Na última quinta-feira (17/10), uma mulher deu entrada com quadro clínico grave no Hospital Copa D’Or, em Copacabana, após aplicar em casa uma dose de um produto falsificado vendido como Ozempic. Ela já fazia o uso da medicação acompanhada por uma endocrinologista, mas a adulteração da última unidade que comprou em uma farmácia na Zona Sul só foi notada após uma médica que a atendeu na emergência suspeitar do que poderia ter acontecido. A Rede D’Or comunicou o caso ao laboratório Novo Nordisk, que fabrica o Ozempic e já tinha relatado ter sido notificado de outros casos de falsificação do remédio, no Rio e em Brasília. A Polícia Civil investiga o caso. A paciente já teve alta.
A médica Luciana Lopes, coordenadora de endocrinologia do Copa D’Or, explicou ao jornal O Globo que a paciente deu entrada no hospital apresentando sintomas de doença neurológica. Ela afirmou que teria utilizado o Ozempic e, 15 minutos depois, começou a se sentir muito mal e foi levada pela irmã ao hospital: “a gente não sabia o que tinha nessa caneta que a paciente usou em casa, então a médica da emergência pediu que a família levasse o medicamento até o hospital para averiguar e, claramente, parecia uma caneta de insulina que trocaram o rótulo. Quando a gente olha a caneta e a caixa, até a cor está diferente. A caixa é igual, mas a caneta é em um azul mais escuro que a de Ozempic, como uma caneta de insulina. Não podemos garantir porque não analisamos a substância em laboratório, mas cabe uma investigação. A semaglutida, que é a fórmula do Ozempic, não provoca hipoglicemia e os sintomas da paciente eram muito o perfil de quem usa insulina em dose excessiva”.
Após comunicar o caso para a Anvisa e para o laboratório, a Rede d’Or emitiu um comunicado interno com o intuito de alertar os profissionais dos seus de 70 hospitais espalhados pelo Brasil para que possam identificar casos semelhantes a esse em suas emergências.
O Novo Nordisk, laboratório que produz o Ozempic, já havia emitido um comunicado no seu site, no dia 9, alertando ter sido informado de casos de falsificação de Ozempic, publicou um novo comunicado nesta sexta afirmando que “foram identificados casos de falsificação de Ozempic, principalmente nas cidades do Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF)”. Segundo a empresa, “há indícios de que canetas de insulina Fiasp FlexTouch foram readesivadas com rótulos de Ozempic possivelmente retirados indevidamente de canetas originais do medicamento”.
A Polícia Civil informou que o caso foi registrado na 13ª DP (Ipanema) e que o produto será enviado para a perícia e diligências estão em andamento para esclarecer todos os fatos.