Kinoplex anuncia fechamento definitivo do Roxy, em Copacabana; local deverá continuar sendo cinema

Grupo Severiano Ribeiro, dono da rede Kinoplex, confirmou o encerramento das atividades; paralelamente, Prefeitura do Rio decidiu que local não pode ter sequer seu ramo alterado sem aval da mesma

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Cine Roxy, em Copacabana - Foto: Reprodução

Agora é oficial: o icônico Cine Roxy, em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, fechará definitivamente. Por meio de nota oficial, divulgada nesta sexta-feira (18), o Grupo Severiano Ribeiro, dono da rede Kinoplex, que administra o cinema, confirmou o encerramento das atividades. Vale lembrar que o assunto já havia sido noticiado pelo DIÁRIO DO RIO em 07/06.

No comunicado (na íntegra no final da matéria), o grupo informa que ”lamenta profundamente o fechamento” e que ”a decisão levou em consideração os resultados que o Cine Roxy vinha apresentando”. Ainda na nota, a empresa diz que ”vê com receio a inclusão do cinema no Cadastro de Negócios Tradicionais e Notáveis do Rio de Janeiro”, pois ”atrelar o imóvel à sua atividade não garante que a mesma será desempenhada pelo proprietário e nem poderia”.

Explicando: a Prefeitura do Rio decidiu, na última quinta (17), que o Cine Roxy fosse integrado no referido cadastro citado acima, isto é, na lista de bens imateriais da cidade. Isso significa que qualquer alteração que venha a ser realizada no local, seja no imóvel ou no ramo, deverá passar primeiramente por aprovação do Poder Executivo Municipal. Vale lembrar, porém, que o imóvel já era tombado desde 2003.

Procurado pelo DIÁRIO DO RIO para comentar o assunto, o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) afirmou que ”o enquadramento do cinema na lista visa garantir a sua continuidade histórica, uma vez que o cadastro leva em conta a necessidade de estabelecer políticas e incentivos para a valorização e conservação destes bens culturais que passam por processo de transformação ou de desaparecimento”.

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Ainda segundo o IRPH, ”com o decreto, o estabelecimento pode se candidatar à obtenção de benefícios e incentivos para a manutenção do negócio” e ”passa a integrar uma lista de pontos comerciais que inclui charutarias, tabacarias e restaurantes tradicionais”.

Presidente do Instituto Rio Antigo, o advogado Daniel Sampaio lamenta o fechamento do Roxy e ressalta a importância da inclusão do cinema no cadastro municipal, visando que seja preservado seu segmento tradicional.

”O fechamento definitivo do Roxy é mais um dos muitos tristes exemplos de estabelecimentos tradicionais da nossa cidade que não resistiram à pandemia, como a Casa Villarino, no Centro, o restaurante Fiorentina, no Leme, o Amarelinho da Cinelândia e a Padaria Rainha, no Cosme Velho. A inclusão do cinema Roxy no Cadastro de Negócios Tradicionais e Notáveis é importante para o bairro e para a cidade, pois o Roxy era o último dos cinemas de rua de Copacabana”, afirma.

Complementando, ele pede que o Poder Executivo do Rio elabore uma alternativa como forma de auxílio para que outros empreendimentos não venham a também fechar. ”Esperamos que a Prefeitura apresente um plano robusto de incentivo para esses negócios tradicionais da cidade. Se muitos deles já passavam por dificuldades antes da pandemia, desde 2020 tudo ficou ainda mais difícil para esses ícones cariocas”, diz.

Confira a nota oficial do Grupo Severiano Ribeiro

”O Grupo Severiano Ribeiro confirma o fechamento definitivo do Cine Roxy e vê com receio a notícia sobre a inclusão do cinema no Cadastro de Negócios Tradicionais e Notáveis do Rio de Janeiro, uma vez que atrelar o imóvel à sua atividade não garante que a mesma será desempenhada pelo proprietário e nem poderia.

A decisão de fechamento do cinema foi lamentada imensamente pelo grupo, que há alguns anos vinha lutando por sua sobrevivência, mas totalmente pautada nos resultados que o cinema vinha apresentando. É fato que, no decorrer dos anos, os cinemas sofreram inúmeras mudanças em suas características, sendo, a principal delas, a migração para os shoppings centers. Esse movimento se deu devido ao comportamento do próprio público, que, por questões de segurança, multiplicidade de serviços, como amplo estacionamento e outras conveniências, passou a preferir opções de entretenimento localizadas em shoppings. Desde então, os resultados dos cinemas de rua seguiram uma curva decrescente acentuada, tornando-os inviáveis economicamente.

O Grupo Severiano Ribeiro vem, durante anos, subsidiando a operação do Cine Roxy, que se tornou cada vez mais deficitária. Em 2019, antes da pandemia, por exemplo, o cinema alcançou um público muito aquém do esperado, ficando 43% abaixo da média do grupo. Com a pandemia, em março de 2020, todos os cinemas foram fechados e assim permaneceram por cerca de oito meses, o que gerou um prejuízo econômico incalculável ao Grupo, que, na ocasião, inclusive, manteve o difícil compromisso de conservar o emprego de todos os seus colaboradores e honrar obrigações financeiras altíssimas. E, até hoje, vem lutando por sua sobrevivência nesse momento de dificuldades econômicas nunca vividas e sequer imaginadas em 104 anos dedicados à exibição.

Em outubro de 2020, com a reabertura dos cinemas mais uma vez o Roxy demonstrou sua inviabilidade, agravada pela característica de ter um público predominantemente sênior. Isso fez com que recebesse, em uma semana, apenas 24 pessoas, o que corresponde a oito por sala em um dia inteiro de operação, obrigando o Grupo Severiano Ribeiro a fechar suas portas e hoje, sem condições de manter sua operação, fechar definitivamente.”

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2 COMENTÁRIOS

  1. A Prefeitura decide que o local não pode ser de outro setor sem que ela autorize. Veja só… Como pro funcionário público o dele tá garantido, que se LASQUE o dono do imóvel.

    E que não venha a prefeitura criar “incentivos fiscais”. A quitanda de Anchieta e Ricardo de Albuquerque não recebe a mesma condescendência: à ela deixam quebrar gostosamente. O erário público não é pra servir prebendas. Os negócios devem se suster por si próprios.

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