O Rio nasceu na Urca mas cresceu no entorno da Praça XV e do antigo Morro do Castelo. Na antiga Rua Direita, atual Primeiro de Março, temos alguns dos principais monumentos da civilização brasileira, como o CCBB e o Paço Imperial, igrejas que batizaram um imperador, aclamaram um rei de Portugal e dois imperadores do Brasil, ruelas e travessas tomadas de prédios dos séculos XVIII e XIX. Uma área que é inteira um conjunto tombado nacional, tutelado pelo Iphan por sua importância única para o país, é também onde megablocos e suas centenas de milhares de foliões passaram no último Carnaval e passarão novamente e novamente, se nada fizermos. Ali é nossa Pequena Lisboa, onde brotam nossas raízes e onde hoje prosperam a cultura e a boemia cariocas.
O DIÁRIO DO RIO é um defensor dos blocos de carnaval há anos; fazîamos (e fazemos) – antológica agenda deles quando ninguém queria saber disso. Mas também defendemos a preservação do patrimônio histórico da cidade, pois ele deve ser protegido de danos que por vezes podem ser irreversíveis de verdade. A nossa herança cultural e a folia do carnaval podem conviver – aliás, esta está contida naquela – e acreditamos que o prefeito Eduardo Paes saiba disso. Afinal, ele é um apaixonado pelo samba, pelo Centro e entre suas pautas atuais está o “Choque de Civilidade”.
Civilidade anda bem longe dos asquerosos mijões que se metem em cantos – e nem sempre tão discretos – para fazer suas porcarias. Anda bem longe dos pichadores que destroem as cantarias de pedra e as paredes históricas dos casarios, causando danos irreversíveis – ainda que tenha havido, no passado recente, fiscal desequilibrada do Iphan, felizmente retirada da região, que considerava ‘dano irreversível’ retirar os grafites, mas não produzi-los. (No seu desastroso turno naquele conjunto, aliás, foi quando mais se destruiu patrimônio ali – com dois desabamentos inéditos). A região sofre com a falta de civilidade do carioca – a mesma que protagonizou ano passado o dano à estátua do General Osório na Praça XV – então recém restaurada – por vagabundos que quebraram partes dela e picharam no carnaval passado.
As ruas Primeiro de Março, Rosário, Ouvidor, Mercadores, Comércio, Mercado e a própria Praça XV não têm como comportar a multidão, que tem por base e característica a desordem. Seus prédios históricos sofrem. A prefeitura gasta fortunas para tentar proteger todos os bens culturais tombados da região, gradeando-os, por vezes sem sucesso. No Carnaval de rua, consome-se bebida alcoólica — não pode ser diferente — o que acaba gerando brigas e arruaças. Isso é natural e sabido há mais de um século. Desde que se começou o carnaval carioca, com seus entrudos, que nada mais eram que uma briga com líquidos. De qualquer tipo… E não é só o patrimônio cultural que sofre; o moderno prédio da antiga Bolsa do Rio vira um verdadeiro mictório público.
Por que, então, colocar em risco a maior concentração de patrimônio histórico da cidade? Por que esconder atrás de horríveis tapumes e de fétidos banheiros químicos a beleza de nossa arquitetura, logo quando temos tantos turistas a conquistar? Por que perturbar concertos e cerimônias com batucada se temos regiões inteiras do próprio Centro onde não há esta concentração de bens tombados? Por que reviver este coração pulsante do Centro para destruí-lo e anulá-lo nesse período? Não há explicação, a não ser a inércia. Quando a região estava abandonada, até que se entendia manter a confusão ali. Mas hoje? Com as missas com coral e orquestra na Igreja da Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores? Com o samba na Ouvidor? Com os mais de 40 centros culturais ativos? Para que?
Não sei se o Prefeito sabe, mas se perguntar aos seus assessores no IRPH – os mesmos que dormem enquanto se planeja construir um imenso espigão no jardim arborizado do buraco do Lume – descobrirá que para tirar uma única pichação de um metro quadrado de uma cantaria histórica conforme as normas do Iphan o custo atinge não raro a cifra de CINCO MIL REAIS. Mas pelo menos o órgão de patrimônio federal já pediu para que os megablocos passem em outra região. Adiantou? Não.
Há outros locais no próprio Centro que comportam essa multidão sem tantos bens culturais tombados de tão difícil restauro, como a Sacadura Cabral, a Visconde de Inhaúma, a Cidade de Lima, a Equador, e até mesmo a Presidente Vargas ou o Sambódromo. Opções não faltam para este megablocos que, muitas vezes, nem samba tocam. Alguns são apenas um grande baile funk ou um mero pretexto para que supostas estrelas pop lucrem com seus patrocinadores.
FINALMENTE ESTE JORNAL TOMA ALGUMA POSIÇÃO COERENTE EM DEFESA DO CENTRO!
Apoio totalmente a saída dos mega-blocos do Centro. Só servem para depredar e emporcalhar o bairro e tumultuar a vida dos ainda poucos moradores da região! Por que só o Centro e a Zona Sul sofrem todo carnaval? Por mim, podem mandar boa parte deles para a Zona Norte, já que é de lá que vem a maior parte dos foliões…
Que seja samba ou samba de roda, marchinhas e tal. Funk deixa pro baile fechado
Texto de velha chata!
