Mostra ‘Cons.tru.ção’ entra em cartaz na Galeria Contempo, em SP

Trabalhos reunidos na exposição pretendem gerar uma reflexão sobre o ato de construir no universo artístico, partindo da premissa de que na arte não existem interpretações permanentes

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Thiago Nevs/ Sem título, 2024 Spray e esmalte sobre madeira 80 x 80 cm

A Galeria Contempo, em São Paulo, recebe a partir 15 de fevereiro coletiva a Cons.tru.ção. A mostra, que traz dois artistas cariocas, aborda a miríade de aplicações relacionadas ao ato de construir. No sentido físico, a palavra construção pode ser usada como edificação, produção, confecção.

No linguístico, pode referir-se ao encadeamento sintático das palavras, frases ou orações, respeitando as normas da língua. No domínio das ciências humanas pode estar atrelada à estruturação de ideias, valores ou narrativas.

Portanto, construir pode envolver tanto o ato concreto de materializar algo mensurável quanto a elaboração de abstrações, manifestadas em sentidos, valores e significados.

No Brasil, o campo das narrativas sempre foi um espaço privilegiado da construção de um vocabulário político-social.

De Brasília à canção de Chico Buarque, de Juscelino Kubitschek a Hélio Oiticica, a construção em suas diversas aplicações está presente na história recente da República.

Com especial atenção à tentativa de estabelecer uma “brasilidade”, que se pretende universal e, ao mesmo tempo, dinâmica e definidora da nação dentro de um contexto de forças que compõem a contemporaneidade.

Tais discussões e desdobramentos também alcançam a esfera da arte, com todas as suas peculiaridades no ato de atribuir sentido. Os trabalhos reunidos na exposição não pretendem responder à questão: Como pode um trabalho de arte atribuir um sentido, hoje, à construção?

As obras visam apenas realizar um exercício reflexivo, oferecendo um novo direcionamento. O posicionamento, em parte, aponta que todo impulso artístico encerra em si uma vontade de construção e de desconstrução, para que novas sínteses e significados sejam manifestados/construídos.

Para compor essa complexa discussão, a Contempo reuniu os trabalhos dos artistas Aldir Mendes de Souza, Greta Coutinho, João di Souza, Luiz Geraldo do Nascimento Dolino, Marina Ryfer, Natan Dias, Pavel, Rubens Vaz Ianelli, Thiago Nevs, Márcio Swk e Sérgio Guerini. 

A mostra fica em cartaz até dia 8 de março, de segunda à sexta, das 10h às 19h; e aos sábados, das 10h às 16h.

A Contempo fica na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1644, no bairro Jardim América, na capital paulistana.  

A Galeria

Desdobramento da ProArte Galeria, a Contempo atua no mercado desde 2013, por meio da idealização de Monica, Márcia e Marina Felmanas. O espaço reúne a produção artística contemporânea, apresentando artistas emergentes e alguns já consolidados.

Ao reunir pintura, desenho, gravura, tridimensional, fotografia e arte de rua – diferentes e vívidas linguagens e expressões, a Contempo pretende contemplar a diversidade da cena contemporânea.

A galeria já promoveu mostras na Casa das Américas, em Madri; e individuais de artistas como Antonio Bokel e Aldir Mendes de Souza.

Artistas que participam da mostra Cons.tru.ção:

