Jornalistas esportivos do RJ opinam sobre a possível mudança de nome do Maracanã

O DIÁRIO DO RIO procurou alguns jornalistas esportivos ligados à cidade para expressarem suas respectivas opiniões sobre o assunto

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Estádio do Maracanã - Foto: Divulgação/Globol

Em meio à polêmica sobre a possível alteração no nome oficial do Estádio do Maracanã, deixando de se chamar Jornalista Mário Filho e passando a ser Edson Arantes do Nascimento – Rei Pelé, o DIÁRIO DO RIO procurou alguns jornalistas esportivos que têm ligação com o Rio de Janeiro para expressarem suas respectivas opiniões sobre o assunto. Confira.

Aline Nastari (TNT Sports)
”Mário Filho foi incentivador da construção do Maracanã, fez campanha para que fosse construído no bairro, foi importante para a formação da identidade das equipes cariocas, ajudando o popularizar o futebol no Rio. Trocar o nome do estádio hoje é ignorar tudo isso, ignorar a história. Para retirar uma homenagem, é preciso um motivo plausível e, no caso, não tem.”

Camila Carelli (Rádio Globo/CBN)
”O que me impressiona é, diante do pior momento da pandemia no país – e o Rio de Janeiro com números preocupantes de leitos ocupados -, a Alerj propor essa discussão. Perdermos tempo e oportunidade de discutir temas relevantes, como a necessária paralisação do futebol, para debatermos a mudança do nome de um estádio de futebol. Pelé merece todas as homenagens sem que outro grande personagem (Mário Filho) precise ter seu nome apagado. Até porque, no final das contas, trocando ou não o nome de batismo, sempre continuará sendo o Maracanã.”

Cícero Mello (ESPN Brasil)
”Sou inteiramente contrário à mudança de nome do Estádio do Maracanã. Nada contra o Pelé, pelo contrário. Mas seria um desrespeito à memória de Mário Filho, por tudo que ele representou e lutou para a construção e localização do Maracanã. Pelé já foi e ainda será muito homenageado com inteira justiça. Mas, dessa forma, relegando Mário Filho a um segundo plano, não acho justo. Pelo menos o que me conforta é que o torcedor continuará chamando o estádio apenas de Maracanã.”

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Fabio Azevedo (JB FM e Canal Fanático Vascaíno)
”Isso é uma vergonha, falta do que fazer, por parte dos deputados. Homenagem em vida tem que ser sempre estimulado, mas isso não significa apagar ou retirar homenagens feitas. Aliás, nem o Pelé deve estar satisfeito com esta política barata levantada pela Alerj. O pior é que estamos em um momento terrível do nosso estado e eles se preocupando com homenagens. O Maracanã sempre terá o nome Jornalista Mário Filho!”

Rafael Marques (ESPN Brasil/FOX Sports e Rádio Globo/CBN)
”Para você fazer mudança de qualquer logradouro, seja um estádio de futebol, praça, rua, avenida, é necessária uma causa muito forte, e não enxergo essa mudança no nome do Maracanã para Rei Pelé como algo assim.

Primeiro que, se fosse para mudar o nome do estádio por algo muito marcante, o Maracanã deveria se chamar Rei Pelé em 1969, quando ele fez o milésimo gol no estádio. Isso acontecer agora me parece muito mais uma preocupação em fazer uma homenagem com cunho político do que propriamente algo que tenha gancho.

Segundo, é preciso entender qual é o objeto que está sendo discutido. E o Maracanã sempre será Maracanã no gosto popular. Inclusive, no gosto popular ele nem é Mário Filho. Ninguém chama o Maracanã pelo nome oficial, chamam pelo bairro ou pela região geográfica. Como Maracanã, embora tenha passado por 4 reformas desde 1950, com esse nome é o estádio mais famoso do mundo e que já foi o maior.

Não aprovo essa alteração. Entendo que o Pelé já tem vários estádios com o nome dele, inclusive em locais que ele nunca jogou, como em Alagoas. Se a seleção brasileira quiser, um dia, fazer um palco dela específico, escolher uma cidade, e batizar de Pelé, eu acho que seria uma homenagem justíssima, pra contemplar o maior jogador do Brasil e do mundo. Mas neste momento, pelas causas e circunstâncias que circundam a decisão, eu sou contra.”

