Mario Marques: 10 coisas para se saber sobre pesquisas para governador do Rio

Jornalista, diretor executivo do instituto de pesquisas Prefab Future e estrategista de marketing político, Marques reflete sobre as últimas pesquisas

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
Respectivamente, Cláudio Castro e Marcelo Freixo (Foto: Reprodução)

A pesquisa DataFolha, divulgada nesta quinta-feira (7), confirmou a escolha metodológica da Prefab Future na pesquisa realizada em março, o único instituto até então a maximizar o número de pré-candidatos a serem medidos. Com isso, os resultados se assemelharam, com algumas distorções nos números de alguns pré-candidatos, no DataFolha, de difícil explicação. Seguem os números da Prefab e DataFolha, com 2,83% e 3% de margem de erro respectivamente.

PREFAB FUTURE

Freixo 15,4%
Garotinho – 12,5%
Claudio Castro – 11%
Rodrigo Neves – 4,3%
Felipe Santa Cruz – 0,6%
Milton Temer – 0,5%
Gomlevsky – 0,4%
Paulo Ganime – 0,3%
Branco/Nulo – 25%
Não sabe – 30%

DATAFOLHA

Advertisement

Freixo – 18%
Claudio Castro – 14%
Garotinho – 7%
Rodrigo Neves – 5%
Eduardo Serra – 4%
General Santos Cruz – 4%
Cyro Garcia – 3%
André Ceciliano – 2%
Paulo Ganime – 1%
Branco/Nulo/Nenhum – 30%
Não sabe – 9%

Abaixo, 10 coisas que você precisa saber sobre as pesquisas ao governo do estado do Rio de Janeiro:

1. DATAFOLHA AVALIOU GOVERNO CASTRO NA MESMA PESQUISA

Não é errado, mas impróprio e descabido avaliar o governo Claudio Castro numa pesquisa de intenção de votos em momento em que a população, segundo dizem as qualitativas, ainda não sabe absolutamente nada que ele faz.

2. A REJEIÇÃO DO DATAFOLHA NÃO DEVE SER LEVADA EM CONTA

O DataFolha e todos os institutos que estão indo a campo no Rio estão seguindo o modelo de rejeição múltipla, na qual o eleitor pode escolher vários candidatos para rejeitar. O resultado gera distorção. O modelo ideal é o de rejeição única, aplicado pela Prefab Future, na qual o eleitor só pode escolher um, o que mais rejeita.

3. PREFAB FUTURE AUMENTOU A CARTELA PARA 8 CANDIDATOS E DATAFOLHA SEGUIU

Até 15 dias atrás, todos os institutos seguiam a mesma cartilha: só mediam os pré-candidatos Rodrigo Neves, Felipe Santa Cruz, Cláudio Castro, Paulo Ganime e Marcelo Freixo. A limitação de nomes distorcia o resultado, elevando os números de Castro e Freixo. Em sua primeira pesquisa registrada no TSE, a Prefab apresentou cartela com 8 candidatos, apresentando o resultado mais factível até o momento. E o DataFolha, em sua primeira pesquisa para governador do estado do Rio em 2022, resolveu adotar o mesmo modelo, com cartela de 9 candidatos.

4. EDUARDO SERRA, DO PCB, COM 5% NO DATAFOLHA. IMPOSSÍVEL? NÃO. MAS ALTAMENTE ILÓGICO

Difícil defender esse número de Eduardo Serra. Para efeito de comparação com 2018, significa dizer que Serra teria votação semelhante à da candidata do PT, Márcia Tiburi, em torno de 447.000 votos. O número de Cyro Garcia, 4%, significa que pudesse ter entre 350.000 e 400.000 votos. Em 2014, Deyse Oliveira, do mesmo PSTU de Cyro, teve 0,42%, o equivalente a 33.442 votos.

5. A RESPOSTA “NÃO SABE” DO DATAFOLHA NÃO FAZ SENTIDO PROBABILÍSTICO

Segundo o DataFolha, apenas 9% dizem não saber em quem votar para governador. Na pesquisa da Prefab Future, o número gira em 30%. O eleitorado hoje não tem ideia em quem votar e isso é um parâmetro de todas as sondagens.

6. NINGUÉM “ESPERNEIA” PARA ENTRAR NA MEDIÇÃO DOS INSTITUTOS

A colega Berenice Seara, em nota em sua coluna no jornal “Extra”, ignora o resultado da Prefab Future de 15 dias atrás, que incluiu vários pré-candidatos anunciados nas redes sociais, entre eles Milton Temer, Ronaldo Gomlevsky e Anthony Garotinho. Diz que o DataFolha incluiu candidato por ele espernear. Nenhum pré-candidato anunciado deve ser excluído da cartela até as convenções. Não existem candidatos. Apenas pré-candidatos. É dever dos institutos, nesse momento, incluir pré-candidatos que tenham a mínima rotina de pré-candidatos.

7. A FALTA DE CONHECIMENTO OU A FALTA DE TUDO

O presidente do jornal “O dia”, Nuno Vasconcelos, a quem respeito muito, escreveu recentemente em editorial que as pessoas ficassem atentas a “pesquisas fajutas”, dando a entender que o resultado da Prefab Future era muito diferente da Quaest. Tentei explicar a ele que nossa cartela era amplificada, da mesma forma como o DataFolha fez agora, mas ele discordou. É preciso mais análise de cenário por especialistas nos jornais e veículos. No fim das contas, todas as pesquisas que rodaram esse ano com registro no TSE distorceram os resultados por desprezar os pré-candidatos anunciados.

8. GAROTINHO EM EMPATE TÉCNICO COM RODRIGO NEVES, EDUARDO SERRA, CYRO GARCIA E GENERAL SANTOS CRUZ?

Absurdamente improvável o número do ex-governador Anthony Garotinho na pesquisa DataFolha, com 7%. Historicamente, desde 2018, o número de Garotinho não baixa de 12%. Na pesquisa Prefab, ele marcou 12,5%, em segundo lugar, à frente de Claudio Castro.

9. FREIXO ESTÁ NA FRENTE? SEM DÚVIDA

A última pesquisa da ilógica Quaest apresenta Claudio Castro com parrudos 21% e Freixo com 17%. Na pesquisa Prefab, Freixo lidera com 15,4% e Castro tem 11%, em terceiro lugar, atrás de Garotinho, com 12,5%. No DataFolha, Freixo tem 18% e Castro, 14%. Freixo segue movimento de espalhamento pelo estado do Rio, seguindo colado na imagem de Lula.

10. ELEIÇÃO AO GOVERNO DO ESTADO DO RIO SEGUE ABERTA

Cláudio Castro, com 11% na Prefab e 14% no DataFolha, segue com teto baixo e abre vácuo para uma candidatura de direita, tornando, hoje, a disputa totalmente aberta. Falta a Castro uma orientação de marketing mais direcionada a valores conservadores, que o conectem a Bolsonaro. A qualquer momento, pode ser atropelado.

Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
entrar grupo whatsapp Mario Marques: 10 coisas para se saber sobre pesquisas para governador do Rio
Advertisement

6 COMENTÁRIOS

  1. Deixa eu ver se entendo. Havendo diferenças entre os resultados, o erro é do instituto consagrado e não do desconhecido, cujo dono é responsável pelo marketing do candidato cujo resultado estranho no instituto desconhecido não é o mesmo resultado do instituto reconhecido. Entre duas opções, o dono do instituto desconhecido e colunista do jornal vem a público dizer que, se há diferenças, é porque o outro está errado. Me lembra a famosa frase: se os fatos atrapalhan a notícia, às favas com os fatos.

Comente

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui