Mercado Imobiliário do Rio vê coisas boas começando a acontecer

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Prédio do Clube do Flamengo no Morro da Viúva
Prédio do Clube do Flamengo no Morro da Viúva/ Cyrella

Enquanto o novo governo estadual vem se vangloriando dos bons indicadores de suas políticas públicas de combate à violência – queda do número do roubo de cargas, queda do número de homicídios e aumento do número de autos de resistência (leia-se: quando a polícia mata bandidos) – o setor imobiliário do Rio de Janeiro acaba – ninguém sabe se por franca coincidência ou se em resultado de as pessoas se sentirem mais seguras – tendo boas histórias para contar. Às vésperas da (bem possível) aprovação da reforma da previdência, o setor imobiliário começa, ainda que lentamente, sentir os resultados das políticas públicas e, talvez, da própria queda dos preços dos imóveis na cidade, que, segundo especialistas, chegou, em alguns casos, a 60%. 

“Enquanto os grandes investidores estão claramente esperando a aprovação das reformas, os compradores de imóveis de valores até um milhão de reais já começaram a comprar”, garante Victor Jessula, Diretor de Vendas do departamento de imóveis comerciais da septuagenária imobiliária Sergio Castro, com 4 escritórios e um badalado Centro Cultural na Rua das Laranjeiras.

História parecida nos contou André Toledo, da novata Block Imóveis, do Recreio dos Bandeirantes.

Praia do Recreio - Foto: Pedro Kirilos | Riotur
Praia do Recreio – Foto: Pedro Kirilos | Riotur

“É possível comprar um imóvel no Recreio, próximo à praia, pelo mesmo preço de outro imóvel similar no Méier, Cachambi ou Vista Alegre. Isto tem contribuído imensamente para o nosso sucesso”, diz Toledo, que começou o negócio há cerca de 3 anos, e hoje conta com equipe de mais de 50 profissionais em sua imobiliária na rua Genaro de Carvalho. 

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Segundo ele, a própria crise econômica que causou a queda dos preços é a atual responsável por tantas pessoas estarem conseguindo comprar imóveis que considera de ótimo nível, em um bairro que – se não tem a tradição de Méier ou Tijuca – conta com uma maior sensação de segurança e um clima praiano que o torna mais desejável do que os bairros das zonas suburbana e norte para o carioca médio.  Além disso, após uma extensa pesquisa feita pelo Diário do Rio no site Zap Imóveis, realmente procede a história:  há condomínios de apartamentos nas imediações da Linha Amarela que estão custando mais caro do que apartamentos relativamente próximos à praia tão querida por membros da classe artística carioca.

Alguns sucessos pontuais do mercado de lançamentos deram uma sacudida no mercado imobiliário da Zona Sul, como por exemplo a venda por incríveis – e quase inacreditáveis, não fossem comprovados – R$ 23.000,00 por metro quadrado dos apartamentos que a construtora Cyrella está construindo (isso mesmo, nem prontos estão!) naquele prédio abandonado que  pertencia ao Clube do Flamengo, no Morro da Viúva, no bairro que leva o mesmo nome do time de futebol.  Mais de uma centena de apartamentos de três quartos foram vendidos por valores próximos a 4 (quatro!) milhões de reais; e sabemos que o bairro do Flamengo não figura sequer entre os dez bairros mais valorizados da cidade. 

Parque do Flamengo - Cidade do Rio de Janeiro - Foto: Alexandre Macieira | Riotur
Parque do Flamengo – Cidade do Rio de Janeiro – Foto: Alexandre Macieira | Riotur

“Foi um sucesso pontual, uma exceção”, diz Victor Torres, corretor de imóveis residenciais. “O metro quadrado do Flamengo normalmente fica mais ou menos na metade do que foi praticado no prédio da Cyrela, mas quantos outros prédios tem aquela vista eterna, com facilidades e área de lazer? De toda forma, foi uma boa notícia pro mercado, pois foi praticamente tudo vendido rapidamente. Na Zona Sul existe demanda reprimida de imóveis novos com área de lazer e serviços. Mas mesmo assim, imóvel residencial na Zona Sul, se o proprietário deixar a gente trabalhar pelo preço de nossa avaliação, é ativo que vende muito rápido”

O Diário do Rio está acostumado com os discursos positivos dos corretores e sua fé na melhora da situação de seu mercado. Damos sempre um desconto. Mas, desta vez, quisemos confirmar e pedimos uma entrevista ao principal executivo da Sergio Castro, que é hoje a maior anunciante de imóveis da cidade, com páginas inteiras, todos os dias, no Jornal O Globo – periódico impresso de maior circulação do Rio. Os dados acabam impressionando quando aliadas aos repetidos anúncios nas principais rádios do Rio, isso além dos anúncios nos portais de imóveis, aos quais todos os corretores vêm recorrendo.  Um executivo do mercado da construção que não quis se identificar disse ao Diário que “Se estão gastando tanto com publicidade, não é possível que não estejam vendendo”. 

Largo do Boticário - Foto: Alexandre Macieira | Riotur
Largo do Boticário – Foto: Alexandre Macieira | Riotur

Cláudio Castro nos recebeu na Casa de Laranjeiras, um palacete restaurado no estilo art déco, na Rua das Laranjeiras, decorado com quadros de artistas do naipe de Rego Monteiro, Hércules Barsotti, e outros.  “Ano passado foi muito bom para nós, vendemos todo o Largo do Boticário, a Fábrica do Sabão Português na Avenida Brasil que alugamos ao Assaí. Este ano fizemos uns negócios que disseram que iriam ser impossíveis. Por exemplo, vendemos o antigo prédio do Touring Club na Avenida Brasil, que foi também a Univercidade, um ‘esqueleto’. Negociamos três hotéis de mais de 100 quartos, e isso nos deixou claro que o Rio tem mais do que esperança. Tem futuro.” 

A jornalista Anna Ramalho noticiou outro dia que Castro recebeu em seu escritório o bilionário português Joe Berardo e sua esposa. Estariam interessados em fazer um museu art déco na Cidade.  “Não posso dar detalhes, mas posso dizer que não são poucos os estrangeiros que começam a pesquisar o que temos disponível, ainda por preços baixos”, declarou Castro, que escapou que ainda este ano abrirá duas lojas novas dedicadas ao mercado de imóveis residenciais da Zona Sul. “Vamos abrir ainda este ano nossas filiais no Leblon e no Jardim Botânico. Os espaços já estão em obras. Quem não acredita na Cidade não abre filial nova em bairro onde imóvel custa caro. O Rio vai vencer essa guerra.”

Toledo, da Block Imóveis, se junta ao coro. “Ninguém estava acreditando no mercado imobiliário quando abrimos a Block aqui no Recreio. O que ocorre é que em tempo de crise, só fica no mercado quem tem a corretagem no sangue. Agora que as coisas começaram a andar bem, conseguimos ter certeza de que  na crise a gente aprende a trabalhar mais e melhor, e agora os resultados estão vindo”.

A verdade é que vendas estão acontecendo, mas os preços dos imóveis ainda não começaram a subir na cidade, o que alguns especialistas acabam usando como justificativa para recomendar a compra à vista a quem pode fazê-lo, antes que a retomada se concretize.  É esperar para ver.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Me expliquem o que acontece com os raros empreendimentos novos no Centro residencial (ambos na Rua do Resende), um está com “últimas unidades” desde que começou a erguer o prédio, ou seja, não vendeu tudo até agora e pagar R$800 mil por um 2 quartos no Centro… o outro na esquina da Ubaldino do Amaral está pra começar há muito tempo e nada…

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