Os monarcas que ‘inauguraram’ o banho de mar e o medo de bala perdida no Rio

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No início do século XX, a pulsante cidade do Rio de Janeiro era um dos centros do mundo. Para se ter ideia, nessa época, o Rio tinha mais luzes que Paris, na França. Funcionávamos a todo o vapor, 24 horas por dia. A então capital do país era centro de artistas, boêmia, cultura, economia e poder. Por isso, recebia muitos ilustres visitantes. Entre tantos, em outubro de 1920, o rei Alberto I da Bélgica, sua esposa, a rainha Elisabeth e o filho do casal, o príncipe Leopoldo, pisaram em terras cariocas.

De acordo com o site Brasiliana Fotográfica, “o convite formal para a viagem dos reis da Bélgica foi feito pelo delegado do Brasil na Conferência de Versalhes, em 1919, Epitácio Pessoa. Foi precedida por vários preparativos como a reforma do Palácio da Guanabara (O Paiz, 27 de abril de 1920), o restabelecimento da Ordem do Cruzeiro – criada por Dom Pedro I, em 1822, e extinta com a proclamação da República (Gazeta de Notícias, 15 de junho de 1920) – , e a criação de um protocolo para recebê-los. Vários eventos foram programados para recepcionar os reis, desde festas públicas a jantares protocolares e visitas a instituições como ao Jardim Botânico e ao Instituto Oswaldo Cruz. Os soberanos também foram a São Paulo e a Minas Gerais”.

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Alberto I, que adorava passear pela cidade do Rio de Janeiro, passou a tomar banhos de mar todas as manhãs. Ele, sozinho ou acompanhado de Elisabeth, mergulhava nas águas de Copacabana.

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Foto de Guilherme Santos. Alberto I, o Rei da Bélgica, em trajes de banho na praia, 1920. Rio de Janeiro, RJ / Acervo IMS

Nessa época, o banho de mar não muito comum no Rio de Janeiro. Havia quem ia às praias, mas raramente entravam na água. Existem relatos anteriores, inclusive de Dom João, que se lavava na Praia do Caju para fins medicinais, no entanto, estava longe de ser um hábito comum a toda população. Aos poucos, no início do século XX, algumas pessoas passaram a arriscar uns mergulhos. Todavia, tinha que ser rápido, pois, em 1917, o prefeito carioca Amaro de Brito regulamentou horários para se tomar banho de mar na cidade. Quem descumprisse a lei era punido com multa e cinco dias de cadeia.

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Contudo, Alberto I se banhando nos mares cariocas incentivou muita gente a entrar nessa. Era bastante comum jovens cariocas pedirem para entrar na água com o rei belga e serem atendidos. A partir disso, com o passar dos anos, o banho de mar foi virando um costume geral no Rio de Janeiro.

“A presença do rei belga nadando nas praias do Rio de Janeiro criou uma consciência maior na população de que o mar estava ali para ser explorado, que a praia não era só para fins medicinais ou para fazer piquenique na areia. O rei Alberto e a rainha Elisabeth foram os primeiros garotos propaganda da cultura do banho de mar no Rio de Janeiro”, destaca o escritor Ruy Castro, que no fim do ano passado lançou um livro “Metropole à Beira-Mar – O Rio moderno nos anos 20”.

Como citado no início do texto, a família real da Bélgica ficou hospedada no Palácio Guanabara, em Laranjeiras. E foi lá que a rainha Elisabeth teve medo de uma bala perdia. Enquanto se penteava próximo a uma das janelas do prédio, ela quase foi atingida por um projétil disparado por uma arma de fogo.

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Rainha Elisabeth

“Acharam que o tiro teria sido dado por um anarquista, um carbonário, que eram pessoas que costumavam ter como alvos os monarcas – embora o rei e a rainha belgas fossem pessoas queridas. Só que depois foi descoberto que o tiro foi dado por um menino, de uns 12 anos, que estava caçando pássaros na região com uma espingarda. Detalhe que esse menino era filho do escritor Coelho Neto. Coelho Neto foi até chamado no Palácio para pedir desculpas. Depois de um tempo, o garoto virou jogador de futebol, jogou no Fluminense e foi até convocado para a Seleção Brasileira“, conta Ruy Castro.

No mesmo ano, a família monarca da Bélgica foi embora do Rio (não por causa do tiro, mas porque tinham outros compromissos em outras cidades do país). Eles foram, mas o delicioso hábito do banho de mar e o constante e infeliz medo de bala perdida ficaram entre nós.   

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