Não foi bondade, foi rotina: a verdade sobre o pagamento dos servidores no dia 3 de maio, sábado

Antônio Sá

Fiscal de Rendas aposentado do Município do Rio de Janeiro, Ex-Subsecretário de Assuntos Legislativos e Parlamentares do Município do Rio de Janeiro Bacharel em Direito e Economia.

Este artigo complementa o meu texto anterior publicado neste Diário do Rio sob o título: “Eduardo Paes: vai antecipar o pagamento de abril ou não?”

Infelizmente, como já era esperado, o senhor Prefeito Eduardo Paes não atendeu ao pedido dos servidores públicos municipais para que antecipasse o pagamento referente ao mês de abril para o dia 2 de maio, como fez o governador do Estado do Rio de Janeiro. Em vez disso, preferiu divulgar um vídeo informando que o pagamento estaria disponível no sábado, dia 3 de maio, para quem não tem portabilidade.

A mensagem, no entanto, foi recebida com espanto por muitos que conhecem o funcionamento básico das operações bancárias da Prefeitura: a tal “antecipação” não passa de uma prática rotineira, um procedimento técnico-administrativo que ocorre sempre quando a data de pagamento cai numa segunda-feira ou no dia seguinte a um feriado.

Como explico na mensagem que encaminhei em 3 de maio, às 9:20 h, para as minhas listas de WhatsApp — e que reproduzo abaixo —, essa disponibilidade antecipada do pagamento não é fruto de qualquer gesto de generosidade ou deferência do senhor Prefeito, mas simplesmente o reflexo do calendário bancário e das regras de compensação da rede bancária brasileira:

“NENHUMA NOVIDADE – COMO SEMPRE OCORRE QUANDO O PAGAMENTO CAI NUMA SEGUNDA-FEIRA, informo que o pagamento de abril já está disponível hoje, sábado, no Santander, para quem não tem portabilidade.

Aliás, isso também acontece quando o pagamento é feito no dia seguinte a um feriado: o crédito já aparece no próprio feriado.

Isso ocorre porque as movimentações realizadas em sábado, domingo ou feriado são contabilizadas como se tivessem sido feitas no dia útil seguinte.

Eu mesmo, que não tenho portabilidade, sempre fiz a transferência pessoalmente do meu pagamento nesses casos — no sábado ou no feriado — ganhando, assim, um ou mais dias de disponibilidade do dinheiro. Por isso, não fiz a portabilidade.

Já quem tem portabilidade não consegue fazer isso, pois a transferência automática para outro banco será feita apenas com data de dia útil, o que impede a movimentação anterior.

Portanto, para quem não tem portabilidade, quando o pagamento é feito numa segunda-feira, ele estará sempre disponível no sábado anterior. E, se o pagamento estiver marcado para o dia seguinte a um feriado, ele estará sempre disponível no próprio feriado.

ISSO É O NORMAL NA PREFEITURA.

Logo, não houve nenhuma antecipação especial, como foi afirmado recentemente por um artigo em um sítio jornalístico.

Não houve bondade alguma do Prefeito nesse caso. Como ele mesmo disse em vídeo sobre o assunto:

ISSO É O NORMAL NA PREFEITURA.

Um abraço,

Antônio Sá”

Conclusão:

Em tempos em que se confundem gestos protocolares com atos de generosidade, é preciso separar o que é rotina administrativa do que é respeito efetivo aos servidores públicos. Se o senhor Prefeito desejasse realmente prestar um reconhecimento aos trabalhadores da Prefeitura do Rio, poderia ter seguido o exemplo do senhor Governador e antecipado de fato o pagamento, para o dia 2 de maio, possibilitando acesso aos recursos mais cedo.

Fica aqui o registro, para que não se confunda o trivial com o extraordinário — nem o óbvio com a bondade.

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