No metrô, ouvi sobre dois incidentes perturbadores. Um tiroteio na Linha Amarela deixou uma vítima fatal, estendida no asfalto. Um jovem trabalhador, vítima de uma bala ao acaso. Um motoqueiro, que passava pelo local, sem hesitar, roubou o celular do falecido. Em Copacabana, um motorista de aplicativo agrediu uma senhora de 75 anos por sujar seu banco com migalhas. Agressão foi um coice, em uma idosa que estava voltando do hospital.
Esses eventos não são normais. São sintomas de uma sociedade que perdeu o rumo. O caminho fácil da força, do poder e da corrupção seduz muitos. Mas a que custo?
A civilização exige mais. Demanda respeito às regras e ao próximo. Requer ver o outro como igual, independente de classe social ou outros critérios arbitrários. Todo ser humano merece dignidade e respeito simplesmente por existir. Precisamos ter mais caridade uns com outros.
O que molda pessoas capazes de tais atos? Falta de educação? Ausência de pai e mãe? Escolas que não ensinam cidadania? Ou será a escassez de modelos de heroísmo e bravura? Será que os exemplos que se percebe nas redes sociais são de MC´s, Celebridades e jogadores de futebol que colocam o dinheiro, aparência e egoísmo como as máximas de um padrão de sucesso a ser perseguido?
Não cabe lamentar a “má índole” desta geração carioca. Devemos, sim, refletir sobre as raízes desses comportamentos e como podemos mudá-los.
Apesar desses casos chocantes, há esperança. Para cada ato de selvageria, existem dezenas de pessoas íntegras, cujas ações nobres raramente ganham destaque. São elas que mantêm viva a chama da civilidade.
Nossa missão é nutrir essa chama. Lutar pelo processo civilizatório em nossas cidades e no Brasil. É um caminho árduo, mas necessário. Cada gesto de respeito, cada ato de bondade conta. São esses pequenos atos que, somados, constroem uma sociedade mais justa e humana.
A verdadeira força não está na violência ou na corrupção, mas na capacidade de tratar todos com dignidade. É nessa força que reside nossa esperança de um futuro melhor.v
O que resulta naqueles atos são conjunto de fatores mas muito mais contribui é a impunidade.
Um ladrão que tem consciência que seu ato pode resultar na perda de sua mão, mesmo assim o pratica e o mesmo recebe essa punição, não irá querer perder a outra e ficar sem nenhuma.
Aquele que assassina mas tem o mesmo fim imposto por punição serve de exemplo para dissuadir outros de cometerem o mesmo.
Já diria um sábio filósofo, “a mentalidade dominante de uma época é a mentalidade da classe dominante”. Um olhar cuidadoso sobre como os milionários tratam a população simples explica muitas coisas. Há respeito vindo de cima para baixo? O caos nas sociedades latino americanas e ocidentais tem outra explicação que não essa? Como esperar que cá em baixo as pessoas se respeitem se o que vem de cima é só truculência, descaso e desdém? Ou tiramos poder e influência dessa classe dominante desumana, ou não haverá saída que não seja o cemitério.