O Rio e o Aquecimento Global

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Por André Delacerda.

eu-arv-rio O “Ser Vivo Terra” tem dado sinais claros que vai reagir fortemente contra a ação desenfreada do homem sobre o meio ambiente. As mudanças climáticas já estão sendo sentidas em todas as partes do globo terrestre.

Tempestades fora do padrão; fenômenos climáticos atípicos – tornados e furacões em locais, onde não era comum a ocorrência -; a troca das estações; além de períodos com grandes secas e enchentes.

Um dos temas mais preocupantes e que tem movimentado ambientalistas, cientistas, pesquisadores, governos, além da sociedade civil, é o Aquecimento Global, e as suas conseqüências para a humanidade.

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O principal fator gerador do processo de Aquecimento Global, se dar pela emissão de gases de efeito estufa. Um dado a chamar atenção, é a progressão acelerada na emissão global de gases do efeito estufa – GEE -, por combustíveis fósseis, que passaram de cerca de 2,5 bilhões de toneladas de dióxido de carbono em 1900 para cerca de 28 bilhões em 2004.

Uma outra informação preocupante se dá na concentrada liberação de dióxido de carbono lançado à atmosfera. Cerca de 50% dos 2,3 trilhões emitidos nos últimos 200 anos, se concentrou em um curto espaço de tempo de trinta anos – 1974 à 2004.

Gráfico

É o que pode ser visto, no gráfico ao lado, através da curva de Keeling, que demonstra a evolução da concentração de CO2 na atmosfera no período de trinta décadas. Note que a concentração desses gases de efeito estufa está aumentando a níveis extremamente preocupantes.

Só para relembrar aos nossos leitores. Abaixo temos algumas das inúmeras conseqüências, que o Aquecimento Global, já está provocando no Planeta (Fonte: IPP – Instituto Pereira Passos / IPCC – Intergovernamental Panel on Climate Change):

  • Aumento na temperatura média do planeta de 0,6o C + ou – 0,2 (IPCC 2001);
  • Aumento de 5% a 10% nas precipitações do Hemisfério Norte, com diminuição em algumas regiões como o oeste da África e partes do Mediterrâneo;
  • Aumento das precipitações nas latitudes médias e altas do Hemisfério Norte;
  • Aumento de freqüência e intensidade nas secas em regiões da Ásia e África;
  • Aumento no nível médio do mar da ordem de 1mm a 2mm por ano;
  • Aumento de 0,31o C da temperatura da água oceânica, entre 0-300m de profundidade, medido no período de 1948-1998;
  • A diminuição de cerca de duas semanas na duração da cobertura de gelo de rios e lagos;
  • A diminuição na extensão (10 a 15%) e na espessura (40%) do gelo ártico;
  • A retração das geleiras não polares e diminuição em 10% na cobertura de neve a partir de 1960;
  • Maior freqüência e persistência de eventos do El Niño nos últimos 20-30 anos, quando comparados aos cem anos anteriores.

600603-0481-it2 Nos últimos meses estudiosos deste assunto tem chamado atenção, através da imprensa internacional, sobre a questão do degelo nos pólos, em especial no Ártico-Groelândia. Devido ao aceleramento deste fenômeno, segundo estes pesquisadores, os oceanos já devem subir a níveis preocupantes já na próxima década e não mais em um horizonte longínquo de 2050, como se previa anteriormente.

