Márcia Silveira – Doze dias: uma história sobre dores, frustrações e rupturas

Colunista do DIÁRIO DO RIO fala sobre "Doze dias", terceiro livro do escritor e professor Thiago Feijó

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Doze dias, terceiro livro do escritor e professor Thiago Feijó, narra o reencontro entre um pai e um filho que têm uma relação distante. Após 15 anos de afastamento, Antônio recebe um telefonema e precisa retornar a Lorena, cidade onde passou a infância, para ajudar o pai, Raul, que está com problemas de saúde. É o início de uma jornada de doze dias em que o filho irá fazer companhia ao pai no hospital.

Não é uma jornada fácil nem agradável, claro. Durante estes longos doze dias, muitas feridas antigas irão se abrir e memórias de momentos doloridos irão retornar. Ao chegar à casa do pai, Antônio vê que aquele já não é mais um lar, mas um lugar vazio e precário, assim como logo saberá pelo médico que é precária também a saúde de Raul.

Tiago Feijó construiu uma estrutura não linear, que vai e volta no tempo, descrevendo aqueles doze conturbados dias. Quem nos conta a história é um narrador onisciente que comenta os fatos e antecipa acontecimentos, numa conversa com o leitor. Aos poucos, com as visitas ao doente, vamos conhecendo as personagens envolvidas nas vidas de pai e filho e descobrindo quais foram os motivos que, nos últimos quinze anos, contribuíram para que Raul tenha chegado a tal condição de solidão e decadência.

“Saibamos todos que não caberá a nenhum deles romper com a quietude que aqui se instala, porque quem a romperá não é outra senão a mesma enfermeira de sempre, abrindo agora a porta do quarto e anunciando como das outras vezes. Mais visitas, senhor Raul.”

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O romance traz à tona um emaranhado de culpas, frustrações, silêncios e constrangimentos que são comuns a muitos relacionamentos familiares. É uma história que trata das escolhas que fazemos durante nossa existência e as consequências dessas decisões na nossa vida e na daqueles que nos cercam. É também uma narrativa sobre a possibilidade do perdão, a (in)capacidade de aceitação e a necessidade de cura, mesmo para feridas que pareçam, à primeira vista, impossíveis de cicatrizar. 

Em 2021, Doze dias foi vencedor do Prêmio Manuel Teixeira Gomes de Literatura, em Portugal, onde ganhou sua primeira edição. No mesmo ano, foi finalista do Prêmio Leya. No Brasil, foi publicado em 2023 pela editora Penalux.

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Livro: Doze dias
Autor: Tiago Feijó
Editora: Penalux
Páginas: 188

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