Mario Marques: Intermediar vacinas não pode. Luvas, pode?

O controverso deputado federal youtuber vira estrela da CPI, mas sua presença só diminui a credibilidade do processo

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Deputado Luis Miranda (DEM-DF)

Calma aí. O deputado federal Luis Miranda entra na CPI, cochicha no ouvido do presidente, o senador Omar Aziz, atestando que o áudio revelado pelo empresário Luiz Paulo Dominguetti se tratava “apenas” de negociação de luvas e não de vacinas e tudo bem? Oras, por que um deputado federal que deveria focar em contribuir para que o Brasil salvasse vidas  estaria envolvido num negócio de compras de luvas? Na noite desta quinta-feira (1), nosso jornalismo não se prestou a fazer essa pergunta. O que interessava era tão somente desacreditar o interlocutor.

Vejam: luvas também são muito importantes entre os recursos utilizados em meio à pandemia. E não deveria haver, em hipótese alguma, uma reação natural ao fato de um deputado federal intermediar compra de luvas de quem quer que seja.

Luis Miranda alega, por seu lado, que a comercialização das luvas era para os Estados Unidos, isso em outubro de 2020. Isso o absolve? Repito: é hora de um parlamentar brasileiro misturar política e negócios?

Existe na CPI uma tendência, como em todas as CPIs instruídas na história de Brasília. Muito por conta do comando do processo e do cenário majoritário antigovernista. Os caminhos da CPI, portanto, levam a uma desejada e prévia culpabilidade. O Brasil tem essa mania bizarra. Personagens públicos viram réus condenados antes, em outros palcos que não a Justiça, vide expulsões de partidos, cassação de mandatos em conselhos de ética, manchetes de jornais. E depois, como já vimos inúmeras vezes, como na absolvição de Fernando Collor, fica tudo por isso mesmo.

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A CPI da Covid deixou de lado um básico compliance e botou na roda o controverso parlamentar youtuber, emigrado para os EUA anos atrás e de volta ao Brasil para concorrer  às eleições em 2018 – e vencer. Seria Luis Miranda um novo Pedro Collor de Mello, pivô do fim do irmão à frente da presidência da República, em 1992? Jamais. Falta a Miranda legitimidade para tal. O novato deputado federal tem muito mais a explicar sobre seus negócios confusos nos Estados Unidos do que a acrescentar a uma CPI que se propõe séria, com o objetivo de buscar os responsáveis pelo caos da pandemia no Brasil.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Pandemia é uma profunda e exacerbada crise social e de política pública que não admite nenhuma interferência empresarial ou de iniciativa privada. Já as compras de insumos, produtos e serviços da Administração Pública em regime de vida normal atende à toda gama de pressões privadas e empresariais para a venda de seus serviços e produtos, em concorrência livre e normatizada, publicada em editais e articulada nos bastidores, como há séculos se faz em todas as partes do mundo.

  2. CPI q se propõe séria????
    Kkkkkkk q piada!!
    A partir do momento,q a jagunçada disse q não focaria em governos estaduais e prefeituras,só sendo um completo lesado para acreditar q esse circo fosse minimamente sério!!!

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