
Em Outubro de 2023, a Prefeitura do Rio publicou que iria tomar atitude contra proprietários de cerca de 160 imóveis abandonados no Centro do Rio de Janeiro. Desde então, informações dão conta de que alguns processos teriam sido iniciados, mas ainda não se viu resultados. Somam-se a estes 160 imóveis abandonados da lista preparada pelo subprefeito Alberto Szafran, mais 60 imóveis invadidos criminosamente pelas gangues especializadas e arruinados por elas diuturnamente. Temos reportado aqui no DIÁRIO a situação – totalmente ignorada pelas autoridades – de certos trechos do Centro, onde diversos imóveis vêm sofrendo invasões por estes invasores profissionais que se especializaram em arrombar, criminosamente, sobrados e até edifícios inteiros, mudando-se inicialmente de mala e cuia para eles, e depois transformando-os muitas vezes em rentáveis negócios ilegais, que acabam levando os prédios – muitas vezes tombados ou históricos – à ruína completa. O fato se repetiu na última semana, quando um belíssimo sobradão de fachada oitocentista, azulejada, na rua Visconde do Rio Branco, desabou após anos de uma ocupação completamente predatória. Mesmo com sua estrutura de madeira, um estacionamento ilegal – mas que tinha uma enorme faixa ‘ESTACIONE AQUI’ há mais de 3 anos no local – ocupava o prédio junto com uma fábrica de camisetas falsificadas.
A lista de prédios criminosamente esbulhados pelas gangues de invasores de imóveis do Centro da Cidade, só aumenta, e em proporção geométrica. A famosa ocupação como depósitos de camelôs ilegais – que vendem ali o que foi roubado mais adiante – ou de mercadoria falsa, contrafeita, ou comida preparada sabe-se-lá em que condições – é apenas uma das várias formas de se destruir imóveis no Centro. Os ferros velhos ilegais ou mesmo o armazenamento de peças e metais roubados durante a semana, até que algum caminhão os recolha é outra forma predatória de ocupar estes imóveis, sem contar o tráfico de entorpecentes, a criação irregular de animais, ou a moradia, sem condições mínimas de salubridade, de pessoas em situação de vulnerabilidade normalmente exploradas por alguma agremiação política.
“Existe uma lenda de que temos fiscalização do Corpo de Bombeiros no Centro, mas a verdade é que já foi noticiado mais de uma vez que o edifício inteiro, de 10 andares, na Rua Gonçalves Dias 82, sobrevive em meio a gambiarras e mercadorias de camelôs, com fios pendurados e gato de luz, sem sequer uma única inspeção de autoridade alguma”, dispara Wilton Alves, que trabalha para uma administradora que cuida de milhares de imóveis no Centro. Segundo informações do Conselho de Renovação do Centro da Cidade, se encontram invadidos e utilizados seja para atividades criminosas ou sem a menor condição de habitabilidade ou com severos riscos de incêndio ou desabamento os seguintes imóveis:
Rua do Acre, 44
Beco do Bragança, 14
Rua da Carioca, 45 e 70
Rua Carlos Sampaio, 12, 18 e 21
Ladeira do Castro, 71
Praça da Cruz Vermelha, 3, 42
Rua Frei Caneca, 6, 36 e 48, 51 e 92
Rua Gomes Freire, 745
Rua Henrique Valadares, 158
Rua do Lavradio, 122
Rua Marechal Floriano, 5
Rua Mem de Sá, 17, 100, 208, 210, 236, 238, 240, 261, 288, 289, 291
Rua Miguel Couto, 115
Rua do Resende, 141
Rua do Riachuelo, 13, 17, 21, 22, 24, 26, 340
Rua do Rosário, 158
Rua do Senado, 202, 218, 287
Rua Sete de Setembro, 174, 194, 223, 233
Rua do Teatro, 37
Rua Teófilo Ottoni, 90, 92, 97, 98, 100 e 106
Rua Vinte de Abril, 24, 27
Rua Visconde de Inhaúma, 105, 109 e 111
Rua Washington Luiz, 128
Curiosamente, embora haja interesse das construtoras em edificar na região da Visconde de Inhaúma, onde na altura do número 105 existe uma gama de sobrados dos anos 20 e 30 que não tem grandes características arquitetônicas, existe uma APAC que proíbe a edificação de prédios com mais de 3 andares, o que vem transformando aquela micro região num grande deserto tomado pelas gangues de invasores a imóveis.