A Prefeitura burocratiza as permissões aos blocos tradicionais, a ponto de a coisa tornar-se inviavel e eles estarem saindo de cena. E a Cidade vai perdendo um dos seus mais emblemáticos e autênticos símbolos do Carnaval.
Ao mesmo tempo a Prefeitura desdobra-se em viabilizar as merdas dos mega-blocos, que em nada representam o Carnaval, além de transferirem $$$ milhões em verbas públicas aos bolsos de empresarios e artistas.
Tudo errado!
Carnaval faz parte da Cultura Brasileira !!! gera milhares de empregos informais !! movimenta a economia !!
se não está satisfeito vá pra Argentina !!
Gosto do carnaval, desde o sambódromo, intendente Magalhães, quadras, blocos e tudo mais. Mas, sobretudo, penso que independente de gosto, o carnaval é uma manifestação cultural da cidade e uma de nossas marcas principais e não pode ser resumido a quem gosta ou não. Porém, o que vemos nos últimos anos, me deixa um tanto preocupado com seu futuro, com o que vem se transformando. De manifestação cultural, da espontaneidade carioca, do encontro de amigos, bairros, praças, favelas passa cada vez mais a ser uma festa meramente comercial, onde a cultura e o encontro é o que menos interessa e o espaço público, que ao meu ver, deve ser democraticamente ocupado mesmo, é privatizado para exploração e lucro de empresas e artistas empresários, onde a cultura e a relação coma cidade é o que menos importa. São grandes e mega blocos sem nenhuma identidade, que podem se apresentar em qualquer lugar do país ou período do ano, geralmente tocando e cantando os mesmos “sucessos” independente do que seja, que não muda nada! Está história se intensificou quando descobriram que havia carnaval de rua (de fato!)para além da Bahia.
Já foi o tempo, em que senhoras, senhores, crianças, famílias inteiras aguardavam o ano todo para sair em um único gigantesco bloco com sua camisa com a bola preta. Conheci grupos de amigos em que a única vez que se encontravam era neste bloco. Uma festa!!! Infelizmente , este que era quase a exceção, ganhou companhias sem nenhuma relação histórica com a cidade e a cada carnaval muitos blocos tradicionais (alguns nem tanto) de carnaval vão se despedindo, pelo tempo, pelos novos movimentos e manifestações, mas também por falta de apoio, estrutura e financiamento, ao mesmo tempo que os mega blocos tomam as ruas, sobretudo do centro com todo o apoio para exploração e enriquecimento sem nenhuma preocupação com a cidade, seus habitantes e sua cultura.
Engraçado que as mesmas pessoas que reclamam das manifestações culturais do centro, são as mesmas que reclamam que o centro está abandonado.
Primeiro de Março aceita tudo. Desde o trânsito da antiga Alfredo Agache, depois Mergulhão, hoje Tunel 450 até os mega shows lançados a partir da Av.Antonio Carlos. Não são bonitas as imagens do Bola Preta, Bloco da Preta, Anitta e outros? E vamos terminar na quarta-feira, la la la…
O Centro Histórico do Rio de Janeiro é um verdadeiro tesouro cultural e histórico, abrigando monumentos e edifícios que contam a história da cidade e do Brasil. A presença de megablocos durante o Carnaval, embora seja uma parte importante da cultura carioca, não deve ser feita à custa da destruição do patrimônio histórico da região. A Prefeitura deve buscar um equilíbrio que permita a celebração do Carnaval sem comprometer a integridade dos monumentos e imóveis tombados. Ou, mais simples, coloque em outra rua esses megablocos. A revitalização do Centro deve ser feita de forma sustentável, preservando a história e a cultura que fazem do Rio um lugar único e especial. Vamos proteger nosso passado enquanto celebramos nosso presente!
Comentário 100% gerado por IA, ou é uma pessoa desocupada, ou o próprio autor que quer engajar os textos kkkkkk
Carnaval, a festa mais idiota que existe. Se acabasse, seria uma maravilha. E esse jornaleco defende isso!
Fale por vc.
Carnaval faz parte da Cultura Brasileira !!! gera milhares de empregos informais !! movimenta a economia !!
se não está satisfeito vá pra Argentina !!
Sim. É possível conciliar os mega-blocos do Carnaval carioca com o Centro do Rio e suas construções históricas. Precisa aprimorar a proteção ao patrimônio, a segurança dos foliões, a limpeza permanente dos banheiros químicos e a coleta do lixo após as festa. Não haveria sentido promover as grandes manifestações populares numa larga avenida sem significativa importância arquitetônica e identificação com a Cidade, tal qual a avenida paulista e seus indiferentes monolitos. Há uma razão simples, operacional e também cultural para os eventos se concentrarem no Centro Antigo que dispõe de cinco estações do metrô, a Central do Brasil e a estação das barcas da Praça XV permitindo o deslocamento de grande número de pessoas de vários pontos da Cidade até o local dos eventos. Sobre a qualidade das músicas e autopromoção de artistas é assunto pra outra matéria.