Um trabalho musical que vai além da mera transposição para o formato acústico. Sem reinventar a roda (de violão), mas estimulado por aberturas criativas e enriquecimentos harmônicos aqui e ali, Leo Jaime volta aos palcos com reforço e direção musical do multi-instrumentista Guilherme Schwab, grande revelação da cena rock (& folk) brasileira desta década.
Os arranjos novos ressaltam delicadezas e forças de um repertório pra lá de consagrado. Dão um close certeiro na carpintaria pop de “Amor” (clássico lançado no álbum “Vida Difícil”, em 1986), “Fotografia” (parceria com Leoni),“Preciso Dizer Que Te Amo” (de Cazuza, Bebel Gilberto e Dé), que Leo registrou em seu álbum cult “Todo Amor”, de 1995, “Gatinha Manhosa” e “Mensagem de Amor”, entre outras.
Schwab, que se destacou no grupo Suricato e na composição de trilhas sonoras, sabe trabalhar a “biodiversidade” acústica, investindo em dobro, weissenborn (aquele violão havaiano de colo, bem apreciado pelos fãs de Ben Harper), viola caipira e outros instrumentos, sempre bem timbrados.
O hit “Só”, conhecido em sua roupagem doo wop, reaparece mais bluesy, com Leo ao violão e o toque de aço característico do dobro de Schwab. Ficou mais próximo da forma como foi composta, como conta Leo, que acaba de regravar a canção no estúdio de seu velho parça Nilo Romero, em uma fornada junto com “A Vida Não Presta” e “O Pobre” (todas produzidas pelo próprio Leo).
As três músicas fazem parte do disco “Sessão da Tarde”, clássico que gerou sete super-hits radiofônicos e que está comemorando 35 anos de lançamento.
Como tudo isso é história, muita história, e o povo já vai estar sentado assistindo mesmo, o show inclui canções precedidas por causos e contextos sobre parceiros e inspirações. Uma delas é a impagável “Cozinho de Noite”, que Leo, aos 18 anos teve a feliz petulância de mandar para o mutante Arnaldo Baptista, gerando uma parceria. Outra é “Solange”, versão de “So Lonely”, do Police, feita para a então
chefe da DCPC (Divisão de Censura às Diversões Políticas), Solange Hernandes, que demonstrava especial implicância com as obras do jovem Leo Jaime.
Também entra no formato “com história” o blues “Down em Mim”, uma das obras-primas de Cazuza e espantosamente, sua primeira composição. Leo, que teve o privilégio de ouvir a música antes de qualquer outra pessoa, aproveita para falar sobre sua relação
com as origens e os early years do Barão Vermelho.
E tem muito mais: “O Pobre”, numa levada “Last Kiss” (hit do Pearl Jam, originalmente lançada em 1962 por Wayne Cochran & The C.C. Rider), “Rock Estrela” com trecho de “Come As You Are”, do Nirvana, e a rara ‘Eu Nunca Te Amei, Idiota”, composição de Alvin L (gravada inicialmente por sua banda Sex Beatles), recuperada há pouco na série umapordia, que Leo publicou em sua conta no Instagram, no início da pandemia.
E no bis, é aquela coisa: mesmo desplugado, não tem como o povo não se levantar, porque (sorry pelo spoiler) rola “Conquistador Barato”, “As Sete Vampiras” ou outro petardo à sua (vossa) escolha.
Serviço
Data: 15 de julho, sexta-feira
Horário: 20h
Local: Teatro Multiplan – VillageMall
(Avenida das Américas, 3.900 – Barra da Tijuca)
Tel: (21) 3030-9970
Ingressos:
De R$ 160 (inteira) a R$ 250 (inteira)
Bilheteria do teatro [sem taxa]: terça a domingo das 13h às 21h
Online [com taxa]: sympla.com.br