O cemitério de Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte do Rio, nesta quarta-feira (21) foi palco de uma visita técnica da Equipe de Identificação de Mortos e Desaparecidos Políticos (EIMDP), vinculada ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC).
O local abriga um memorial em homenagem aos mortos e desaparecidos durante a ditadura militar e, a partir de agora, volta a integrar de forma ativa os esforços nacionais de reparação histórica. A diligência tem como objetivo realizar um diagnóstico preliminar das condições dos restos mortais, com foco na coleta de material para exames de DNA de pelo menos 15 desaparecidos políticos.
A ação marca a retomada das atividades da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), oficialmente reinstalada em 2024.
Na quinta-feira (22), a agenda se estende com uma audiência pública no Auditório do Arquivo Nacional, no Centro do Rio, às 16h, seguida da cerimônia de entrega de certidões de óbito retificadas a familiares das vítimas da repressão. O evento é aberto ao público e contará com a presença da ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo.
O cemitério é um dos pontos simbólicos da repressão militar no Brasil. No local, foi erguido o Monumento Tortura Nunca Mais, justamente onde, entre 1970 e 1974, havia uma vala comum com ossadas de vítimas da ditadura misturadas aos restos mortais de mais de duas mil pessoas enterradas como indigentes.
Desde 2024, o cemitério integra a lista de locais prioritários da CEMDP, em um processo que visa resgatar a memória, promover justiça e oferecer respostas às famílias que ainda aguardam a identificação de seus entes desaparecidos.
A retomada das análises e a entrega das certidões corrigidas simbolizam um avanço no reconhecimento institucional das violações cometidas pelo Estado durante o regime militar e representam um gesto de acolhimento às famílias que seguem em busca de verdade e memória.