Aldir Mendes de Souza (São Paulo, São Paulo, 1941 – 2007). Pintor,
desenhista, escultor e gravador. Formou-se pela Escola Paulista de Medicina
(EPM) em 1964, especializando-se em cirurgia plástica. Autodidata em
pintura, começa a expor no início da década de 1960, desenvolvendo
paralelamente as carreiras de médico e de artista. Defendeu sua tese de
doutorado em medicina pela Universidade de São Paulo (USP), em 1966. A
partir de 1969, o cafeeiro e o cafezal tornam-se assuntos constantes em sua
produção. Nos anos 1970, realiza pinturas que fazem referências à cidade se
expandindo em direção ao campo. Nessa mesma década, atuou como
roteirista e diretor de cinema, realizando curtas, médias e longas-metragens.
Em 1992, Souza comemora 30 anos de pintura com exposição no Paço das
Artes, em São Paulo. No mesmo ano, na Itália, publicou Geometrie Parlanti
[Geometrias Falantes], livro sobre sua obra que conta com textos de críticos
italianos e com um poema de Haroldo de Campos (1929-2003), escrito com
base na obra de Souza especialmente para essa publicação. Desde o início
da década de 1980 são lançados vários livros que analisam sua trajetória
artística, como Aldir – Obsessão pela Cor, da autoria dos críticos Frederico
Morais e Olívio Tavares de Araújo. O artista participou de cinco edições da
Bienal de São Paulo e tem obras em coleções de grandes instituições, como
Masp, Pinacoteca e Museu de Arte Contemporânea do Paraná.

Greta Coutinho (Santo André, São Paulo). Pintora e ceramista. Possui
formação em Letras pela Universidade de São Paulo (2016) e em Artes
Plásticas (2020) pela Escola Panamericana de Arte e Design. Sua trajetória
artística teve início na fotografia documental, tendo como foco sua própria
família, e no cinema, participando da adaptação de obras literárias para o
audiovisual com a Companhia Os Satyros. Em 2021 integrou o grupo de
estudos “Pintura: Práticas e Reflexão”, ministrado por Paulo Pasta no
Instituto Tomie Ohtake. Em 2022 colaborou com a Uncool Artist (NY/SP),
Talleres Diligente (Buenos Aires) e Aguafuerte Taller (Santiago). Atualmente
contribui com o Grupo FIGAS – Grupo de Pesquisa em Feminismos,
Imagens, Gêneros e Artes da UNESP. Vive e trabalha em São Caetano do
Sul-SP. Sua pintura tematiza o universo da intimidade e a figuração de
imagens de mulheres.

