Considerado um dos bairros mais históricos do Rio, com imóveis, monumentos e obras arquitetônicas datadas do século XVIII, o bairro da Glória vem sofrendo há anos com a depredação causada por vândalos. A recente pichação no Chafariz da Glória é apenas mais um dos inúmeros casos que exigem constantes restaurações por parte da Cedae, responsável pela construção. O episódio evidencia o descaso com a região, que se agrava ainda mais durante o Carnaval.
O cercamento de monumentos, essencial nesta época do ano devido à grande concentração de blocos que cruzam o eixo Centro-Zona Sul, visa proteger esses patrimônios contra depredações, urina e possíveis danos estruturais. No entanto, moradores relatam que a Glória não recebeu a mesma atenção dada a outros bairros. Pontos históricos como a Amurada — que divide a Rua da Glória da Avenida Augusto Severo —, trechos da Praça Luís de Camões, canteiros do Largo da Glória e da Praça Edson Cortes, além do icônico Relógio da Glória, permanecem sem qualquer tipo de proteção.
“Não precisa nem ir muito longe. No Catete você vê isso, em Botafogo você vê isso. E aqui na Glória, que é praticamente um museu a céu aberto se tratando de patrimônio público histórico, você não vê qualquer tipo de proteção, principalmente na Praça Paris”, criticou Bruno Vieira, morador do bairro.
A preocupação se intensifica com o alto número de blocos que passarão pelo bairro até a terça-feira de Carnaval. Pelo menos dez desfiles ocorrem na região, seja pelas ruas internas ou pelas pistas do Aterro do Flamengo, impactando diretamente a logística local. Entre os principais blocos estão os comandados por Xamã, Wesley Safadão, Felipe Ret, Alok, Belo, Gusttavo Lima e Simone Mendes.
Responsabilidade pelo cercamento
O cercamento dos patrimônios públicos durante o Carnaval ficou sob a responsabilidade da empresa vencedora do Caderno de Encargos dos Desfiles dos Blocos de Rua.
“Sabemos que a cidade precisa estar pronta para o Carnaval, o que inclui a proteção e resguardo das golas das árvores e monumentos. O bairro recebe um grande fluxo de pessoas pela posição estratégica com o Aterro, mas até agora não há nenhuma proteção física em lugares como os monumentos da Praça Luís de Camões e da Praça Paris, além das golas da Praça Edson Cortes e do Largo da Glória, bem como o Relógio da Glória. Mudas de árvores estão condenadas à destruição sem redes ou anteparos”, alertou Philipe Rocha, também morador da região.
A situação levou o vereador Pedro Duarte (Novo) a enviar, na tarde desta quinta-feira (27/02), um ofício à Prefeitura cobrando explicações sobre a falta de proteção na Glória. No documento, ele questiona a Riotur sobre as medidas adotadas para preservar os patrimônios históricos da cidade, a proteção das árvores em áreas públicas e as ações específicas para o bairro, que recebe diversos blocos de Carnaval.
“O Carnaval é um evento muito importante para o Rio, mas é essencial que a Prefeitura isole todos os monumentos, evitando que alguns foliões destruam ou vandalizem esses equipamentos importantes da cidade”, destacou o vereador.
O DIÁRIO DO RIO tentou contato com a Riotur, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.