O caso do Metrô Gávea: Uma falsa escolha

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Durante os preparativos para os Jogos Olímpicos de 2016, um projeto governamental prometia estar entre os grandes legados do evento: A Linha 4 do Metrô. Os cariocas esperavam há muito tempo pela conexão da Barra da Tijuca com o Centro através dos vagões de metrô e de fato comemoraram quando puderam chegar ao Jardim Oceânico a partir do subterrâneo, sem engarrafamentos. Contudo, a obra deixou duas importantes lacunas: O metrô não chegou até o Terminal Alvorada, centro da circulação de pessoas da Barra, e a estação da Gávea, que atenderia a aproximadamente 20 mil pessoas por dia, não foi concluída, fazendo o metrô ir direto do Leblon para São Conrado. Os moradores da Gávea e os estudantes da PUC aguardam até hoje pelo metrô, mas as obras da estação, que ultrapassaram 40% de conclusão, estão paradas há mais de 3 anos.

Além da falta de recursos e do receio de descumprimento do prazo de inauguração das outras estações da Linha 4 para os Jogos Olímpicos, a paralisação se deu pois o Tribunal de Contas do Estado encontrou indícios de superfaturamento em torno de 3 bilhões de reais na obra e proibiu a continuidade. A Lava Jato, por sua vez, acredita que Sérgio Cabral recebeu R$ 50 milhões em propina apenas pela obra da Gávea. Recentemente, as escavações que já haviam sido realizadas foram inundadas, para que a água ajude a conter movimentos do solo que estão ocorrendo pelo abandono da obra e que podem danificar prédios do entorno, cujos moradores, diga-se de passagem, pagaram impostos que foram para a construção.

É triste saber disso tudo. Não apenas pelas milhares de pessoas prejudicadas diariamente e pelo desperdício e desvio de dinheiro público que poderia estar auxiliando a saúde e a segurança, que estão em estado calamitoso. Mas também porque a estação Gávea é fundamental para que se possa, futuramente, fechar o circuito da Linha 1 do Metrô, conectando a Tijuca diretamente à Zona Sul, via Gávea, sem necessidade de ida ao Centro. Dessa forma, com uma Linha 1 circular, a superlotação diminuiria, os tempos de viagem se reduziriam e as estações do Centro seriam menos sobrecarregadas. Quem vai da Saens Peña, por exemplo, para Copacabana, iria por Uruguai-Gávea-Leblon-Ipanema ao invés de ter que contornar todo o Centro da Cidade e passar por Glória-Catete-Flamengo-Botafogo.

Agora, com a recente autorização do Tribunal de Contas para retomada das obras, o Governo Estadual nos apresenta uma falsa escolha: Representantes da gestão dizem que, para retomar as obras, seria preciso transferir recursos de outras áreas e que a população precisará decidir o que é prioridade. “Será necessária uma avaliação sobre remanejamentos”, disse o Secretário de Transportes. Não podemos cair nessa falsa dicotomia. A estação Gávea é prioridade e o pagamento dos servidores, por exemplo, também é. Não temos que escolher. O desperdício da incompetência e o desvio da corrupção é que nos fizeram chegar nessa situação.

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Fechar as torneiras da roubalheira, melhorar a gestão financeira e cobrar, de quem os levou para benefício próprio, os recursos já repassados acima do necessário. Essas são as saídas para a conclusão da estação Gávea. A falsa escolha ou falsa dicotomia, que ocorre quando uma falácia descreve duas opções e as apresenta como sendo as únicas, não nos convencerá. Queremos saúde, educação, segurança, saneamento, infraestrutura e também a estação Gávea. Pagamos impostos suficientes para isso.

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