  1. João di Souza (Itabuna, BA, 1976). Pintor, nasceu na Bahia de Todos os
    Santos, onde foi influenciado desde cedo pelo bioma do interior baiano.
    Quando jovem, envolveu-se com a vida circense. Sua pintura tematiza uma
    visão fantástica da natureza, reinterpretada de modo sensual e lúdico. A
    situação de partida, sua juventude baiana, é transmutada em impulso para a
    criação. Sob influência de artistas figurativos latinoamericanos, Di Souza
    realiza o encontro do universo sensual e festivo, que aparece reiterado em
    suas telas também por meio de tons vibrantes e quentes. Quer nas pinturas
    de grandes dimensões ou em trabalhos pequenos, sua operação consiste em
    sistematizar uma inflexão formal da natureza, que, destituída da ordenação
    pregressa, se torna matéria e ponto de partida. Reside e trabalha em São
    Paulo.
  2. Luiz Geraldo do Nascimento Dolino (Macaé RJ 1945). Pintor. Iniciou seus
    estudos na Escolinha de Arte do Brasil, com Augusto Rodrigues, em 1961.
    Quatro anos depois, estudou no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro,
    com Ivan Serpa, passando a incorporar as formas geométricas ao seu próprio
    trabalho. Por volta de seus 20 anos, trabalhou como funcionário do Banco do
    Brasil, no Rio de Janeiro. Entre 1973 e 1984, residiu em diversos países da
    América Latina, tais como México e Argentina. Em 1984, mudou-se para a
    Costa do Marfim, de onde retornou ao Brasil em 1987, fixando residência na
    cidade do Rio de Janeiro. Em São Paulo, realizou o painel Loco por ti para o
    Palácio dos Bandeirantes e, em 1989, é responsável pela capa e pelo projeto
    gráfico do livro A Lição do Amigo, de Carlos Drummond de Andrade (1902 –
    1987), editado pela Editora Record. Um ano depois, a Editora Salamandra,
    do Rio de Janeiro, publica o livro Dolino, com uma coleção de trabalhos
    seus. Realizou exposição individual no Museu de Arte Moderna do Rio de
    Janeiro, em 1997. Em 2000, publicou o livro Allegro Affettuoso – memórias.
    Ainda naquele ano, realizou uma exposição individual no Museo de la
    Revolución, em Havana.
  3. Marina Ryfer (Rio de Janeiro, 1983) é arquiteta e artista visual. Explora a luz como presença escultórica, utilizando materiais comuns como cordas,
    lâmpadas, madeiras e espelhos. Formada em administração pela PUC-Rio e
    em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Santa Úrsula, tem mestrado
    em engenharia civil pela UFF. Além de ter ministrado aulas de instalações
    elétricas prediais, abriu o escritório Maru Arquitetura em 2015. Atualmente,
    divide seu tempo entre a arquitetura, ensino na Escola de Artes Visuais do
    Parque Lage e o desenvolvimento de sua prática artística.
  4. Natan Dias (Vitória, Espírito Santo) é artista multidisciplinar. Bacharel em
    Artes Plásticas pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Técnico
    em Arte Dramática pela Escola Técnica de Teatro e Dança (FAFI). Sua
    pesquisa atual se debruça sobre o movimento, a confluência dos materiais e
    suas tecnologias, assim como o deslocamento da memória no espaço-tempo. A investigação se materializa sobretudo em trabalhos escultóricos, serigrafia, escrita e arte digital. Junto ao ferro, de sua dimensão vivencial na perspectiva das culturas afro-brasileiras, por meio do raciocínio geométrico, ele compõe, projeta e executa módulos de encaixe e desencaixe. A construção desses módulos – trazendo à escultura a lógica do encaixe, recorrente no trabalho em madeira -, abre espaço à recombinação e a intervenções futuras. Enquanto projetista, elabora também a ideia de um objeto tridimensional (ainda) impossível. Participou de exposições como DOS BRASIS (São Paulo e Rio de Janeiro), Encruzilhada das Artes Afro Brasileira (São Paulo, Belo Horizonte) e do 33° Programa de Exposições do Centro Cultural de São Paulo – CCSP. Entre as exibições de suas obras, destacam-se as exposições permanentes de obras monumentais como Movimento à Tecnologia, no Parque Estadual Público de Vila Velha, Uso obrigatório de Teimosia (Museu de Arte Rua de São Paulo) e Monumento a Kitembo, junto com Rafael Segatto, no Quintal Bantu (Vitória). Foi indicado ao Prêmio PIPA 2024.
