Em 2024, mais de 90 toneladas de produtos de limpeza falsificados foram apreendidas no Rio, segundo a Secretaria Estadual de Defesa do Consumidor. O problema, que antes se concentrava no comércio ambulante de roupas e eletrônicos, avançou para supermercados e restaurantes, atingindo também alimentos e bebidas.
A pirataria, cada vez mais sofisticada, agora mira produtos como sabão em pó, azeite, café e bebidas alcoólicas. A Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) apreendeu mais de um milhão de itens falsificados no ano passado, entre peças de vestuário, perfumaria, eletrônicos, alimentos e bebidas. Só nos primeiros quatro meses de 2025, mais de 112 mil produtos ilegais já foram recolhidos, uma média de 930 por dia.
Entre os produtos mais falsificados, estão marcas conhecidas de sabão em pó. A diferença entre os originais e as imitações está em detalhes como o tipo de lacre e a presença de marcas holográficas, visíveis apenas sob luz especial. Fabricantes têm investido em novas tecnologias de segurança para dificultar as fraudes, incluindo tintas importadas da Alemanha.
No setor de alimentos, a indústria do café também sofre com o aumento das falsificações. Máquinas profissionais, avaliadas em milhões de reais, são usadas para produzir embalagens quase idênticas às originais. Para tentar conter o problema, a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) lançou um aplicativo que permite ao consumidor verificar a autenticidade dos produtos por QR code.
O azeite, após a alta nos preços, se tornou outro alvo frequente. Em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, uma fábrica clandestina foi fechada no fim de 2024. No local, agentes encontraram produtos proibidos reetiquetados com marcas fictícias e revendidos para estabelecimentos comerciais.
As bebidas alcoólicas completam a lista dos produtos mais visados. Mais de quatro mil unidades de cerveja e destilados adulterados foram apreendidas apenas nos primeiros meses deste ano. Na Grande Tijuca, um depósito clandestino operava entregas por aplicativo e foi desativado após denúncias de consumidores que passaram mal.
A cerveja é o tipo de bebida mais falsificado no país, mas vinhos, espumantes e destilados também estão na mira das quadrilhas. Investigações apontam que a comercialização desses produtos ilegais financia organizações criminosas, agravando ainda mais os riscos à saúde pública.
Autoridades alertam que a falsificação de bebidas inclui a utilização de substâncias tóxicas, como metanol e solventes, e que a reutilização de garrafas de vidro facilita o trabalho dos criminosos. A recomendação é que, ao descartar embalagens, os consumidores descaracterizem os recipientes, dificultando sua reutilização pelo mercado ilegal.
Para denúncias, a Secretaria de Defesa do Consumidor disponibiliza o canal Fala Consumidor e segue promovendo ações de combate à pirataria, como o workshop que capacitou 140 agentes públicos neste mês.