Marques: Ronaldo Gomlevsky pode ser pré-candidato a governador do Rio de Janeiro

Em sua coluna Mario Marques fala que a direita pode sair do armário com a pré-candidatura de Ronaldo Gomlevsky a governador do Rio de Janeiro

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Em 2018, a uma semana da eleição, a direita fluminense saiu do armário. O armário estava trancado, e quem estava dentro não sabia para onde ir: havia Romário, Indio da Costa e o “soldado de Lula” Eduardo Paes do lado de fora tentando abri-lo. Ao destravar a porta, as cortinas do quarto escancararam e uma massa grande antiPT pôs o inesperado juiz Wilson Witzel no segundo turno. Em 2022, o armário está lacrado. Mas, nos últimos meses, grupos de direita que reúnem ex-integrantes do Partido Novo, ex-aliados de Claudio Castro, militares e bolsonaristas buscam uma nova chave que reabra os caminhos da lógica conservadora. E o mais próximo da porta desse armário é Ronaldo Gomlevsky.

O advogado e jornalista, que já foi vereador ao lado de Jair Bolsonaro nos anos 80, exerceu o cargo de presidente da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (Fierj) por três mandatos alternados e chegou a ser candidato a deputado estadual, federal e a presidente do Flamengo, é assediado para entrar no jogo. Gomlevsky filiou-se ao PL recentemente para seguir o presidente Bolsonaro. Mas a maioria de seus apoiadores pressiona para que deixe o partido e siga para um nanico para disputar a eleição em outubro. O armário começa a ficar entreaberto.

De fato, a candidatura Claudio Castro não representa a direita, tanto pelo fato de o governador atual não ser um defensor público límpido de Bolsonaro quanto pelo número de petistas que comandam seu governo, uma gestão cada vez mais próxima da esquerda, tal o volumoso processo de “toma lá dá cá”. Castro ainda não empolgou a direita, que segue em busca de um caminho. Gomlevsky tem um perfil linha-dura, discurso forte e não abre mão dos princípios que norteiam a direita: família, pátria, conservadorismo, religião.

A Gomlevsky juntam-se  na disputa Rodrigo Neves (PDT), Felipe Santa Cruz (PSD), Andre Ceciliano (PT), Paulo Ganime (Novo), Marcelo Freixo (PSB). Anthony Garotinho, que vem se fortalecendo na cidade do Rio de Janeiro e tem base sólida em todo o estado do Rio, ainda não decidiu se sai a governador ou deputado federal. Deve decidir em março. O empresário Marco Capute, que ensaiou uma pré-candidatura, segue estudando as peças do xadrez.

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O cenário do estado do Rio para a política está aberto. O presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, já sondou alguns nomes como alternativas a Claudio Castro, diante da inércia do governador em defendê-lo e de seu ideólogo petista, que dá as cartas em sua gestão. O presidente da Alerj, Andre Ceciliano, derrapa entre uma candidatura ao senado e ao governo do estado, seguindo orientações estratégicas de Lula. Marcelo Freixo parece imprensado entre o PSB e o PSOL, que deve lançar candidato próprio.

Onde entraria Gomlevsky? O experiente gestor, que já comandou uma estatal federal na década de 80, tem 73 anos e 3 livros publicados. Distante da política há algumas décadas, tem feito lives quase diárias reunindo gente do centro e da direita para debater os temas nacionais, especialmente para buscar formas de defender a governo Bolsonaro. Recentemente, mostrou que a gestão do presidente, em números, é mais eficiente do que em todas as gestões petistas. Gomlevsky entra num enorme vácuo deixado por Witzel.

De fato Gomlevsky é a cara da direita. Polêmico, fala duro, democrático que abre espaço para todas as correntes, não deixa perguntas sem resposta e é fiel a Bolsonaro. Um retrato desse personagem carioca, nascido em Copacabana, é descrito em “Furacão no gueto”, livro lançado em 2018, com uma entrevista ao jornalista Victor Grinbaum. Gomlevsky já passou por 71 países e 191 comunidades judaicas, registrando a história do povo judeu planeta afora. É um dos maiores conhecedores do tema do mundo.

Nas próximas semanas, grupos políticos ligados a Gomlevsky devem levar à sua casa uma carta de intenções pedindo ao advogado que se candidate ao governo do estado do Rio e torcem para que dê certo. A ideia é começar a costurar uma filiação a um partido que lhe dê a possibilidade de concorrer.

Defendem os apoiadores de Gomlevsky que a estrutura partidária não importa. Basta lembrar que Wilson Witzel, tendo apenas o seu PSC e sem apoio de nenhum prefeito, venceu Eduardo Paes, que em 2018 tinha ao seu lado 90% da classe política.

O armário está tremendo.

Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.

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