Sergio du Bocage (TV Brasil)
”O Pelé só jogou no Maracanã porque o Mário Filho lutou para o estádio ser construído onde está até hoje e com capacidade para ser o maior do mundo, capaz de receber mais de 150 mil pessoas. Não fosse isso, o Pelé não teria vivido momentos de glórias no Rio, porque usaria os estádios de São Paulo para isso. Então, acredito que nem mesmo o Rei do Futebol gostaria de ter seu nome no lugar do nome daquele que proporcionou a ele momentos tão brilhantes, em estádio tão marcante.”

Victor Lessa (Rádio Globo/CBN)
”Essa possível mudança do nome do Maracanã é um verdadeiro desrespeito com um dos maiores patrimônios do Rio de Janeiro. Pelé não precisa disso, nem o Maracanã. A coisa fica ainda mais bizarra quando tudo isso é feito em meio a uma pandemia, quando essas pessoas deveriam estar preocupadas com coisas muito mais urgentes. O Maracanã é do Rio de Janeiro, e tem nome: Jornalista Mário Filho.”

Wellington Campos (Rádio Tupi)
”Eu sou contra. O Maracanã é conhecido no mundo todo como Maracanã. Quando você fala no exterior que mora no Rio de Janeiro, os gringos completam com ‘Oh, sim, lá tem o Maracanã, Cristo Redentor e Carnaval’. Pelé merece todas as homenagens em vida, porém, deixa quieto o jornalista Mário Filho, que lutou quase que sozinho para a sua construção na Copa de 1950.”

Outros jornalistas também se manifestam

Além dos jornalistas citados acima, outros profissionais ligados ao âmbito esportivo também comentaram o assunto, através de suas redes sociais.

Apresentador do programa ”Seleção SporTV”, do canal homônimo, André Rizek criticou o teor do assunto debatido pelos parlamentares do RJ em meio à pandemia.

”O que me espanta é a capacidade – e tempo – de os deputados discutirem e votarem uma coisa dessas, no pico mortal da maior pandemia de nossa geração. É incrível nossa capacidade de abstração”, disse.

Mauro Cezar, atualmente colunista dos portais ”Estadão”, ”Gazeta do Povo” e ”Uol”, lembrou da importância de Mário Filho para a construção do estádio no local onde é, na região da Grande Tijuca, e ressaltou que o ”novo Maracanã”, reformado em 2013 para a Copa do Mundo 2014 e os Jogos Olímpicos 2016, ocupa o lugar do ”antigo Maraca”.

”Jornalista, em 1936 Mário Filho fez campanha no Jornal dos Sports, que criou, em busca de apoio da opinião pública para que o novo estádio, o maior do mundo, fosse erguido no bairro do Maracanã, Rio de Janeiro. Políticos ameaçam agredir a história com a absurda ideia de tirar o nome dele daquilo que está lá desde 2013, no lugar do verdadeiro Maraca. Saindo o nome de Mário Filho, muito pouco restará daquele templo magnífico, imponente, sem igual”, lamentou.

Entenda o caso

Na última terça-feira (09/03), a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, em debate único, que o Maracanã, conhecido oficialmente como Estádio Jornalista Mário Filho, passe a se chamar Estádio Edson Arantes do Nascimento – Rei Pelé. Agora, o aval final para a mudança acontecer está na mãos do governador em exercício Cláudio Castro, que tem até 15 dias úteis para decidir.

Vale ressaltar que, caso a alteração realmente ocorra, apenas o estádio de futebol se chamará Rei Pelé, isto é, todo o restante do complexo esportivo do Maracanã, que engloba o ginásio do Maracanãzinho e o estádio de atletismo Célio de Barros, continuarão se chamando Mário Filho.

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3 COMENTÁRIOS

  1. Pelé não precisa disso, sobretudo em prejuízo da pessoa que muito lutou pelo Maracanã. E nós, cidadãos do Estado do Rio de Janeiro, também não merecemos essa discussão fútil em plena pandemia d com o nosso Estado espoliado e sucateado há décadas de sucessão de desgoverno.

  2. Me impressiona que a Casa que delibera e faz as leis, revela total desconhecimento exatamente sobre legislação. Ou os senhores deputados não sabem da existência da Lei 6.454/1977, proíbe atribuir a logradouros e monumentos públicos o nome de pessoas vivas, e não permite exceções? Inclusive, mantida pela Constituição de 1988, em seu artigo 37. OU então, os nobres parlamentares estão mesmo de sacanagem com a população que deveriam representar. Agora esperamos, pelo menos, bom senso do Governador Cláudio Castro, para que vete tal aberração, por ferir uma lei federal já em vigor há 44 aos. Bom senso Senhor Governador!!!

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