Celebrar uma conquista pode ser um desafio para muitas mulheres. Mesmo diante de promoções e reconhecimentos, um pensamento persistente costuma assombrar muitas mulheres: “Será que realmente mereço isso?”. Esse sentimento, conhecido como Síndrome do Impostor ou Impostora, afeta principalmente mulheres em cargos de liderança e pode minar tanto o desempenho profissional quanto a saúde mental.
Segundo uma pesquisa da consultoria KPMG de 2020, 75% das executivas já experimentaram essa sensação de inadequação, caracterizada pelo medo constante de ser desmascarada como uma fraude. A psicóloga Maíra Andrade, coordenadora do Serviço de Psicologia Aplicada da Uniabeu, explica que esse fenômeno não tem relação com a competência real das profissionais, mas sim com padrões de socialização que reforçam a autocrítica e a subestimação das próprias habilidades. “Muitas mulheres atribuem suas conquistas à sorte ou a fatores externos, em vez de reconhecerem seu próprio mérito”, diz.
A origem dessa crença pode estar ligada a diversos fatores, como histórico familiar, classe social, raça e gênero. A desigualdade no mercado de trabalho também contribui para reforçar esse padrão: a disparidade salarial em relação aos homens e a dificuldade para alcançar cargos de liderança alimentam a insegurança profissional feminina.
Os principais sinais da Síndrome da Impostora incluem:
- Sensação de não pertencimento ao ambiente profissional;
- Medo constante de ser “descoberta” como incompetente;
- Dificuldade em aceitar elogios e reconhecer o próprio sucesso;
- Perfeccionismo excessivo e autocobrança desproporcional;
- Ansiedade e esgotamento emocional.
Nas empresas, essa síndrome pode levar à autossabotagem, com mulheres recusando promoções ou evitando desafios por acharem que não são suficientemente qualificadas. A necessidade constante de provar o próprio valor também pode resultar em um quadro de burnout, prejudicando a produtividade e o bem-estar das profissionais.
Estudos apontam que cerca de 70% das pessoas bem-sucedidas já enfrentaram a Síndrome da Impostora, mas o tema ainda recebe pouca atenção no ambiente corporativo. Para combater o problema, especialistas defendem a criação de políticas que incentivem a diversidade e a inclusão, além de programas que promovam o fortalecimento da confiança feminina no trabalho. “Reconhecer e enfrentar essa síndrome é essencial para garantir que as mulheres possam crescer profissionalmente sem carregar o peso invisível da insegurança”, conclui Maíra Andrade.