Marques: Personagens obscuros se revelam na saga do Mico Rei

O jornalista Mario Marques continua suas fábulas sobre a fauna política do Rio de Janeiro

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Foto: D. Gordon E. Robertson

Nas profundezas da floresta, nos grotões mais ermos, na escuridão mais apavorante habita o Mico Vermelho. São dele, nos corredores do mal, as ideias mirabolantes que fazem do Mico-Rei o ser vivo que se tornou. O Mico Vermelho, embora discreto, surge sempre no meio do nada, do nada a lugar nenhum. E a história de hoje mostra que, mesmo no nada, Mico Vermelho está com os pés e mãos em todos os poderes.

Como todo rubro, Mico Vermelho tem laços fortes e intensos com a vermelhidão da selva. Sua estreita relação com Gorilão Laranja, que trafega bem por várias e distintas matizes, põe o Mico Vermelho dividido. Sua alma é vermelha, aquele vermelho gasto, ardido pelos malfeitos, quase torpe, que todo mundo conhece. Mas sua sobrevivência é azul. Azul da cor do mar. Entre o vermelho e o azul, MV fica com os dois. O que colar ali na frente colou.

Mico Rei, antes intocável, agora vê seu reino em desgraça. O ataque do Gorilão Laranja feriu gravemente Mico Rei, que logo chamou Mico Vermelho para socorrê-lo. Jorrava sangue por todos os lados, mas, como bom assistencialista, Mico Vermelho proveu ajuda. O olhar de soslaio de Mico Rei para Mico Vermelho, como que ostentando ali já um desejo de desbotar seu azul, é perigoso. Para ambos.

Tudo ia muito bem conforme o planejado. Mico Vermelho, responsável pela distribuição dos alimentos na floresta, cumpria a tarefa com maestria. Os animais, macacos, jacarés, cobras, todos estavam supernutridos. Gorilão Laranja observava de perto com olho gordo. Até que o chamado do Huski Siberiano, que já dominou a terra até ser preso por Lobo-Guará, animal acostumado a caçar sozinho, mudou o rumo da prosa.

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Huski queria sangue. E deu as armas a Gorilão Laranja. Com os pés separados por um lado e outro, Mico Vermelho agora está em momento de incerteza absoluta em relação a suas cores. É quase uma crise de identidade. Ficar no azul ou no vermelho? Em sua visão, o azul pode ser gigante, mas com duração curta. E o vermelho pode ser para sempre. Ou por pelo menos mais 4 anos. O que Mico Vermelho fará?

A floresta quer saber. O fato é que Mico-Rei, acostumado a bajulações e a ser cercado da macacada, está começando a se sentir só. Sente-se vítima de uma conspiração, como se ele próprio já não tivesse sido um grande conspirador. As traições começam a se descortinar. São cortinas de todas as cores. Inclusive vermelhas.


A cacatua Snowball, dançarina por natureza e diretora da escola de samba Vacina Boa é Vacina no Braço, proibiu dancinhas no reino devido ao vírus Hipocrisia-19. Mas liberou geral a festa em seu terreno particular. Desde que paguem para entrar.

Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.

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