A entrega do Sistema de Coleta em Tempo Seco (CTS), em Mesquita, representa um avanço significativo para 65 mil moradores da cidade e para a recuperação ambiental da Baía de Guanabara. O projeto, desenvolvido pela concessionária Águas do Rio, tem o objetivo de interceptar o esgoto despejado irregularmente nos rios da região e direcioná-lo para tratamento adequado, reduzindo impactos ambientais e melhorando a qualidade de vida da população.
A dona de casa Márcia Liro, moradora da comunidade do Sebinho há 25 anos, expressou alívio com a nova realidade. “Há décadas convivo com a dura realidade de morar ao lado de um rio que virou um grande valão. Não deixo meus netos andarem descalços de jeito nenhum.” Com o novo sistema, a expectativa é que a comunidade tenha mais saúde e dignidade.
Como funciona o sistema de Coleta em Tempo Seco
O Coletor em Tempo Seco é uma tecnologia que permite interceptar o esgoto despejado diretamente nos rios e direcioná-lo para estações de tratamento, evitando que a contaminação chegue à Baía de Guanabara. O método opera principalmente em períodos de tempo seco, pois, durante chuvas intensas, o fluxo nas galerias pluviais aumenta, dificultando a separação da água contaminada.
Em Mesquita, duas estações de bombeamento — chamadas de elevatórias — foram construídas nos bairros Chatuba e Edson Passos. Com isso, o esgoto que antes era despejado nos rios Dona Eugênia e Sarapuí agora é captado e enviado para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Sarapuí, em Belford Roxo. O novo sistema tem capacidade para tratar mais de 15 milhões de litros de esgoto por dia, o equivalente a seis piscinas olímpicas.
O diretor executivo da Águas do Rio, Felipe Esteves, destacou a importância das elevatórias para a eficiência do sistema. “Essas estruturas são fundamentais para bombear o esgoto interceptado até a ETE Sarapuí. Após passar por processos físicos, químicos e biológicos, o esgoto tratado será devolvido ao meio ambiente, atendendo aos padrões de qualidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde.”
Impacto ambiental e recuperação da Baía de Guanabara
A implementação do CTS em Mesquita faz parte do maior projeto de recuperação ambiental da Baía de Guanabara. Essa foi a primeira unidade desse modelo fora da capital fluminense. Um exemplo já consolidado pela concessionária foi o desvio temporário do Rio Carioca para o Interceptor Oceânico, que impede que 250 litros por segundo de esgoto sejam despejados diretamente na Praia do Flamengo.
A iniciativa se soma a um conjunto de reformas e manutenções no sistema de esgotamento sanitário das cidades próximas à baía. Atualmente, essas ações já evitam que mais de 100 milhões de litros de esgoto sejam despejados diariamente no ecossistema.
Nos próximos anos, a Águas do Rio investirá R$ 2,7 bilhões na ampliação dos Coletores em Tempo Seco, com a meta de impedir que cerca de 1,3 bilhão de litros de esgoto por dia cheguem à Baía de Guanabara. Esse projeto faz parte de um plano maior, que prevê R$ 19 bilhões em investimentos em saneamento até 2033, beneficiando 10 milhões de pessoas no estado do Rio de Janeiro.
E os frutos da privatização avançam! Não sei como ainda resistência em mentes cauterizadas.