Marroni Alves: Os pré-candidatos a prefeito de Seropédica para as eleições de 2020

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Imagem da Universidade Rural, que fica em Seropédica

Assassinatos, medo e silêncio. Palavras de ordem na política do município de Seropédica, na Baixada Fluminense, localizado a 78km da Capital. Com uma população de 82 mil habitantes, não há um que não cite uma história de morte, quando o assunto é política. Há aproximadamente quatro anos, conflitos políticos parecem ser resolvidos no tiro. O primeiro caso é do vereador Luciano DJ, morto a tiros após sair de uma festa,  em seguida o ex-candidato a prefeito Miguelzinho, assassinado a tiros em uma padaria na antiga estrada Rio-São Paulo por um homem de máscara e por fim os suplentes de vereador Camilo, Júlio Reis e Rafael 39, este também morto em uma padaria com tiros no rosto. Miguelzinho foi o caso que mais chamou à atenção por ter sido candidato à prefeitura da cidade em 2016 pelo Partido da Mulher Brasileira (PMB), terminando em terceiro lugar, com 7.65% dos votos. O vencedor foi Anabal Barbosa (PDT), com 82,03% dos votos de quem era opositor e crítico nas redes sociais.

No mesmo ano da última eleição para a prefeitura da cidade, o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, demonstrou preocupação com assassinatos envolvendo políticos e pré-candidatos às eleições da Baixada Fluminense. Na ocasião, o ministro falou que é “preocupante a reiteração de crimes dessa natureza, razão pela qual esses homicídios devem ser investigados”.

A declaração do ministro aconteceu no contexto de 14 assassinatos políticos em 9 meses, dentre eles 12 por motivação política, segundo a Polícia Civil. A primeira daquela série de assassinatos foi a do vereador Luciano DJ. Ele seria vice na chapa de Miguel nas eleições do ano seguinte. A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) investiga os casos.

Seropédica é filha de Itaguaí, emancipada em 1995, teve como primeiro prefeito Anabal Barbosa (1997 à 2004). Em seguida, Gedeon Antunes foi eleito e cassado em 2006 pelo TSE. Substituído por Darci dos Anjos – segundo colocado em 2004 – que se reelegeu em 2008 e logo em seguida também foi cassado. Entrou Alcir Martinazzo, o segundo colocado no pleito de 2008 que reelegeu-se em 2012 e mesmo com duas tentativas de cassação, conseguiu terminar o mandato. Seropédica é conhecida por ter em seu território a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), maior campus da América Latina, com aproximadamente 3.024 hectares e 131.346 metros quadrados de área construída. Conhecida no passado como Universidade Rural do Brasil por ter estabelecido as bases do ensino agropecuário no país, a instituição tem sua origem num decreto federal de 1910 que criou a Escola Superior de Agronomia e Medicina Veterinária, instalada na capital fluminense.  Em 1948, foi transferida para o então distrito de Seropédica, no município de Itaguaí. O nome UFRRJ veio em 1965.

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Ser candidato em Seropédica pode ser um caminho para antecipar a morte dependendo o poder de quem você pode ameaçar. Por isso o quadro abaixo relaciona apenas três pré-candidatos com interesse em disputar as eleições de 2020 e nenhum é um novato na política. Já nomes conhecidos da cidade como o deputado estadual Fábio Silva (DEM), Luciano da Rede Construir, o ex-deputado Wilson Bezerra (MDB) e Dr. Renê Vigne se articulam nos bastidores, mas até agora não anunciaram candidatura ou apoio a algum pré-candidato.

ANABAL (PDT)

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Candidato natural a reeleição o atual prefeito Anabal Barbosa, disputará o quarto mandato. É soldado bombeiro militar, foi vereador de Itaguaí (1993 à 1996), primeiro prefeito eleito de Seropédica (1996 à 2004) e único político do município eleito deputado estadual (2006-2010). Disputou os pleitos de 2008 e 2012, sendo derrotado e retornou a gestão do município nas eleições de 2016.

Anabal em maio deste ano teve os direitos públicos suspensos por cinco anos e a perda da função pública decretados pela Justiça. A decisão foi tomada em um processo de improbidade administrativa instaurado em 2003 pela contratação irregular do Instituto de Administração do Rio de Janeiro (IARJ) para promoção de um concurso público. Permanece no cargo através de uma liminar.

Para a reeleição, enfrentará a rejeição dos servidores públicos e dificuldades para melhorar a infraestrutura, educação e saúde da cidade que agora teve sua UPA reinaugurada.

MARTINAZZO (PSDB)

prefeito martinazzo Marroni Alves: Os pré-candidatos a prefeito de Seropédica para as eleições de 2020

Recém filiado ao PSDB por convite de Paulo Marinho, o ex-prefeito Alcir Martinazzo já circula pelas ruas de Seropédica como pré-candidato. Sua carta de apresentação é uma certidão de quitação eleitoral do TSE, o que lhe garante a plenitude de seus direitos políticos.

Ex-vereador e vice-prefeito de Itaguaí, Martinazzo disputou as eleições de 2008, ficando em segundo lugar. Com a cassação de Darci dos Anjos pelo TSE, assumiu o município e reelegeu-se em 2012 para um segundo mandato marcado por brigas com a Câmara Municipal e duas cassações por improbidade administrativa. Entre idas e vindas, conseguiu terminar o mandato.

PROFESSOR LUCAS (REDE)

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O atual primeiro-secretário da Câmara Municipal de Seropédica, Professor Lucas, está no segundo mandato de vereador. É membro da Primeira Igreja Batista de Seropédica, atua no magistério na cidade desde 2003 e é professor concursado da rede estadual de ensino.

Único vereador de oposição em uma Câmara com 10 parlamentares, Lucas constantemente denúncia irregularidades em contratos no Ministério Público, protocola pedidos de CPI referentes contratos do município e dialoga bem com os servidores públicos.

Em 2017, o vereador usou a tribuna da Câmara para comunicar que caso lhe aconteça algo, que o responsável direto será o prefeito Anabal (PDT). Lucas foi autor da Moção de Repúdio para a primeira-dama e secretária de Educação, Cultura e Esporte de Seropédica, que declarou que os professores da Rede Municipal de Educação, deveriam ir trabalhar de jegue.

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Cidadão Baixada. Filho, neto e bisneto de pernambucanos é caxiense, portelense, tricolor, professor de História e Jornalista. É pesquisador na área da pessoa com deficiência, voluntário do Lions Clube Xérem e no Pré-Vestibular Comunitário da Educafro.
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2 COMENTÁRIOS

  1. Um assunto difícil, mas que precisa ser mostrado. A Baixada Fluminense necessita se livrar desse estigma de resolver diferenças políticas à bala.
    Um assunto atual e muito bem analisado. Parabéns!

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