Papo de Talarico: Quando a ansiedade encontra a fé

A doença do século, um poema e a incredulidade

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Ansiedade vs Fé
A doença do século segue atrapalhando vidas

“Eu tenho TAG, Transtorno de Ansiedade Generalizado. Sofro desde criança, mas só comecei a tratar com 30 anos, ao entender o que tinha. E tenho certeza absoluta que possuo uma conexão muito grande com a espiritualidade”, foi o que disse minha prima assim que postei um curto poema nas redes sociais. Era o seguinte: “Quem tem fé não conhece a ansiedade / Faz sua parte e aguarda na divindade”.

Minha prima, muito mais velha e experiente, ficou incomodada. Era como se eu atingisse seu peito duas vezes. Primeiro, duvidando de sua fé; segundo, diminuindo a gravidade de sua doença. Ao lançar esse poema naquela rede social, não tinha nada disso como objetivo. Aliás, segundo li esses dias, pertenço à chamada “geração deprimida”, que junta mais ou menos dois grupos: os millennials, ou seja, a geração Y, e a geração Z. A Y conta com os nascidos entre 1981 e 1995, sou um desses; e a Z, o pessoal que surgiu entre 1995 e 2010. Em geral, cada vez mais, são pessoas que procuram falar abertamente sobre depressão e ansiedade e reconhecem os sintomas. Dessa forma, quebram tabus sobre saúde mental, fazem terapia e valorizam isso.

Atualmente, o Transtorno de Ansiedade Generalizada é um dos dez motivos mais comuns de consultas médicas. Aproximadamente 264 milhões de pessoas sofrem com isso no mundo todo.

Mestre

Sou jornalista, cronista, dou opiniões, não atestados. Sou escritor, crio histórias, não verdades absolutas. Ansiedade é algo sério. Não se entregar para ela, usando as ferramentas possíveis é imprescindível. E, no fim das contas, minha prima está certa. Devo assumir responsabilidade sobre o que escrevo. Os níveis de ansiedade aumentam cada vez mais. A mídia sensacionalista é um dos fatores que contribuem. A forma como as notícias são passadas, a pressão por padrões, a entonação do âncora daquele telejornal, fazem diferença no jeito como você capta a mensagem. Cada artigo ou escolha de palavra influencia.

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Há alguns meses, andava estressado, ansioso, com diversos problemas no trabalho, lidando com pressões que pareciam não ter fim. Até que chegou uma divulgação sobre um livro chamado “O Mestre das Perguntas”, baseado em alguns questionamentos que Jesus teria feito. A obra é do escritor Juan Molina Hueso, médico especialista em diagnósticos por imagem com formação em Teologia e pós-graduação em História das Religiões. Em seguida, acabei recebendo o livro para escrever uma resenha e entrevistar o autor. E dei de cara com um capítulo onde ele explica que ansiedade manifesta incredulidade. Para mim foi um despertar. Refleti e decidi focar na fé, a qual necessita de prática diária e constante, e usar esse escudo contra a ansiedade e as angústias do cotidiano.

Ao mesmo tempo, sigo meus estudos sobre o budismo, que ensina o desapego e técnicas de meditação. Não temos controle sobre nada, a única certeza é a mudança, o foco na respiração, no hoje, é um porto seguro. No meu caso, está sendo útil. Mas cada caso é um caso.

Enfim, que os ateus me desculpem, mas a fé me ajuda a viver melhor e menos ansioso. E sei que sem ela, minha prima não estaria de pé e com forças para se tratar. Enquanto isso, exercícios físicos mantém minha mente no agora e a endorfina fluindo. Sabe outra coisa que me auxilia diariamente? Ter adotado animais. Dois gatos e uma cachorra acompanham minha jornada diária em busca da sanidade mental. O gato macho, Yin, está no meu colo enquanto escrevo. A fêmea, Yang, está deitada na cama. A cachorra está destruindo algumas de minhas plantas.

E você? Como lida com a ansiedade? Enquanto você responde vou tentar salvar as plantas.

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