Se existisse um Oscar para obras eternamente inacabadas, o Museu da Imagem e do Som (MIS) de Copacabana já teria levado várias estatuetas. O prédio na Avenida Atlântica, que deveria ser um marco da cultura carioca, virou piada entre os moradores, que começaram a chamá-lo de “Ainda Estou Aqui”, em referência ao filme vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional. E, convenhamos, o título nunca fez tanto sentido.

A construção, que começou em 2010, quando muita gente nem sabia o que era streaming, ainda está em andamento — ou quase isso. Em setembro do ano passado, as obras internas foram retomadas pelo consórcio Copacabana, formado pelas construtoras R2X e Tangran Engenharia. O contrato, de R$ 68,8 milhões, prevê a entrega em 10 meses. Está no prazo, mas, depois de 13 anos de espera, os cariocas já não se empolgam fácil.
O projeto arquitetônico, inspirado nos morros e curvas do Rio, era para ter sido finalizado em 2012. Mas, o que continua lá é um esqueleto de concreto e vidro cercado por tapumes e redes de proteção. Até ano passado, mesmo com cerca de 80% da obra concluída, a nova sede do MIS ainda precisava de instalações elétricas, sanitárias e hidráulicas. A presença de ferrugem e infiltrações, resultado da má conservação e, claro, da exposição às condições climáticas — algo inevitável para qualquer prédio de frente para o mar — também atrapalhava o avanço dos trabalhos.

De acordo com relatórios do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e das empresa responsáveis pela obra, a demora se atributos às supostas péssimas condições que se encontram os canteiros de obra do MIS. Como é o caso, dos painéis que compõem a fachada. A empresa portuguesa responsável pela importação do material especial do sistema de fachadas e esquadrias, a Seveme, afirmou que algumas peças foram arruinadas e pontuou a existência de corrimãos enferrujados e espelhos danificados.
De acordo com o jornal Folha de São Paulo, o custo total da obra é incerto, e isso se deve aos atrasos e às assinaturas de sucessivos contratos que fizeram com que o projeto, estimado em R$ 70 milhões em 2009 (R$ 124 milhões em valores atualizados), atingisse atualmente mais de R$ 190 milhões.
Cariocas não perdem a piada
Nas redes sociais, os cariocas não perdoaram e o assunto virou alvo de críticas: “Gente, a previsão era para 2012? Estamos falando de mais de uma década para a construção de um museu, pelo amor de Deus, 13 anos, três eleições”, escreveu um internauta. Outro ironizou: “Se contar isso pro povo japonês, eles não vão acreditar! Com esse tempo, já teriam feito umas 500 obras com um nível bem superior.” Os 13 anos de atraso foram pontuados: “minha filha era bebê quando surgiu. Hoje é adolescente!”
Também há críticas à gestão estadual: “Com um governador totalmente desorientado, membro de um partido que odeia cultura, não há esperança de vermos essa obra terminada. Nosso dinheiro se degradando a olhos vistos.” Para alguns, a solução seria privatizar o espaço. “Já deveriam ter entregue isso para a iniciativa privada e transformado em um shopping.”