O Ministério dos Povos Indígenas e o Museu Nacional estão preparando uma série de eventos especiais para celebrar a chegada de um Manto Tupinambá ao Brasil. O artefato do século XVII, utilizada em diversas cerimônias e rituais indígenas, foi produzida com penas de aves e estava sob a guarda do Museu Nacional da Dinamarca desde 1689. A vestimenta será exposta na Quinta da Boa Vista, na Zona Norte do Rio.
Com 1,2 metro de comprimento, o manto é confeccionado com penas vermelhas de pássaros guarás, fixadas em uma rede de fibras naturais. Tradicionalmente, é usado por caciques e líderes indígenas durante rituais. Desde o ano 2000, o povo Tupinambá reivindicava seu retorno. Existem apenas outros dez mantos semelhantes no mundo, todos produzidos entre os séculos XVI e XVII. Em 2000, o manto foi exibido na Mostra do Redescobrimento, em São Paulo, mas somente em julho de 2023 a Dinamarca atendeu ao pedido de retorno do artefato ao Brasil. A escolha do Museu Nacional para a exposição se deve à boa relação que a instituição mantém com os Tupinambás.
A cerimônia de reza, marcada para o dia 29 de agosto, será uma ocasião exclusiva para as lideranças espirituais e pajés Tupinambá. Durante todo o dia, serão realizadas atividades de acolhimento, proteção e bênçãos ao manto, reconhecendo sua importância cultural e religiosa para o povo Tupinambá. No dia 31 de agosto, o Museu Nacional abrirá suas portas ao público para um evento oficial, que contará com a presença da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. O evento permitirá aos visitantes a oportunidade de ver de perto o manto e entender sua importância para a cultura indígena.
Além das cerimônias, povos indígenas farão uma vigília nos jardins do museu durante os eventos. A vigília simboliza a guarda e a veneração contínua do manto, ressaltando seu papel fundamental na identidade e espiritualidade dos Tupinambá.
As celebrações foram organizadas após uma visita de representantes do Ministério dos Povos Indígenas aos territórios Tupinambá na Bahia, com o objetivo ouvir as lideranças e a comunidade indígena sobre a melhor forma de honrar o manto e reconhecer seu valor cultural.