A rua Gustavo de Lacerda e a rua Leandro Martins chegam a ter, segundo fontes do DIÁRIO, maior parte de seus imóveis invadidos. O descaso com que os criminosos tratam os prédios invadidos é emblema do que lhes move. Destroem suas fachadas, arrebentam seus afrescos, picham e pintam indiscriminadamente, sem qualquer tipo de intervenção das autoridades do patrimônio cultural, as mesmas autoridades que transformam em um inferno a vida do proprietário formal de imóveis históricos. Se o proprietário formal não pode, por exemplo, colocar um letreiro na fachada do imóvel histórico (tem que pôr no vão acima da porta), esses invasores podem pintar o prédio inteiro com letras garrafais e cores duvidosas, sem que nada ocorra. A lei não vale pra todos?
Logo ao final da pandemia, a rua Teófilo Otoni ganhou o apelido de “rua da invasão”. Mas agora parece que a rua da Invasão vai virar um bairro.
O Centro do Rio tem ainda, além dos prédios criminosamente invadidos e dos que aparentam estar abandonados, aqueles imóveis administrados de forma medíocre por entidades que demonstram ter o toque de Midas ao contrário, como a UFRJ, que é proprietária de uma ruína na Praça Tiradentes que pode desabar a qualquer momento, integrando o histórico destruidor de imóveis daquela universidade. Célebre também é o caso da Ordem Terceira do Carmo, irmandade que acaba de receber um extenso prazo de NOVE ANOS para fazer obras na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, do século XVIII, que, segundo o próprio Iphan – mesmo órgão que quer esperar uma década para ver as obras feitas – corre risco de incêndio, tem fissuras na sua estrutura e está infestada de cupins. Segundo um engenheiro consultado pelo DIÁRIO especializado em patrimônio, não é todo bem com risco de incêndio, cupins e problemas estruturais que pode esperar 9 anos por obras. “Devem estar contando com um milagre de Nossa Senhora do Carmo“, brinca.
Procuramos ouvir as autoridades. A Secretaria de Ordem Pública foi lacônica numa nota que nos enviou numa outra matéria sobre as sucessivas invasões que tem ocorrido na cidade, querendo transparecer que faz seu trabalho, mas que sai prejudicada pela leniência das autoridades: A SEOP disse que “atua em situações de flagrante, como ocorreu no último dia 17, em Botafogo, quando os agentes flagraram e conduziram para a delegacia três pessoas em situação de rua que haviam invadido um terreno. Nenhum deles ficou preso.” Da mesma maneira em que apreendeu garrafas de vidro sendo ilegalmente vendidas no entorno do Maracanã, e a magistrada Isabelle da Silva Scisinio Dias determinou a devolução imediata das mercadorias apreendidas ao ambulante clandestino. Da próxima vez em que alguém for atacado com cacos de vidro numa briga de torcida no entorno de um estádio, talvez seja momento de se lembrar da juíza e seu grande coração.
Rua sara n 18 santo cristo ta a muito tempo virou banguça tudo que errado nesse predio 5 andar
Mas eu e muitas outras pessoas viram, fiz cópia antes de reclamar e realmente vocês apagaram o número. Por isso que não aparece agora!
Favor verificarem melhor a vossa fonte de informação antes de publicar e citar imóvel que não tem nada a ver com a reportagem.
Prezados, como proprietário de um imóvel relacionado na reportagem venho pedir que retifiquem e excluam ele da lista por vós apresentada.
Sou proprietário do imóvel da Rua Vinte de Abril, 31 há cerca de 20 anos e meu imóvel está devidamente alugado e sem nenhum risco de desabar, com toda a documentação em dia perante a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Jamais foi invadido ou abandonado como a reportagem citou.
Não vi este número na reportagem.
Mas eu e muitas outras pessoas viram, fiz cópia antes de reclamar e realmente vocês apagaram o número. Por isso que não aparece agora!
Favor verificarem melhor a vossa fonte de informação antes de publicar e citar imóvel que não tem nada a ver com a reportagem.
O Choque De Ordem que o Eduardo Paes está implementando na cidade poderia passar por essa questão dos imóveis invadidos.
Embora isso seja uma questão de segurança pública, de responsabilidade do Estado, o prefeito também poderia fazer algo.
O imóvel da rua Riachuelo 48, pertencente ao INSS, também está invadido. Estão fazendo varias obras internas e não se sabe se tem engenheiro responsável . Qualquer hora aquilo desmorona botando em risco os prédios vizinhos.