Se Copacabana vai eleger o “bar mais barulhento do bairro” com direito a prêmio simbólico e tudo, o vizinho Botafogo preferiu um protesto mais silencioso — mas não menos direto. Nos últimos dias, moradores penduraram faixas nas ruas mais movimentadas da noite boêmia do bairro, como a Arnaldo Quintela, Oliveira Fausto, Rodrigo de Brito e Fernandes Guimarães. Em letras garrafais, mensagens como “Botafogo sem lei” e “Queremos calçadas livres, ordem e sossego. Pagamos impostos” deram o recado.
A manifestação, que coincide com a chegada do Dia Mundial da Conscientização sobre o Ruído (que será celebrado na última quarta de abril), foi organizada por moradores que se queixam do barulho excessivo, da ocupação desordenada das calçadas por mesas e cadeiras de bares, do acúmulo de lixo e até da infestação de ratos nas imediações da Arnaldo Quintela — assunto que, inclusive, virou notícia nesta última quarta aqui no DIÁRIO DO RIO.
Boa parte da insatisfação vem da Lei Complementar 226, aprovada durante a pandemia, que flexibilizou o uso do espaço público por bares e restaurantes. Segundo os moradores, a medida — criada para salvar o setor em tempos difíceis — hoje estaria sendo aplicada sem critérios claros e sem ouvir quem vive nos arredores. Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) chegou a ser firmado entre a prefeitura e representantes dos bares, mas, segundo a Associação de Moradores e Amigos de Botafogo (AMAB), o acordo foi feito sem consulta aos residentes.
Há cerca de um mês, uma reunião entre a Seop, representantes dos bares e moradores foi realizada para esclarecer as regras e ouvir os dois lados. Mas, na prática, segundo relatos, pouca coisa mudou. Um grupo chegou a planejar uma manifestação presencial para o último sábado (12/04), mas acabou cancelando o ato por receio de retaliações.
Eu não moro de frente. Se morasse, jogaria balde de água, papel higiênico molhado e xixi.
O alvará desses lugares normalmente salienta que “é vedado o prejuízo à vizinhança”. Só queremos que eles cumpram a lei. Nada mais! Os comerciantes não podem ganhar à custa dos moradores!
Os estabelecimentos sequer cumprem rigorosamente as leis apresentando Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) e o Relatório de Impacto de Vizinhança (RIV). Provavelmente apresentam tais documentos feitos no cópia e cola e remotamente de um escritório, sem o responsável sequer visitar o local.
E menos barulheira, principalmente de motocicletas. Estou pensando seriamente em me mudar do Rio por causa disso. Só volto a votar quando um candidato se comprometer a acabar com essa insanidade.
Se o cidadão carioca e brasileiro “subisse a régua” e cobrasse a entrega de resultados, faria mais protestos como esse. Excesso de boemia desregulada pode até gerar empregos mas seu subproduto é a destruição de patrimônio, já que quem investe para viver em paz não vai tolerar a qualidade de vida que buscou se perder em barulhos e cacos de vidro. Vende imóveis e negócios e parte para outro lugar. Apoio sua decisão, mostra que o Rio “real” não é um bom lugar.
E menos barulheira, principalmente motocicletas. Estou pensando seriamente em me mudar do Rio por causa disso. Só volto a votar quando um candidato se comprometer a acabar com essa insanidade.