Em comemoração aos 125 anos da Academia Brasileira de Letras (ABL), completados nesta quarta-feira (20), a Prefeitura do Rio de Janeiro e a ABL inauguraram duas placas do Circuito da Literatura, em homenagem a Machado de Assis e Austregésilo de Athayde, primeiro presidente e presidente mais longevo da Academia, respectivamente; no Cosme Velho, na Zona Sul da cidade.
O jornalista Austregésilo de Athayde foi o primeiro homenageado a ter a placa comemorativa descerrada no imóvel onde residiu, na Rua Cosme Velho, nº 599. Na cerimônia estavam presentes o presidente da Academia Brasileira de Letras, o jornalista Merval Pereira; a presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), Laura Di Blasi; Roberto Athayde e Paula Sandroni, filho e neta de Austregésilo de Athayde, que foi um dos redatores da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, em 1948, e terceiro ocupante da cadeira nº 8 da ABL, tendo presidido a instituição de 1959 a 1993.
A neta de Austregésilo de Athayde estava especialmente emocionada com data de homenagem ao jornalista. Para ela, tal cuidado representa uma valorização da literatura por parte do poder público do Rio de Janeiro e da Academia Brasileira de Letras.
“Foi incrível que escolhessem esse dia dos 125 anos da Academia. A gente está muito feliz com esse convênio da Prefeitura com a ABL, valorizando a literatura. A vida toda do meu avô foi essa, jornalismo, literatura e, principalmente, Academia Brasileira de Letras. Então eu tenho certeza de que ele está feliz, assim como todos nós estamos na família”, afirmou Paula Sandroni.
Machado de Assis teve sua placa afixada na parede do Capitu Café, estabelecimento localizado na Rua Cosme Velho, nº 174, último endereço onde residiu o “Bruxo do Cosme Velho”. Nascido, no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839, Machado de Assis foi um intelectual arguto e diferenciado, tendo atuado como jornalista, cronista, contista, romancista, poeta e teatrólogo. Machado foi um dos fundadores da ABL, em 20 de julho de 1897, juntamente com Ruy Barbosa, Olavo Bilac, Graça Aranha, Joaquim Nabuco, Afonso Celso, Inglês de Sousa, Lúcio de Mendonça, Medeiros e Albuquerque, Teixeira de Melo e Visconde de Taunay.
Sobre a escolha do dia da homenagem dos dois jornalistas, o também jornalista e presidente da ABL, Merval Pereira, ressaltou: “A gente escolheu esse dia para homenagear o fundador da Academia e o presidente mais longevo. Austregésilo de Athayde foi um presidente muito importante para a Academia se estabelecer”.
Criado para levar à população informações sobre os grandes nomes da literatura nacional e os locais onde viveram no Rio, o Circuito da Literatura conta agora com três estações. Instalada em dezembro de 2021, a primeira placa do Circuito homenageou o crítico literário, poeta, orador e advogado Rodrigo Octavio Filho, ocupante da cadeira 35, que residiu na Rua São Clemente, nº 421, em Botafogo.
O Circuito da Literatura teve seus 107 endereços eternizados em decreto publicado no Diário Oficial pela Prefeitura do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira. Os imóveis onde moraram os grandes nomes da literatura brasileira serão sinalizados com as tradicionais placas azuis do Patrimônio Cultural. A medida resulta de uma parceria entre a ABL e o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, ligado à Secretaria Municipal de Planejamento Urbano.
O Circuito da Literatura é o 22º dos Circuitos do Patrimônio Cultural Carioca, responsáveis por identificar os bens culturais presentes por toda a cidade do Rio de Janeiro. Entre os circuitos, temos: Bossa Nova, Cinemas, Liberdade, Art-Déco, Praça Tiradentes, Negócios Tradicionais e outros.
“O projeto Circuitos do Patrimônio Cultural Carioca tem como objetivo divulgar e informar sobre o rico acervo de bens culturais e de personalidades que fazem parte da cultura carioca. O Circuito da Literatura chega para agregar valor a esse projeto, estabelecendo um mapeamento e identificando os locais onde residiram intelectuais e escritores que integraram a Academia Brasileira de Letras desde a sua fundação, em 1897”, declarou a presidente do IRPH, Laura Di Blasi.
Machado e Austregésilo, se aqui tivessem, ficariam certamente honrados em ser presididos por Merval Pereira.
Uma alegria só . . . Quem sabe Dudu também não possa fazer parte do seleto grupo?