Cientistas já alertam também para outras conseqüências futuras como (Fonte: IPP – Instituto Pereira Passos / IPCC – Intergovernamental Panel on Climate Change) :

  • Expansão das áreas desertificadas;
  • Aceleração da perda de florestas;
  • Perda de produtividade agrícola. Neste caso existe um curinga, que é a engenharia genética;
  • Derretimento de geleiras e glaciares. O nível do mar não sobe por causa disso. Sobe porque a água quente tem maior volume do que a fria. O derretimento das geleiras e glaciares é gravíssimo porque constituem fonte de água para muitas populações, como é o caso, por exemplo, de Santiago do Chile;
  • Fortes impactos na saúde humana. É bom lembrar o impacto do calor da Europa;
  • Agravamento da crise de biodiversidade: corais (estão liquidados), peixes, oceanos, florestas. Quando o tempo muda devagar, as espécies têm tempo, migram. Já com 3o C de mudança em 1 século, seria muito mais difícil. Para manter a diversidade, vamos ter que intervir. Mesmo levando em conta que todas as vezes que fizemos isso deu errado, precisaremos de muita clonagem e de intervir fortemente. Vamos ter que criar parques e áreas protegidas;
  • Agravamento da crise de recursos hídricos. Crise de água doce que, nos próximos 30 a 40 anos, se agravará muito, pois o aquecimento global mudará o lugar onde a chuva cai;
  • Eventos climáticos extremos, que gerarão mudanças políticas freqüentes.

Trazendo está preocupação para a cidade do Rio de Janeiro, que é uma cidade litorânea e certamente deve sofre as conseqüências dessas mudanças climáticas, principalmente a elevação dos oceanos.

É que o Diário do Rio procurou averiguar se existem estudos e ações, que possam antever e minimizar os efeitos dessas mudanças provocadas pelo Aquecimento Global.

O Rio é uma cidade de vanguarda, já no século XIX, sob as ordens de D. Pedro II, em uma ação visionária, se empreendeu o reflorestamento de 105 km2 da atual Floresta da Tijuca. Além disso, a cidade também foi palco de discussões importantes sobre o meio ambiente na Conferência Eco 92.

Não se pode deixar de mencionar a existência de inúmeros parques e reservas de proteção ambiental em área urbana na cidade, e projetos importantes como o do incentivo ao uso das bicicletas como meio de transporte na cidade, dentre outros. O Rio também faz parte do C40. Grupo formado pelas maiores cidades do mundo, que juntas, compartilham estudos, projetos e ações sobre energia e emissão de poluentes, associados a aquecimento, resfriamento, indústria local, transporte e lixo.

Somos sabedores que inúmeras universidades estão estudando este tema. Porém, queríamos verificar também, como outras organizações, mas precisamente na área de políticas e planejamento público, estavam trabalhando neste sentido. Foi então, que tivemos a informação que o IPP – Instituto Pereira Passos, da Prefeitura do Rio, tem um estudo completo das possíveis regiões de alagamento da cidade, em virtude das ações provocadas pelo Aquecimento Global.

Como também, da existência do Protocolo do Rio, que é simbolizado por um conjunto de ações que visam minimizar os efeitos da Mudança Global do Clima na cidade do Rio de Janeiro. Dando assim, a parcela de contribuição da sociedade carioca em prol da sobrevivência do Planeta Terra.

Este também é um tema pertinente, pois estamos na Semana do Meio Ambiente, e nada melhor, do que convocar a sociedade a conhecer e discutir mais ainda estes e outros temas ligados a preservação ambiental, que por certo tem um impacto significativo nestas e nas futuras gerações.

Sendo assim, convidamos os leitores do Diário do Rio espalhados pelo Brasil e também no exterior, além da sociedade carioca, a acompanhar esta série de reportagens intitulada de O Rio e o Aquecimento Global.

Damos início com esta matéria e prosseguimos na semana seguinte com uma entrevista esclarecedora com Sergio Besserman, presidente do IPP. Na seqüência teremos reportagens sobre o Protocolo do Rio. E a apresentação de alguns pontos relevantes do estudo desenvolvido pelo IPP sobre as possíveis regiões que sofrerão alagamentos na cidade, em virtude dos efeitos da Mudança Global do Clima.

Assim, é hora da sociedade como um todo se engajar cada vez mais, e dar sua parcela de contribuição na luta para salvar a Terra, esse ser vivo, do qual fazemos parte.

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