Papo de Talarico: A Dona Preta de Maricá

Num quintal muito especial, plantas e histórias se encontram

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Pôr do Sol em Maricá
Vista do pôr do sol na Lagoa de Araçatiba (foto: Alvaro Tallarico)

Quis o destino, e algumas escolhas, que eu parasse em Maricá e conhecesse a simpaticíssima Dona Preta, lá no bairro de Manoel Ribeiro. Ela faz de seu quintal um santuário de plantas diversas. Suas gaiolas não tem pássaros, mas sim vasos de plantas; pneus viram também moradias de espécimes vegetais, assim como antenas parabólicas.

Dona Preta simpatizou com minha risada e desandou a me presentear. “Olha aqui, meu filho, esse Chifre de Viado, quer? Leva! Aqui essa, Dinheiro em Pencas, dá sorte! Toma! Alho do Mato, dá uma flor linda, leva aqui. E esse Antúrio, gostou? É seu! Renda Portuguesa, olha que essa gosta de sombra e água!”. Ainda fiquei com umas mudas de hortelã que ela arrancou na hora e me deu.

Além disso, a mulher fazia vasos de plantas lindos e estilosos a partir de toalhas, parecem obras de arte. Fiquei maravilhado com as habilidades de Dona Preta, que me mostrou um enfeite que fez de conchas, e um quadro com folhas secas. Em seguida, contou uma história. Um dia, seu marido, que falecera há alguns meses, ligou para ela e disse que havia um casal em sua porta querendo mudas de plantas. Dona Preta não se animou com a ideia a princípio. Afinal, um casal desconhecido aparece do nada e quer levar plantas de seu quintal? Como assim?

Trocas

Levemente contrariada, Dona Preta foi atendê-los. A visitante explicou que sempre passava ali em frente, via a quantidade de plantas e tinha vontade de pedir algumas, contudo faltava-lhe coragem, até aquele dia. Dona Preta sugeriu que ela pegasse as que não tivesse em casa. A moça pegou algumas, mas não muitas. Isso fez nossa heroína refletir. “Ué, se ela pegou tão poucas, deve ter um monte!”.

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A visitante perguntou se Dona Preta não queria ir até a casa dela, que ficava no início de Ponta Negra, para pegar mudas também. Rapidamente ela virou para o marido e questionou se ele ligava de comer ovos fritos naquela noite que iniciava. Ele não se incomodou. Ela então foi tomar um banho rápido, pegou uma daquelas bolsas de mercado bem espaçosa e foi com o casal.

Dona Preta ficou impressionada ao chegar e ver a quantidade de espécies diferentes por lá. Começou a catar várias, a ponto até de, na empolgação, pegar algumas das que tinha acabado de doar. “Essas aí são as minhas, acabei de pegar, Dona Preta!”, disse a moça. Gargalhei.

Sol

Dona Preta me disse que veio embora na van cheia de plantas, feliz da vida. Ela é uma dessas figuras maravilhosas dessa cidade litorânea, pela qual geralmente eu só passava rapidamente. Maricá tem belas ciclovias para facilitar a locomoção de bicicletas, inclusive com pontos onde você pode pegar uma de graça e sair pedalando. Além disso, ônibus gratuitos para a população. Fiquei impressionado.

Na Barra de Maricá, vi o sol descer lindamente enquanto as pessoas faziam seus exercícios e se cumprimentavam. Logo depois, na bonita Lagoa de Araçatiba, tinha uma estrutura montada com várias opções gastronômicas e um show de música ao vivo. Todo mundo cantou o clássico “Andança” junto com o cantor. Comi uma pizza deliciosa enquanto via o visual noturno. Às 22 horas em ponto, a música parou.

Antes disso, mais cedo, uma coruja buraqueira me deu um “oi” enquanto peixinhos saltavam. O hospital municipal da cidade leva o nome do médico argentino Ernesto Che Guevara, é grande e organizado e acaba atendendo também cidades vizinhas como São Gonçalo e Saquarema.

Dona Preta tem a cara de Maricá. Charmosa e simpática.

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19 COMENTÁRIOS

  1. Marica é uma cidade linda e bem cuidada ,sou carioca e conheço Marica a uns 25 anos ,lá é um lugar que vemos o que um prefeito pode é deve fazer pelo povo . Um governo para todos.Parabena ao jornalista que enxergou isso .

  2. Com sorriso estampado em meu rosto venho agradecer por você fazer uma matéria tão linda!
    Pela simplicidade de uma mulher que se orgulha da sua cidade, das suas raízes e da mão boa que abençoa a nossa maricá, plantas enche de vida um lar, Quem conhece a dona preta sabe que ela é exatamente como descreveu….
    Maricá tem muitos lugares maravilhosos eu te convido a conhecer outros bairros de preferência circulando de vermelhinha!
    Gratidão!

  3. Não existe ônibus de graça, Bicicleta de graça, alguém está pagando, acorda. E este papo de hospital com nome de Che Guevara deve ser homenagem as pessoas que ele matou , para fazer de Cuba o que é hoje, você que um Brasil igual a Cuba ??

    • Boa colocação, Sergio! Tudo vem dos impostos! Sobre a homenagem, não sei dizer. Mas a cidade de Maricá está bem agradável 🙂
      Nosso Brasil deve ter um rumo próprio, sem se espelhar em nenhum país estrangeiro.
      Gratidão pelo seu comentário!

    • Margareth, primeiramente, gratidão pelo seu comentário. Ernesto Che Guevara, segundo registros, recebeu seu diploma de medicina em junho de 1953. Mas ele só foi citado na crônica porque o hospital municipal de Maricá leva o nome dele.
      Mais uma vez, agradeço pelo comentário! Tudo de bom pra ti!

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