Em Magé, além do acolhimento e encaminhamento das mulheres que sofrem com a violência doméstica, as políticas públicas da Lei Maria da Penha, que completa 18 anos na próxima quarta, dia 7 de agosto, vão além: o município conta em sua rede socioassistencial com o SER Homem, o Serviço de Responsabilização do Homem Agressor.
O Ser Homem trabalha com três eixos: a judicialização, a prevenção e a saúde do homem, e a desconstrução da violência doméstica. Os homens são encaminhados pela Justiça, passam por uma entrevista, participam de oito encontros e após dois meses retornam para uma avaliação. Além disso, o programa também aceita participantes voluntários.
Esse processo é feito com dinâmicas, vídeos, e debates de questões como o machismo e a cultura machista para desconstrução dessas ideias. Assim, eles passam a ser multiplicadores de que violência contra a mulher é crime. A Lei Maria da Penha não foi feita para o homem, ela foi feita para o agressor. O SER Homem de Magé recebe homens agressores encaminhados judicialmente, como parte da pena, para um grupo reflexivo visando a reavaliação da mentalidade e postura em busca de um novo comportamento perante a sociedade.
“Precisamos tratar a ferida; não adianta apenas dar suporte para as mulheres sem resolver a raiz do problema. O SER Homem é isso. Conta com psicólogos, assistentes sociais e o grupo reflexivo para ressocializar esses homens e oferecer uma nova oportunidade a essas pessoas”, disse a secretária de Assistência Social, Flávia Gomes.
Magé tornou-se o segundo município a adotar o serviço como política pública de enfrentamento à violência doméstica, atendendo ao inciso V do artigo 35 da Lei Maria da Penha. Cada homem encaminhado deve participar de oito encontros como parte das penalidades do processo ao qual responde.
“É um programa de reeducação emocional. Esse serviço já funciona no município há desde 2023, ganhou um espaço para que o serviço funcione de forma mais digna, tanto para a equipe técnica quanto para quem é atendido. E temos realizado um trabalho de enfrentamento em todas as perspectivas da Lei Maria da Penha”, reforça Flávia.
“Muitas vezes as pessoas pensam que esses homens, esses caras que são violentos, esses caras que são criminosos e tal. Só que esse homem, ele pode ser seu primo, ele pode ser seu filho, ele pode ser teu pai, ele pode ser teu avô. Está dentro da família. A questão da violência é horizontal e vertical. Pega todo mundo. Não tem jeito, o que a gente precisa desconstruir isso. E esse é o nosso trabalho, eu acredito nisso, acredito nessa desconstrução pra gente ter um mundo melhor. O mundo com violência contra a mulher, ele fica um mundo cada vez pior”, afirma o psicólogo do projeto, Renaud Brazileiro.
O Serviço de Responsabilização do Homem Agressor – SER Homem fica na Rua Hilda Portella, 19 – Flexeiras, Magé.