Miguel Fernández: Efeitos decorrentes da navegação no Complexo Lagunar de Jacarepaguá

Miguel Alvarenga Fernández y Fernández, presidente da ABES/RIO e Renato Castiglia Feitosa, conselheiro da ABES/Rio falam sobre o Complexo Lagunar de Jacarepaguá

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Foto: Eduardo P.

Miguel Alvarenga Fernández y Fernández, presidente da ABES/RIO e Renato Castiglia Feitosa, conselheiro da ABES/Rio

A falta da visão holística dos assuntos voltados ao planejamento e aos serviços básicos de infraestrutura cobram um preço que acabam resvalando na questão ambiental e que também retroalimenta outros problemas estruturais. Afinal, para toda ação existe uma reação e o assunto em pauta remete à consequência de uma solução adotada para suprir a falta de planejamento associado ao transporte público na cidade do Rio de Janeiro.

O Complexo Lagunar de Jacarepaguá, em suas áreas navegáveis, cresce como via de transporte aquaviário alternativo em virtude dos constantes congestionamentos das rodovias e acirramento dos problemas dos ônibus e BRTs da região.

Atualmente, o Canal de Marapendi, que apresenta uma orientação paralela à Avenida das Américas, tem sido a via mais utilizada para transporte aquaviário alternativo. Entretanto, as consequências deste tipo de solução já são processos erosivos evidentes.

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A caracterização de um ambiente lagunar está associada à baixa energia hidrodinâmica, conferindo uma condição geomorfológica particular, na qual as margens são constituídas por sedimentos finos e qualquer perturbação antrópica pode se transformar num processo de erosão ou assoreamento.

Em trechos estreitos, como o Canal de Marapendi, a perturbação da superfície livre devido à locomoção de embarcações altera a condição natural criando ondas que passam a interferir no equilíbrio hidrosedimentológico, suspendendo sedimentos mais finos, que acabam sendo transportados e depositados nas partes mais profundas, resultando em processos de erosão (margens) e assoreamento (canal central). Somada a essa condição, o lançamento de esgotos, principalmente das favelas localizadas nas margens do complexo lagunar, aporta regularmente sedimentos que também contribuem para o assoreamento destas lagoas e canais. No estado atual já são observados processos erosivos e de assoreamento avançados.

Considerando a ocupação já consolidada das margens do sistema lagunar da Barra da Tijuca, restam apenas as ações mitigatórias do processo erosivo. Soluções tradicionais englobam estruturas construídas com enrocamento ou concreto, que possuem resistência significativa às ações hidráulicas e intempéries. Entretanto, os impactos ambientais e visuais podem ser mais significativos se comparados às soluções naturais constituídas pelo revestimento das margens por vegetação.

Apesar de não ter objetivado a melhora das condições do transporte aquaviário no Complexo Lagunar de Jacarepaguá, a concessão dos serviços de água e esgoto da Região, estabeleceu que a nova concessionária será obrigada a investir, nos primeiros 3 anos, R$ 250 milhões em ações de dragagem e recuperação das lagoas. Além disso, está previsto mais de R$ 430 milhões em intervenções nos sistemas de saneamento com direta consequência na redução de lançamento de esgotos no complexo lagunar.

Esta é uma oportunidade sinérgica onde a agência responsável pela regulação dos serviços de saneamento (AGENERSA) deve atuar para que essas intervenções previstas melhorem, além do saneamento, também as condições de navegabilidade do complexo lagunar de Jacarepaguá.

Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.

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