Após longos 10 anos de portas fechadas, o Palácio Capanema, ícone da arquitetura modernista e uma jóia do Centro Histórico do Rio, será totalmente aberto, ao que tudo indica, para o mês de julho. Desde o ano passado, a Prefeitura do Rio vem dando um “empurrãozinho” para que o Palácio seja usado para o encontro da cúpula do Brics, formado por países emergentes, que reúne o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Inaugurado em 1947, o Capanema é uma obra-prima da arquitetura, com destaque para a sua estrutura térrea, erguida por pilotis — um clássico do estilo modernista — além do belíssimo painel em azulejos de Cândido Portinari. O edifício, que abrigou o antigo Ministério da Educação e Saúde, também conta com os famosos jardins suspensos projetados por Burle Marx, que completam o valor histórico do imóvel. A reforma do palácio, que foi custeada em R$ 84,9 milhões e realizada sob a responsabilidade do Iphan, enfrentou desafios financeiros e sérios atrasos.
A previsão para a reabertura em julho é uma das inúmeras datas programadas para a reativação do prédio, que ainda está com sua fachada isolada por tapumes na Rua Araújo Porto Alegre. Desde o ano passado, a Fundação Nacional de Artes (Funarte), que se transferiu do Edifício Teleporto, já ocupa três andares do Palácio, e cerca de 300 funcionários estão programados para retornar às atividades de forma presencial, o que representa uma boa notícia para a reativação desta área do Centro.

Ocupação do Espaço – 40% será destinado a órgãos públicos
O Palácio Capanema não será apenas um edifício histórico, mas também um centro cultural multifuncional. O primeiro andar, caracterizado pelos pilotis, abrigará o Auditório Gilberto Freyre e um salão de exposições, ambos totalmente restaurados. O segundo pavimento destaca o famoso jardim projetado por Roberto Burle Marx, que agora está completamente recuperado, junto à escultura “Mulher Sentada”, de Adriana Janacópulos, e o painel de Cândido Portinari. Nesse nível, também haverá uma sala de exposições.
Do terceiro ao quinto andar, instalações da Biblioteca Nacional, como o Escritório de Direitos Autorais, a Divisão de Música e Arquivo, a Biblioteca Euclides da Cunha e o Programa Nacional de Apoio à Cultura, irão funcionar. Já do sexto ao oitavo pavimento, o Centro de Documentação do Patrimônio e o Centro Lúcio Costa, ambos vinculados ao Iphan, ocuparão os andares.
Os andares superiores, por sua vez, serão dedicados a mais atividades culturais e administrativas. No 12º andar, estarão o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e a Cátedra Unesco da Fundação Casa Rui Barbosa. O 13º pavimento será destinado aos gabinetes do Ministério da Cultura (MinC), e os andares 14º e 15º terão salas multiuso para exposições e eventos artísticos. Já o terraço do 16º andar, que integra o projeto paisagístico de Burle Marx, será reaberto ao público com um café e área de convivência.
Cerca de 40% do edifício será destinado a órgãos do Ministério da Cultura, enquanto o restante será usado para exposições.
Salvação do Capanema
Em 2021, o Palácio Capanema esteve na lista de imóveis federais que poderiam ser vendidos, o que gerou grande preocupação sobre sua preservação. No entanto, a intervenção do governador do Rio, Claudio Castro, foi essencial para garantir que o palácio fosse mantido como um espaço cultural. A reforma, inicialmente prevista para ser concluída em novembro, enfrentou uma série de atrasos devido a um déficit de mais de R$ 5 milhões acumulado desde meados de 2024.