  5. Pavel (Havana, Cuba, 1979). Nascido J. Pavel Herrera é artista visual cubano radicado no Brasil. Licenciado em Educação das Artes Plásticas e Mestre em Artes Visuais pela UNICAMP, desenvolve seu trabalho desde o tempo em que residia em sua cidade natal. Foi revelado no cenário artístico de seu país em 2014, com a exposição “Maldita Circunstância”, realizada na Casa Museu Oswaldo Guayasamín. Participou da 11ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, em 2018, do Prêmio Internacional de Pintura ISOLES, em 2011, na Sardenha, e da Residência Artística da FAAP no ano de 2016. Pavel tem desenvolvido uma extensa investigação sobre a insularidade como fenômeno geopolítico, catalisando reflexões sobre processos migratórios, memória e pertencimento. Suas investigações artísticas têm incidido sobretudo sobre a pintura, onde figura e debate o fenômeno da insularidade e os processos internos das pessoas que habitam uma ilha. Articula e constrói imagens em torno da migração, das comunicações, dos desejos, das relações ideológicas
    e políticas entre um sistema e o povo no contexto global.
  6. Rubens Vaz Ianelli (São Paulo, 1953). Morou até dezoito anos de idade com os pais, Arcangelo e Dirce Ianelli, e com o tio, Thomaz Ianelli, ambos
    pintores. Por dois anos viveu no estrangeiro, até 1967, onde fez sua primeira
    série de desenhos a nanquim. Criou sobre madeira e outros suportes diferentes. Na década de 1970, Rubens trabalhou preparando telas e chassis
    para os artistas e montou uma modesta molduraria. Criou suas primeiras
    pinturas a guache e a óleo. Nesse período de interesse geométrico,
    conquistou prêmios em salões de arte moderna e de arte contemporânea.
    Cursou três anos de graduação em Arquitetura e Urbanismo. Envolveu-se na
    luta contra o regime militar e decidiu fazer Medicina. É Mestre em Saúde
    Pública pela Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz-Rio. Trabalhou sete anos com
    populações indígenas do Brasil. A partir de 2001, distanciando-se da saúde
    pública, Ianelli fez uma série de exposições coletivas e individuais, entre elas,
    no Museu AfroBrasil de São Paulo, Museu de Arte do Rio Grande do Sul,
    Centro Cultural Cândido Mendes e Centro Cultural dos Correios, no Rio de
    Janeiro e Luz y Oficios, em Havana, além de algumas galerias de arte, no
    Brasil e em Portugal.
  7. Sérgio Guerini (Santo André, SP, 1961) é pintor e aquarelista. Iniciou sua
    trajetória nos anos 1980, fotografando muros, paredes e interiores, e passou
    a intervir nas imagens com aquarela e nanquim. Influenciado por Luiz
    Sacilotto, adquiriu conhecimento prático em técnicas tradicionais. Estudou
    pintura e gravura com Sergio Fingermann e aquarela com Selma Dafrrè e
    Ubirajara Ribeiro. Guerini combina aquarelas e impressões digitais, inspirado
    por fotos de construções barrocas e paisagens de Tiradentes-MG. Premiado
    em salões como o Paulista de Arte Contemporânea (1986) e de Santo André
    (1987 e 1988), expôs no Brasil, Estados Unidos, Espanha, Alemanha e, em
    2010, realizou uma individual em Portugal.
  8. Thiago Nevs (São Paulo, SP, 1985) é artista visual, vive e trabalha na capital paulista. Explora a memória, o cotidiano e a cultura popular em sua prática artística. Com interesse nas visualidades de técnicas tradicionais, retrabalha elementos como pinturas de carrocerias de caminhão, criando objetos, instalações e pinturas. Sua pesquisa aborda também as relações entre
    trabalhadores e seus instrumentos, destacando as estéticas dessa interação.
    Nevs realizou exposições individuais como SOBRE-CARGA (Galeria Luis
    Maluf, 2022) e participou de coletivas, como a 15ª Bienal Naïfs do Brasil
    (SESC Piracicaba, 2020), onde recebeu Menção Especial do júri. Premiado no
    21° Território da Arte de Araraquara (2024), possui murais espalhados pela
    América Latina e Europa, refletindo influências da pixação e do grafite em
    espaços públicos.
  9. Márcio Swk (Rio de Janeiro, RJ). Artista visual e grafiteiro, Márcio Swk é uma das referências do graffiti brasileiro, conhecido por suas composições que
    combinam letras, formas e cores. Próximo do “Wild Style”, suas criações
    refletem uma pesquisa contínua sobre tipografia e plasticidade das letras.
    Inspirado pelo nascer do sol que ilumina o Pão de Açúcar, visível de sua
    janela no Morro dos Prazeres, Swk transforma a paisagem urbana em um
    laboratório de cores. Membro das coletivas Santa Crew e FleshBeckCrew, ele
    carrega consigo as influências de Santa Tereza, bairro boêmio carioca onde
    começou sua trajetória. Parceiro da Galeria Homegrown e integrante do Arte
    Core, festival de arte urbana carioca no MAM Rio, Márcio também participou
    de importantes eventos como o “Art Rua” (2011, 2013), a 2ª Bienal de
    Graffiti em São Paulo (2012) e a exposição “Expo Matilha” no MUBE (2012).

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lapa dos mercadores 2024 Mostra 'Cons.tru.ção' entra em cartaz na Galeria Contempo, em SP

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