Muitas noites no museu: como estão os centros culturais fechados em tempos de pandemia?

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MAM. Foto: Rodrigo Soldon

Mesmo com as fases de flexibilizações aplicadas pela Prefeitura do Rio de Janeiro e pelo Governo do Estado, nossos museus e centros culturais ainda não estão liberados para a visitação do público. Diante de tal cenário, os espaços, cheios de história, estão se adaptando à nova realidade.

Nos filmes da trilogia “Uma Noite no Museu”, dirigidos por Shawn Levy e escritos por Robert Ben Garant e Thomas Lenno, baseados no livro infantil “A Noite no Museu”, de Milan Trenc, o acervo histórico de um museu ganha vida quando não tem ninguém visitando o local. Se algo do tipo aconteceu por aqui, ninguém sabe. Mas para manter tudo funcionando bem enquanto a sonhada volta às atividades normais é aguardada, algumas medidas estão sendo tomadas.

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Foto: Divulgação

“O isolamento decorrente da pandemia do Covid-19 trouxe muitos desafios para nós do departamento de Museologia do MAM Rio. Nunca havíamos sido obrigadas a nos afastarmos do acervo do museu e nos deparamos com a falta de parâmetros técnicos e recomendações de como proceder sobre a segurança das coleções, do museu e dos funcionários neste período. Decidimos, então, procurar colegas de outras instituições para uma troca de informações de como todos estavam lidando com o momento inédito e, assim como nós, tentando estabelecer diretrizes fundamentais diante da pandemia”, disse Camila Pinho, museóloga do MAM Rio.

A partir do contato com outros profissionais de diversas instituições culturais e funções variadas, um grupo de trabalho coordenado pelo ICOM Brasil (Conselho Internacional de Museus) foi criado e, como resultado dos encontros online, no início de abril de 2020 o documento “Recomendações do ICOM Brasil em Relação à Covid-19” foi escrito de forma colaborativa e democrática por 68 pessoas de 33 instituições diferentes. Foi este documento que guiou tanto as medidas adotadas dentro do Museu de Arte Moderna (MAM Rio) neste período, como em diversas instituições nacionais.

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“A fácil aplicação das recomendações contidas nesse documento para instituições culturais de diferentes tipologias e realidades é o fruto de um processo focado na interdisciplinaridade e colaboração, e mostra a força da área da conservação do patrimônio no Brasil. Tive a honra de receber o prêmio na categoria “Museum professions” desse mesmo fórum, representando o MAM Rio”, frisou Camila Pinho.

O percurso para a criação deste documento e o seu impacto foram objetos de estudo de um trabalho apresentado por mim no Young Professionals Forum, em Turim, na Itália. Organizado no início de julho pelo Centro Conservazione e Restauro La Venaria Reale, esse encontro internacional direcionado para jovens profissionais do patrimônio contou também com a parceria de outras instituições, como o ICOM Itália, o ICCROM, o International Institute for Conservation of Historic and Artistic Works, de Londres, e a Universidade de Turim.

E mesmo com as portas fechadas para o público, as atividades estão acontecendo e podem ser vistas online. Por exemplo, no MAM, há uma homenagem a Wanda Pimentel (1943-2019), que reúne cerca de 20 das quase 30 obras de sua autoria em nosso acervo, revelando ao público aspectos importantes de sua produção, como pinturas com uma palheta de cores fortes, e um tratamento mecânico e impessoal da imagem.

Um dos mais populares espaços dedicados às artes e à cultura no Rio de Janeiro, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-RJ), apresenta sua primeira mostra completamente virtual: a 2ª Mostra de Cinema Egípcio Contemporâneo. Disponível até o dia 23 de agosto, a seleção inclui sucessos egípcios da sétima arte lançados entre 2011 e 2019 que agradam fãs de vários gêneros: da ficção aos documentários, do mainstream ao independente, da comédia ao terror. Para acompanhar a mostra, basta cadastrar-se no site.

Desde que a pandemia chegou ao Brasil e as medidas de isolamento social foram adotadas, a importância da cultura e das artes vêm sendo ressaltadas. E com razão. Como disse o poeta Ferreira Gullar: “A arte existe porque a vida não basta”. Quando a realidade é dura como a que estamos vivendo, faz ainda mais sentido.

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