a paparicar presidentes ou ministros para realizar o que quer que fosse. Ele respeitava o Rio o suficiente para exigir que outros respeitassem também. Se o governo federal lhe faltava, ele cobrava de maneira dura, mas não esperava. Assim nasceram empresas e obras.

O governador não adulava o governo federal e também não os companheiros locais da política. Lacerda não os remunerava com cargos, nem contratos, mas entregava-lhes a eficiência do governo como argumento para a sobrevivência política.

Está aí uma boa dica de estratégia correta para quem deseja ser governador do estado, “cenário de tantos momentos memoráveis da vida do povo brasileiro”, como dizia Lacerda, que errou bastante na condução dos projetos pessoais por ser ansioso, mas acertou muito nos projetos da Guanabara, também por ser ansioso.

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Formado em Ciências Econômicas na Universidade Católica de Brasília e Ciência Política na UNB, fez carreira com dezenas de cases de campanhas eleitorais majoritárias e proporcionais. É autor de, entre outros, “Que raios de eleição é essa”, Bíblia do marketing político.
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2 COMENTÁRIOS

  1. Quisera o nosso RJ ter um governador como o Carlos Lacerda que foi um dos melhores governo que o estado da Guanabara já teve , porque naquela época eram dois estados depois houve a separação. e foi tudo por água abaixo lamentavelmente.

  2. Havia um povo menos dado à vícios, menos descansado, mais virtuoso. Hoje há a ilusão de receber alguma coisa do governo. Basta ver o que o RJ se tornou com a desordem urbana que os políticos permitiram mas que o povo permite quando vota naqueles que lucram com este estado de coisas.

    Hoje essa eficiencia de governo seria vista com indiferença pelo povo. Ao fim do mandato? Trocá-lo-iam por um cheque-cidadão.

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