Par de tigelas em porcelana com lance mínimo de 50 reais é vendido por mais de 300 mil em leilão no Leme

Valor que os itens foram arrematados chamou bastante atenção; leiloeira diz que peças são de antiga dinastia chinesa do século XIX

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Imagine comprar duas singelas tigelas dessas que, aparentemente, a gente vê em na casa de qualquer vovó de classe média carioca, pela bagatela de R$ 310 mil? Pois um leilão organizado por uma casa de leilões no Leme, na Zona Sul do Rio, teve dois bowls em porcelana arrematados por esta quantia surpreendente, e isso depois de ter o valor de apenas R$ 50 estabelecido para o lance inicial pela casa de leilões.

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Par de tigelas vendido por R$ 310 mil (Imagem: Reprodução Andréia Diniz)

As peças são chinesas, e podem essa fortuna por conta do valor histórico que cada uma delas possui. Segundo a leiloeira Andréa Diniz, que administra a casa de leilões onde as peças foram vendidas, ambas são datados do século XIX, da dinastia Qing (período do imperador Daoguang, de 1821-1850), a última era da China Imperial, e esta seria uma das justificativas para o valor, que pode parecer exorbitante a um leigo. Estas peças são chamadas por muitos de “Companhia das Índias”, em referência à louça chinesa de exportação trazida ao ocidente pela companhia ancestral, considerada a primeira grande corporação globalista da História.

Mesmo assim, a diferença de valor entre o que os objetos valiam incialmente no portal da casa de leilões, e o valor final por quanto acabaram sendo adquiridos, chamam a atenção. Ainda mais se tratando de duas tigelas, que medem 6,5 por 15 cm, e com uma estampa discreta de borboleta e flores. Segundo um antiquário carioca consultado pelo DIÁRIO, “o lance inicial baixo demonstra a princípio que a Casa de Leilões não fez uma avaliação correta das peças. Ou seja, os que lançaram tão acima do valor inicial possivelmente sabiam mais que o organizador”

Andréa, contudo, explica que o lance inicial para os artefatos em um leilão por ela organizado são definidos quase que “aleatoriamente“. Ela conta que alguns valores mais altos das vendas costumam surpreender, enquanto que utensílios raros, que parecem mais caros, acabam saindo por preços menores.

Sem entrar em detalhes, ela ainda revela que os bowls foram arrematados por um grupo chinês que pretende expor os itens em um museu que será reaberto no país asiático. As peças serão transportadas para China, em um processo totalmente legalizado, segundo garantiu a leiloeira.

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De acordo com a especialista, que realiza a compra e venda de objetos de arte, muitos desses itens acabam vindo parar no nosso país em função do fluxo migratório de chineses para o Brasil. Além disso, famílias de diplomatas, historiadores, viajantes frequentes, entre outros que viajam pelo mundo acabam comprando peças raras e, em alguns casos, não conhecem o valor financeiro que o utensílio carrega.

Há algum tempo o DIÁRIO fez uma matéria, muito lida, sobre a venda de parte de um conjunto de jantar em porcelana da Companhia das Índias, cujo lance inicial era de 400 mil reais. No caso, tratavam-se de 73 peças do Serviço dos Pavões, jogo de jantar de cotação internacional, produzido na China por volta de 1760, no reinado do Imperador chinês Qianlong, para uso da família real portuguesa e de padres jesuítas. Este serviço é colecionado mundialmente, e é conhecido como Serviço de Dom João VI. Não se sabe por quanto saíram as peças, mas não é raro, segundo especialistas, conjuntos como este atingirem cifras milionárias nos leilões mais gabaritados de Rio e São Paulo. Recentemente, o livro chamado “A Mesa do Rei” foi lançado pelo especialista André Luiz Rigo, tratando destas importantes peças de porcelana.

Todavia, a venda de um par de pequenas tigelas por valores tão vultosos ainda é incomum em terras tupiniquins e gera mesmo grande burburinho. Em Leilões internacionais, porém, não é tão incomum. Em 2017, um prato da dinastia Zhou foi leiloado na China por 27 milhões de dólares. Vendas em cifras como a brasileira são bem comuns também em Londres, Paris, Estocolmo ou Nova York.

Segundo especialistas, as tigelinhas de 310 mil podem acabar sendo novamente leiloadas na China por valor muito superior, para só depois encontrarem seu destino final. Um antiquário de São Paulo, especializado em porcelanas históricas, disse à reportagem que tem se tornado relativamente comum a compra, por chineses, de peças que têm grande valor para a cultura chinesa em países fora do chamado Circuito Elizabeth Arden, principalmente na América Latina. Mas os chineses não costumam interessar-se pela chamada porcelana chinesa de exportação (caso por exemplo do acima citado Serviço dos Pavões) e sim pela porcelana que foi produzida para seu próprio mercado nacional, sem influência européia.

Olho nos pires e tigelinhas da vovó, pessoal!

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1 COMENTÁRIO

  1. Tem gente com dinheiro de sobra…

    É urgente a taxação extra sobre fortunas.
    Por que o imposto sobre fortunas previsto na Constituição não é implementado?

    E por que o imposto sobre heranças ser tão baixo no Brasil (limitado a 8,5% que o estado pode cobrar) enquanto no exterior, inclusive EUA, e europeus é de aproximadamente 20% a 30%, sendo na Alemanha e no Japão até 50%???

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