Jackson Vasconcelos: Valeu, Ifood!

A liberdade de mercado e o futuro da gestão do app de entrega de comida da Prefeitura do Rio são discutidos no texto de Jackson Vasconcelos

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Ainda candidato ao retorno à Prefeitura do Rio, Eduardo Paes, na entrevista que concedeu ao Boletim da Liberdade, veículo de divulgação e defesa dos ideais de liberdade,  falou sobre a experiência dele como Vice-Presidente para a América Latina, numa empresa chinesa de automóveis. Disse ele: “Você estar sentado do outro lado do balcão é uma ótima experiência, para ver como é difícil empreender, como os governos dificultam, como os governos atrapalham e como são presentes em excesso.” 

Eu fui convidado pelo Boletim a comentar a entrevista e chamei a atenção  para o fato de, do outro lado do balcão existirem proprietários e empregados. O proprietário é o empreendedor. O risco integral dos investimentos que ele faz é dele. Só dele. Os empregados, quando a empresa quebra, estão livres para encontrarem outro emprego ou viverem dos planos de aposentadoria que pagaram ou do patrimônio que acumularam. Podem até se encaixar na vida pública. 

Quando li a notícia sobre a criação, pela Prefeitura do Rio, de um aplicativo que teria o objetivo de concorrer com o Ifood, que funciona muito bem, não tive dúvidas de que a resposta do Eduardo Paes sobre a experiência dele no setor privado teve só a intenção de agradar o público do veículo que o entrevistava. 

Comecemos por um fato inevitável: Eduardo Paes será prefeito do Rio por mais dois ou seis anos. E depois disso, quem terá responsabilidade pelas ocorrências do aplicativo? Quem responderá pelos prejuízos que ocorrerem? 

Sigamos. 

É fácil administrar um aplicativo de entregas de alimentos? Eduardo Paes avisou que as comissões para os entregadores serão maiores do que as pagas pelo Ifood. Mas, quem pagará? Se não for a prefeitura diretamente, sairá dos preços praticados pelo comércio e se for a Prefeitura, sairá do bolso de todos, dos comerciantes, dos entregadores, de quem recebe o produto e coisas tais. 

Quem arcará com os prejuízos das entregas que não acontecerem por qualquer motivo? E estejam certos, elas acontecem. Como se dará a reposição? Por conta de quem? 

Em se tratando do poder público, como será  a relação de trabalho entre a Prefeitura e os entregadores? Se começarem a brotar ações trabalhistas ou por acidentes de trabalho, quem arcará com as despesas da Procuradoria do Município e das ações? 

Consegui saber com o Ifood, a remuneração média de um entregador: R$ 3.200,00 mês por 6 horas de trabalho diário, sendo que o entregador é quem decide quantas horas trabalha. Também informou o Ifood, que 2 em cada 3 entregadores prefere a relação de trabalho que tem à CLT, certamente, porque ficam livres para trabalharam em outras atividades. Como isso se dará com relação à prefeitura? 

E por último, uma situação que é importante quando a gente lida com o setor público: como se dá a seleção dos entregadores? Quem decide quem poderá trabalhar ou não? Isso no setor público é extremamente perigoso. Uma coisa bem legal para cabos eleitorais é saber onde empregar seus colaboradores. 

Até a próxima semana. 

Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.

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Formado em Ciências Econômicas na Universidade Católica de Brasília e Ciência Política na UNB, fez carreira com dezenas de cases de campanhas eleitorais majoritárias e proporcionais. É autor de, entre outros, “Que raios de eleição é essa”, Bíblia do marketing político.

4 COMENTÁRIOS

  1. Quanta besteira escrita, algumas saltam os olhos.

    quem terá responsabilidade pelas ocorrências do aplicativo? Quem responderá pelos prejuízos que ocorrerem?
    >>> basta uma pesquisa no ReclameAqui para ver a quantidade de prejuízos com ifood, rappi, Uber Eats e outros. A crítica para o Valeu se aplica a qualquer aplicativo.

    >>>>Eduardo Paes será prefeito do Rio por mais dois ou seis anos. E depois disso, quem terá responsabilidade pelas ocorrências do aplicativo? Quem responderá pelos prejuízos que ocorrerem?
    A responsabilidade é do Município. O Município pode encerrar, assim como a Uber Eats encerrou o aplicativo. A crítica pode ser feita a qualquer aplicativo.

    Consegui saber com o Ifood, a remuneração média de um entregador: R$ 3.200,00 mês por 6 horas de trabalho diário, sendo que o entregador é quem decide quantas horas trabalha. Também informou o Ifood, que 2 em cada 3 entregadores prefere a relação de trabalho que tem à CLT, certamente, porque ficam livres para trabalharam em outras atividades.
    >>>> Quem aqui acredita que um ENTREGADOR DE IFOOD ganha em média R$ 3.200,00 por mês? Acredita quem quer. E quem em sã consciência escolhe uma atividade remunerada de mesmo salário sem carteira assinada a com carteira assinada?

    • Olha, eu trabalhei de entregador do Ifood durante 4 meses alternados, em um momento difícil no ano passado, quando precisei de dinheiro e não estava conseguindo me recolocar no mercado. Parte desses meses trabalhei com moto e parte do tempo com bicicleta.

      Em um mês que fiz de bicicleta, fiz uma média de 4 entregas por dia, trabalhando seis horas diárias. Ganhei 80 reais por dia, na média e trabalhei 20 dias, o que me rendeu 1.600 reais

      De moto, ganhei mais, algo como 3.000 reais.

      É um trabalho cansativo, mas como precisei, fiz. Mas a minha pergunta é: Um entregador de restaurante ganha mais do que isso? Não foi o que vi.

      • Ninguém duvida que seja possível ganhar R$ 3.000 como entregador… Apenas foi disputado que isso seja uma média e, mesmo que seja, o principal é que isso é bruto, não líquido, em compensação a tudo que não se tem em comparação com a CLT e o mesmo valor pago.

        Como pontos adicionais à discussão, há o recente relatório da Fairwork dando notas baixíssimas às empresas relacionadas… e mesmo há também o problema dessas empresas estarem bancando empresas de marketing para mudar sua imagem pública onde podem e o quanto isso interfere mesmo nos processos de precarização/reivindicações dos colaboradores.

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