Com a alta da inflação no país e alguns problemas externos, o orçamento dos brasileiros tem sofrido bastante com o aumento do preço dos alimentos, como os peixes. Um dos insumos mais afetados é o salmão, que teve um expressivo aumento e sofre risco de desabastecimento em restaurantes e peixarias do Rio. Um outro fator externo que impacta na alta do valor é a nevasca que tem atingido o Chile, que tem impedido a pesca e a importação do produto.
Dono da peixaria Deli, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, Beni Schvartz, comenta que já a partir da próxima semana o fornecimento poderá sofrer significativa redução, resultando na falta do produto na mesa dos clientes cariocas.
“Os preços dos pescados aumentaram, no geral, muito em função do aumento da gasolina e do diesel (que abastece os barcos de pesca), e, no caso do salmão, além da alta do dólar, e a questão climática do Chile. O salmão tem validade pequena. Não é possível fazer estoque. Se a situação não melhorar, pode ocorrer desabastecimento na próxima semana. Aqui, na peixaria, trabalhamos com peixes do mar e selvagem, com exceção do salmão, que vem de fora, e a tilápia, que é criada em cativeiro”,
Quem certamente sofrerá bastante com essa questão são os restaurantes japoneses, como é o caso do Peixoto Sushi, no Leblon, também na Zona Sul do Rio, que têm no salmão a principal matéria-prima desse tipo de culinária.
A proprietária da casa, Vivi Cohen, conta que alguns pratos tiveram que sofrer alterações em função da diminuição da aquisição de salmão.
“Os peixes realmente tiveram grande aumento e o preço salmão disparou. Tentamos segurar ao máximo os valores dos nossos pratos, mas os aumentos são constantes e não tivemos outra alternativa. Mudamos alguns pratos, mantendo o padrão de qualidade. Agora, enfrentamos mais essa questão de um possível desabastecimento, o que será um grande problema. Se isso acontecer, será um desafio. A nossa grande vantagem é sermos “filhos” da Peixaria Peixoto Deli. Então, qualquer coisa, temos a quem recorrer. Todo salmão que chega lá, vem para cá”, projeta.
Desde a semana passada, sucessivas nevascas atingem a Cordilheira dos Andes, sobretudo no trecho entre Argentina e Chile. O fenômeno tem impedido os caminhoneiros de circularem no trecho, uma vez que as vias foram interditadas.
De acordo com a Associação Brasileira de Transportadores Internacionais (ABTI), ao menos 100 trabalhadores brasileiros ficaram presos na nevasca. As temperaturas chegaram a -18ºC e a previsão é de que a neve deve baixar nos próximos dias.