Municípios do RJ temem queda nos royalties após incêndio e interdição na Bacia de Campos

Com interdição da P-53 e incêndio na Cherne 1, municípios da Bacia de Campos projetam queda nos royalties de até 15%. Sindipetro-NF denuncia sucateamento das plataformas.

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Imagem: Nobrudrone

Os recentes incidentes com plataformas operadas pela Petrobras na Bacia de Campos, no Norte Fluminense, acenderam o sinal de alerta entre os municípios que dependem dos royalties do petróleo. A interdição da plataforma Martim Leste (P-53), na sexta-feira (18), e o incêndio na Cherne 1 (PCH-1), na manhã desta segunda-feira (21), causam preocupação quanto ao impacto financeiro das paralisações. As informações são de Lucas Luciano/Tempo Real.

A Bacia de Campos, a mais antiga do estado, envolve cidades como Macaé, Campos dos Goytacazes, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Armação dos Búzios, Rio das Ostras, Carapebus e São João da Barra, estendendo-se também ao sul do Espírito Santo.

O incêndio na Cherne 1, a cerca de 130 km da costa de Macaé, resultou na interrupção do escoamento de gás e falhas na comunicação da plataforma. Segundo o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), oito trabalhadores ficaram feridos, um deles resgatado do mar com queimaduras leves e encaminhado à plataforma PNA-1 para atendimento médico. A Petrobras confirmou que o trabalhador estava consciente e em processo de desembarque aeromédico.

A plataforma faz parte de campos cuja cessão para a empresa Perenco já foi acertada por US$ 10 milhões, com previsão de conclusão da transação em agosto deste ano. A estatal já recebeu US$ 1 milhão do valor total.

No caso da P-53, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) determinou a interdição após auditoria entre 8 e 17 de abril identificar falhas graves de segurança, incluindo a degradação de vigas estruturais e ausência de medições técnicas confiáveis. A unidade já havia sido interditada em fevereiro por problemas semelhantes. Atualmente, cerca de 240 trabalhadores estão com atividades suspensas.

O presidente da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro) e prefeito de Campos, Wladimir Garotinho (PSD), manifestou preocupação com os desdobramentos econômicos: “Falei há pouco com o presidente do Sindipetro que ainda está avaliando quais medidas serão tomadas. A principal plataforma de produção da nossa bacia já havia sido interditada na semana passada e esses incidentes, somados ao tarifaço de Trump, que fez o barril despencar abaixo dos 60 dólares, trarão problemas de fluxo de caixa nos próximos meses aos municípios da região. Muita serenidade e sabedoria a todos!”

Segundo Marcelo Neves, secretário executivo da Ompetro, o impacto pode ser significativo: “Cherne tem uma produção muito pequena, inferior a 1% se ficar paralisada o mês inteiro. O que mais preocupa é a Martim Leste. Se ficar paralisada por um mês, pode afetar em cerca de 15% os royalties dos municípios.” Ele lembra ainda que, além da produção, o cálculo dos repasses leva em conta o valor do Brent e a cotação do dólar, ambos em queda nas últimas semanas.

A Bacia de Campos, descoberta na década de 1970, já chegou a representar 80% da produção nacional e segue como um dos maiores polos produtores do país, com destaque para campos como Roncador e Marlim.

Em nota publicada nas redes, o Sindipetro-NF afirmou estar prestando apoio às vítimas no Hospital Público Municipal de Macaé (HPM) e criticou a falta de investimentos nas plataformas. “Infelizmente, o que vemos hoje são as consequências práticas do desmonte da indústria nacional do petróleo. O sucateamento da Bacia de Campos, além dos prejuízos econômicos, coloca em risco a vida dos trabalhadores. Não é por acaso que acidentes como esse têm se tornado mais frequentes”, destacou a direção do sindicato.

A entidade também anunciou que indicará um diretor para a comissão de apuração do acidente e que pretende denunciar o caso à Marinha do Brasil, ANP, Ministério Público do Trabalho, Ministério do Trabalho e outros órgãos fiscalizadores.

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